Paixão Alternativa

João Barone relembra a Segunda Guerra em documentário na TV paga

Carlos Sartori

Ao lado de veterano, Barone (à dir.) revisita cenário do conflito
Ao lado de veterano, Barone (à dir.) revisita cenário do conflito - ARQUIVO PESSOAL

O pai do baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone, gostava de tocar violão, mas trocou o instrumento por um fuzil para lutar na Segunda Guerra Mundial. João Barone sênior era um dos 25 mil “pracinhas” da Força Expedicionária Brasileira que foram para a guerra. “Esse assunto foi muito presente na minha história familiar”, relembra o músico. “Ele não era um militar. Ele era reservista, foi convocado e teve que ir pra guerra na Itália.” O passado do pai, que não sofreu nenhum arranhão no conflito – “graças a Deus”, vibra Barone –, despertou no filho a paixão pelo tema. “Ele era muito reservado. Nós, os filhos, queríamos saber se ele tinha matado alguém. Se esteve em alguma situação limítrofe entre a vida e a morte. Ele nunca falou, não via glamour na guerra, não agia como um herói de Hollywood”, explica. Esse interesse juvenil se diluiu quando uma banda de rock cruzou o caminho do artista. “Eu gostava de filme de guerra, brincava de soldado como na música do Legião Urbana [risos], mas fui salvo pelos Beatles.” Porém, a identificação permanece e gera agora o terceiro documentário do artista sobre o assunto, baseado no segundo livro dele, 1942 – O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida. A produção foi dividida em quatro partes, disponíveis on demand no canal Philos. A narrativa é intercalada por depoimentos de ex-combatentes e historiadores. O músico garimpou imagens de arquivo e gravou na Itália, nos mesmos cenários desbravados pelas tropas nacionais. “O Brasil foi a única tropa que conseguiu render uma divisão alemã inteira”, Barone celebra. “Acompanhei o retorno desses pracinhas, já com mais de 90 anos, ao local do conflito, pela primeira vez desde o fim da guerra. Eles foram homenageados pela população local.”