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Palavras Cantadas

Bárbara Eugênia se divide entre as frases escritas e as musicadas

Por Pedro Henrique Araújo Publicado em 15/12/2010, às 15h40

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Bárbara não tem medo de revelar as influências, mesmo as pessoais - DIVULGAÇÃO
Bárbara não tem medo de revelar as influências, mesmo as pessoais - DIVULGAÇÃO

Ela fuma cigarro Marlboro vermelho, tem um olhar extremamente sedutor e uma pinta estrategicamente posicionada na bochecha direita. Carioca que só conseguiu integrar a cena musical em São Paulo, tem um "r" bastante arrastado, talvez por influência dos músicos cearenses Junior Boca e Dustan Gallas, fundamentais para a realização do primeiro, e bem executado, disco de sua carreira, Journal de BAD. "Sem os dois, o CD simplesmente não aconteceria", afirma Bárbara Eugênia. A cantora assume o ecletismo sem medo de citar suas influências. "O que eu mais ouvi na vida foram Beatles e Elis Regina, porque era o que minha mãe mais amava." E, somando a tudo isso altas doses de Radiohead, Pink Floyd, Led Zeppelin e Cidadão Instigado, chega-se ao complexo e intenso som da cantora. Os casos amorosos de sua vida pessoal também influenciaram, e ela não os esconde. O primeiro namorado foi responsável por presenteá-la com um violão. "Tinha um Jimi Hendrix desenhado no corpo, era lindo", recorda, em tom nostálgico.

Bárbara fez sua estreia nos palcos cantando músicas da roqueira indie PJ Harvey, mas a parceria com a banda que a acompanhava nessa época não durou muito tempo. Ela logo se mudou para São Paulo, em 2005, e, um ano depois, fez uma música para a trilha sonora do longa-metragem O Cheiro do Ralo, do diretor Heitor Dhalia, a pedido do produtor Apollo Nove. "Ele falou que a música precisava ser cantada em francês, então pegamos uns poemas do Baudelaire, eu inventei mais umas frases e gravamos. Depois, mandei para o meu pai, que é tradutor de francês, e ele disse que estava certinho", explica, sobre o processo de composição. Uma pequena barreira então surgiu no caminho da artista: ela enfrentou um cisto nas cordas vocais, que a deixou afônica por cerca de seis meses. Após uma bem-sucedida cirurgia (e parcialmente recuperada), foi indicada para fazer um tributo a Serge Gainsbourg com Edgard Scandurra. "Eu tinha operado havia apenas três semanas, mas, como era um esquema só voz e violão, até rolou." Ela também acabou em Confraria das Sedutoras, disco do 3 na Massa, grupo formado por Pupillo e Dengue, da Nação Zumbi, em parceria com Rica Amabis, do Instituto. "Eles me falavam: 'Você já está cantando uma música que tem uma letra super sexual e sensual, quanto mais na miúda você interpretar melhor, senão fica vulgar'. Se eu ficasse cantando toda me rebolando não ia ser legal. Até porque eu não sou assim." Sua participação no projeto resultou em uma maior visibilidade e um novo namorado, Amabis, que produziu uma das faixas de Journal de BAD. Bárbara seguiu o ofício do pai dela, e ainda tem como fonte de renda a tradução de livros escritos em inglês e espanhol. Com a boa estreia musical, a tendência deve ser trocar a palavra escrita pela cantada.