Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Paulo Vilhena

Ator fala do prazer no esporte e do peso de viver um personagem com esquizofrenia

Stella Rodrigues Publicado em 14/10/2014, às 14h37 - Atualizado em 17/10/2014, às 11h09

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>Equilibrado</b><br>
Vilhena descansa da novela com o surfe. - Yuri Sardenberg/ABÁ MGT
<b>Equilibrado</b><br> Vilhena descansa da novela com o surfe. - Yuri Sardenberg/ABÁ MGT

Em império, Paulo Vilhena vive o pintor esquizofrênico Domingos Salvador, que foi tão bem recebido pelo público que acabou ganhando mais espaço na novela. Mergulhado em pesquisa sobre transtornos mentais por causa do trabalho, o ator mantém a sanidade fora das telas investindo na paixão pelo surfe de maneira compulsiva, enquanto revela o lado obsessivo na hora de ouvir música.

Quanto de conhecimento a respeito da esquizofrenia você tinha antes do Salvador?

Não sabia o que era realmente a doença, não conhecia a patologia em si, as reações, os níveis, onde pode começar e até aonde pode chegar. Esse estudo mais a fundo é muito recente.

Você sente uma cobrança para ser muito fiel na forma de retratar os sintomas, por ser uma questão delicada?

Existe a necessidade desse cuidado, é uma questão social, de saúde pública. Claro que não podemos ser levianos ou ridicularizar as pessoas ou a doença, mas tem uma liberdade pela licença poética, estamos falando de uma obra fictícia.

E a pintura? Até o fim da novela veremos um quadro original de Paulo Vilhena no ar?

[Risos] Acho pouco provável. Tenho pouco talento para pintura. Gosto muito do surrealismo e do expressionismo, mas alguns artistas com quem conversei me contaram que a grande busca deles é voltar àquela origem dos primeiros traços, nos quais não existe muita técnica. É como se fosse uma coisa genuína, mais pura, igual a quando uma criança começa a pintar. Os artistas plásticos tentam buscar isso durante toda a trajetória, é quando você coloca a alma, a tristeza, as dores, a alegria [nas obras].

Com a correria da novela, tem dado tempo de surfar?

Tenho sempre pranchas no carro, estão sempre lá com uma bermuda e uma roupa de borracha. Eu inevitavelmente vou dar um jeito de surfar. É prazeroso ficar em pé na prancha, fazer uma manobra, me traz a coisa da conquista, de me aprimorar.

Tem acompanhado os campeonatos, os nomes que estão despontando?

Acompanho! Tive o prazer de conhecer toda essa molecada, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Alejo Muniz. É uma honra para o Brasil tê-los nos representando, estamos em um nível diferenciado.

Por praticar o esporte, sempre o associam ao que chamam de “música de surfista”, na linha Jack Johnson. É o que você curte mesmo?

Ouço de tudo! Do jazz ao forró, hardcore, rap. Sou daqueles que colocam o CD e deixo lá ate furar [risos]! Vou ouvindo e me atento à letra, depois aos instrumentos, fico mergulhando no disco.

Você toca alguma coisa?

Tenho esse projeto há cinco anos [risos]. Queria aprender violão, guitarra, algum instrumento de corda.

Como galã, você é sempre fotografado. A privacidade – algo que ficou mais em voga ainda após o vazamento de fotos íntimas de atrizes internacionais – é uma questão para você? Porque, com essa história, se mostrou uma questão para todo mundo, com muita gente argumentando: “Quem mandou serem famosas?”

Isso é quase uma infantilidade! É como se as pessoas não se interessassem de fato e não percebessem como aquilo pode afetar alguém. É um comentário muito leviano, sem respeito ou critério. Não estamos falando de dez ou 12 atrizes, estamos falando da vida de cada um. E acontece com os outros também. Teve o caso da menina novinha que o namorado vazou o vídeo, a família ficou destruída. Deveria existir, senão um pouco mais de preocupação, pelo menos respeito.

Você sempre trabalhou na Globo, uma emissora que, por ser líder de audiência, é referência do que é feito na TV brasileira. E sempre apanha da crítica. Acha que a TV brasileira e a Globo são mesmo tão conservadoras? Ou o Brasil é conservador?

Enquanto o Brasil continuar não apenas conservador mas hipócrita, isso vai influenciar em tudo na sociedade. Tem exemplos claros. As novelas têm falado muito sobre homossexualidade. Tenho uma sobrinha homossexual e eu lido de uma maneira. Não sei como a família do vizinho lidaria. Cada um tem sua educação e valores, não tem como falar que é algo simples no Brasil, um país enorme. Temos uma sociedade toda segmentada: uma parte aceita, outra diz que aceita, outra não aceita. E isso reflete na TV, que é feita para todo esse público. Afinal de contas, é uma empresa que trabalha para esse público. Somos todos clientes da Globo, é uma empresa que lida com clientes.