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Pedra Fundamental

Cinquenta anos após seu lançamento, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band ainda é o nº 1

Paulo Cavalcanti Publicado em 21/06/2017, às 18h24 - Atualizado às 18h26

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<B>Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band</B< - Reprodução
<B>Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band</B< - Reprodução

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band permanece, intocável, como o maior disco de todos os tempos – inclusive na lista de 500 melhores álbuns compilada pela Rolling Stone. Foi um divisor de águas não apenas na carreira dos Beatles mas também dentro da cultura pop ocidental. Assim como a primeira vez que o homem pisou na Lua marcou a linha do tempo da história da humanidade, a imagem da capa e a chegada daquelas canções às rádios mudaram a produção e a percepção a respeito dos limites da música feita para as massas.

Filhos das primeiras gerações do rock, os Beatles colocaram um pouco de tudo que era feito no gênero em seus primeiros discos: o rockabilly, a Motown e o som dos grupos de garotas. A amálgama sonora os levou a um tipo de estrelato até então desconhecido no mercado musical. Mas sete discos e milhões de cópias vendidas mais tarde os rapazes se viram fartos dos mecanismos que os haviam levado à fama mundial. Sentiam que não tinham mais o que conquistar.

Parar de se apresentar ao vivo foi o primeiro passo para a mudança. Eram jovens adultos que deixaram a novidade do sucesso para trás; começaram a se interessar por misticismo oriental e passaram a usar drogas psicodélicas em busca de novos caminhos mentais e mais criatividade. A chave da equação, porém, é que eles queriam voltar às raízes inglesas.

Ray Davies, do The Kinks, já havia aberto o caminho para essas explorações britânicas, e os Beatles, instintivamente, seguiram o rumo. Nas sessões para o disco que se tornaria Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, gravaram “Strawberry Fields Forever” e “Penny Lane”, crônicas sobre as experiências deles como habitantes de Liverpool. O compacto lançado com as canções continha duas visões diferentes, mas complementares e essenciais para o que viria a ser o novo álbum: a primeira delas, escrita por John Lennon, era sinistra e enigmática; a segunda, de Paul McCartney, soava ensolarada e otimista. Deu tão certo que a banda resolveu expandir o conceito para um disco cheio.

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, lançado em 1º de junho de 1967, pode ser definido como um espetáculo de cabaré vitoriano e roqueiro filtrado por uma viagem de LSD pela Swinging London. Nele, o quarteto de Liverpool se despiu de todas as influências de blues, soul e country music, substituindo-as por som do tempo do vaudeville, instrumentos hindus, quarteto de cordas e flertes com a música concreta de Karlheinz Stockhausen.

O manifesto psicodélico dos Beatles foi lançado em meio ao Verão do Amor. Sgt. Pepper’s parecia unificar todas as tribos que rejeitavam um mundo velho e em preto e branco. O álbum refletia um novo estado de espírito, quando a juventude buscava um caminho alternativo ao imposto pela sociedade (trabalhar, servir e não questionar o sistema, constituir família, envelhecer calmamente e morrer como “cidadão de bem”).

Philip Norman, jornalista e biógrafo autor de diversas obras envolvendo os Beatles, tem uma explicação pessoal para o lugar ocupado por Sgt. Pepper’s. “Acho que as pessoas ainda cultuam esse álbum porque se sentem atraídas por toda aquela mística charmosa dos anos 1960. E isso ele tem de sobra”, afirma. O fato é que dificilmente um disco tirará de Sgt. Pepper’s o posto de mais importante registro fonográfico já feito.