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Pele de Diva

Os vários humores de Nicki Minaj, um dos maiores nomes do rap na atualidade

Jonah Weiner Publicado em 10/03/2015, às 17h20 - Atualizado às 17h30

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Pele de Diva - Terry Richardson
Pele de Diva - Terry Richardson

Este quarto é mais legal que o meu”, reclama Nicki Minaj. Em um hotel de luxo de Long Island, ela entra na suíte 402 com os pés sobre botas Miu Miu cravejadas de cristais, acompanhada pelo guarda-costas dela, Billy. Nicki examina a sala, dá uma olhada no quarto e absorve a vista para o mar com ar de aprovação. “Prefiro esta disposição”, diz. “Quero este quarto em vez do meu.” O assistente Ryan, que cuida do dia a dia da rapper com esmero, havia reservado outro quarto para ela e deixado o 402 como escritório temporário, mas faz a troca sem questionar. Ele está aqui há mais ou menos uma hora, repassando mentalmente uma tabela com as preferências da chefa: as rosas frescas que a alegram; a travessa de frutas para o caso de ela ficar com vontade de beliscar; as velas perfumadas que ela aprecia.

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“Temos uma lista de exigências que mandamos para os hotéis, com todas as coisas que ela gosta de ter quando chega.” Para Nicki – um dos maiores talentos do hip-hop atualmente, que conseguiu se transformar com sucesso em estrela pop –, tarefas cotidianas exigem muito mais planejamento logístico do que se pode imaginar: “Conseguir fazer com que ela entre em um carro? É um filme”, Ryan conta. A cantora entregou a versão final do terceiro álbum, The Pinkprint, no dia anterior, mas ainda há muito a fazer. “Gravamos um filminho de 15 minutos que vai entrar na versão do iTunes”, diz Nicki, batendo no teclado de seu computador. A versão final tinha que ser enviada à Apple naquela noite. “Faço tudo pessoalmente.

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Quando chega na hora dos retoques e da correção de cores, essas são as coisinhas que podem se transformar em coisas enormes se não forem feitas do jeito certo, então supervisiono também. Economizaria um tempão se não me importasse com isso, mas me importo.” Uma garota de classe trabalhadora do Queens, Nicki descreve o estrelato como um ótimo emprego, mas com horários brutais e uma chefia implacável: ela mesma. “Dormi no estúdio no Dia de Ação de Graças”, relembra. A rapper estava em Los Angeles com a tarefa de “apenas aprovar mixes, mas havia quatro ou cinco músicas com um verso, palavra ou até um tom que quis mudar.” “Se o tom que eu uso não combina com a batida, fico incomodada”,explica, de maneira autoritária.

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Nicki tem seguido esse ritmo de fazer tudo ao mesmo tempo desde que começou no underground da cena de rap de Nova York. Ela era capaz de rimar com dureza, provando que sabia se impor em um “clube do Bolinha”, mas exibia um estilo mais idiossincrático. Em uma de suas primeiras faixas, ela assumia a voz de uma madame de bordel; em outra, cantava as virtudes da própria vagina ao ritmo do tema de Batman. Apesar de posteriormente ter lançado singles pop como “Starships”, Nicki conseguiu preservar o espírito de plasticidade delirante em sua música. As participações especiais épicas – sendo a mais famosa em “Monster” (2010), de Kanye West – fizeram com que ela se transformasse na maior rapper mulher do planeta.

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Mesmo com todo esse poder, ainda faltava fazer um álbum completo e conciso. Uma das grandes questões que pesaram sobre The Pinkprint – cujo título alude ao histórico The Blueprint (2001), de Jay Z – é se ela seria capaz de conceber um disco de peso. A confecção do álbum não foi fácil, em grande parte porque aconteceu durante a dissolução do relacionamento de 11 anos com um homem que ela amava desde antes da fama. Ao confrontar a solteirice pela primeira vez em mais de uma década, Nicki ficou desorientada. “Tive que aprender a fazer algo tão fácil quanto dormir sozinha”, revela. “Apesar de tudo que conquistei, não sabia como fazer isso.” Em momentos mais sombrios, a depressão substituiu a desorientação.

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Um vestígio disso pode estar representado nas referências frequentes a remédios que a artista faz em The Pinkprint. Em 2014, Nicki teve uma experiência aterrorizante. “Coloquei algo no meu corpo que não deveria”, afirma. Ela quis chamar uma ambulância, mas temeu que o episódio fosse parar no TMZ. Brinco a respeito de ela poder ter exagerado no LSD. “Foi uma maluquice assim”, responde. Uma bad trip? “Não posso dizer que tenha sido isso”, desconversa. “Sou uma mulher de negócios, tenho colaboradores demais para sair fazendo piada com essa merda.”

Ela acabou chamando a ambulância sem grandes consequências, mas o maior obstáculo – como administrar um turbilhão pessoal sob os olhos do público? – ficou na cabeça dela enquanto gravava o disco. “Questionei: ‘Será que expresso esses sentimentos?’ Concluí que não há por que esconder.” Por um momento, Nicki baixa a guarda. “Sou uma mulher vulnerável e tenho orgulho disso.”