Peter Frampton fala sobre o disco novo, a visita ao Brasil e a ilustre carreira
Ele já foi um dos maiores ídolos do planeta. Todas as adolescentes tinham um pôster dele em seu armário. Mas isso foi há muito tempo, quando Peter Frampton ainda possuía esvoaçantes madeixas loiras e surfava alto nas paradas com o milionário álbum duplo ao vivo Frampton Comes Alive (1976). Com o recém-lançado álbum, Thank You Mr. Churchill, na bagagem, o cantor e guitarrista vem este mês ao Brasil para cinco shows em que promete recordar os velhos hits.
Como surgiu a inspiração para o novo CD?
Várias canções do disco têm um mote autobiográfico. Fiz 60 anos em abril. Há um bom tempo vinha pensando em repassar o período que marcou minha juventude. Comecei a pensar no meu pai, que lutou na Guerra. Pensei também em Winston Churchill, que levou o país à vitória. Eu cresci sob a sombra da Segunda Guerra Mundial. Eram tempos duros, a economia estava se recuperando, havia racionamento e tudo mais.
Como foi a participação de seu filho em "Road to the Sun"?
Tenho quatro filhos e Julian vem demonstrando talento musical, mas nunca forçou a barra para virar artista. A participação dele não foi planejada. É que boa parte do disco foi gravada em minha casa e um dia, quando estávamos fazendo uma jam, Chris Kimsey, o produtor, ouviu e gostou.
Faz tempo que você não toca no Brasil. Como será o show?
Meus shows dependem do lugar, nunca são os mesmos. Mas, como eu não visito o Brasil há um bom tempo, ele deve ser mais extenso. Ninguém precisa ficar preocupado, vai ter muita coisa do Frampton Comes Alive. Fora isso, vai ter algumas instrumentais, uma ou outra do novo disco e talvez algum cover dos Beatles.
Você acabou ficando amigo do pessoal do Pearl Jam?
Encontrei com a banda pela primeira vez em 2004. Era um show político e eles foram muito simpáticos. Fiquei surpreso que conheciam muitas coisas antigas minhas. Nos encontramos novamente em um show meu em Seattle e a amizade começou. Em 2006, convidei o Mike McCready [guitarrista] e o Matt Cameron [baterista] para tocar na faixa "Black Hole Sun", do Soundgarden, no meu álbum instrumental Fingerprints. O Matt também toca em meu novo disco.
Frampton Comes Alive foi um dos discos que mais venderam na história. Superar isso foi um empecilho em sua carreira?
Ele vai ser meu epitáfio. Mas foi apenas uma parte de uma longa carreira que tomou direções variadas, nem sempre boas, mas sempre diferentes. Fico contente que tenha gente nova descobrindo minha música ou então quando a indústria me trata como um músico sério. Eu acho que estou mais centrado nos últimos tempos. Não preciso mais ter um disco "arrasa-quarteirão" em meu colo. Mas, como músico e artista, eu me sinto mais produtivo e à vontade.
Como foi participar dos desenhos animados Os Simpsons e Family Guy?
Ah, foi demais! Virar desenho animado é a maior massagem no ego que um artista pode ter. Finalmente os meus filhos acharam que o pai deles era um cara cool!