7 PERGUNTAS – Volta ao Trabalho
Rita Lee fala sobre os dois álbuns que pretende lançar ainda em 2011
Patrícia Colombo
Longe das prateleiras de inéditas desde 2003, quando mandou Balacobaco às lojas, Rita Lee decidiu soltar a voz na elaboração de dois discos de uma vez: um dedicado a versões bossa-nova para canções do cinema (intitulado Bossa ‘n’ Movies) e outro autoral, com um pé na Tropicália (o título ainda será definido, mas as opções são Macumbinha e Zzyzx). As gravações tiveram início no começo do ano, no estúdio caseiro de Rita, na Granja Viana, em São Paulo – experiência caracterizada por ela como “uma delícia”. Na “garajona velha e cheia de graxa”, os dois trabalhos seguem em processo de elaboração, com previsão de lançamento para este semestre.
Como surgiu a ideia do Bossa ‘n’ Movies?
Essa coisa do “bossa and…” dá muito pano pra manga. E eu gosto mais de cinema do que de música. É algo difícil de garimpar, mas estamos conseguindo. Paramos o Bossa ‘n’ Movies para fazer o de inéditas, mas, entre as músicas, temos versões para “Nel Blu Dipinto di Blu (Volare)”, “As Time Goes By” e “Hi Lily, Hi Lo”.
O último álbum em estúdio foi Balacobaco, de 2003. Sentia falta de gravar?
Não, estava numa preguiça… Mas, de repente, bateu aquela coisa e o Bossa ‘n’ Movies nos puxou. Mas nunca deixamos de compor nestes anos todos.
Você tem duas opções de nome para o novo disco autoral: Macumbinha ou Zzyzx. Por quê?
Zzyzx é uma estrada no deserto de Mojave que existe, mas que aparece e desaparece. E eu adorei esse nome porque é forte e não tem nenhuma vogal, me encantei pelo som e pela história. Mas eu acho que esse disco tem um quê de Tropicalismo, então tem mais a cara de Macumbinha. Mas ainda não decidi.
“Pistis Sophia” saiu na coletânea sobre a Tropicália, Red Hot + Rio 2. As canções de Macumbinha (ou Zzyzx) seguirão esse estilo?
Em termos de ousadia e loucura, acredito que sim. Essa versão de “Pistis Sophia” que está rolando [na internet, na época da entrevista] não está mixada. Então, a que entrará no álbum é mais diferente.
O disco conta com a produção de Apollo Nove, correto?
Sim, tivemos a colaboração dele, que é uma pessoa muito sem ego de produtor. Já fui a reuniões com produtores e eles tinham o disco da Björk como referência. E o Apollo não é assim, é o contrário. Entra na brincadeira, dá palpites ótimos, se você não aceitar, tranquilo.
Acha que esse trabalho será um resgate das suas origens musicais?
Usamos instrumentos antigos que estavam empoeirados – o minimoog, que eu tenho desde os tempos de Mutantes, harpa, bateria korg. Apollo adora vintage e ele foi responsável por buscarmos isso. Mas, na verdade, não acho [um resgate às origens]. A máquina do tempo dele é para a frente. Posso ter brincado com o tropicalismo e com a instrumentária, mas este disco será bem diferente. Mais tosquinho, no sentido de não ser certinho.
Tem algum convidado?
Temos o Iggor Cavalera, [ex-] baterista do Sepultura, o Sérgio Carvalho e João Parahyba, do Trio Mocotó.