Perry Farrell, vocalista do Jane’s Addiction, fala do futuro e da nostalgia dos anos 90
"Rock'n'roll de alto impacto." É assim que o vocalista Perry Farrell define o show do Jane's Addiction. Aos 50 anos, ele ainda não mostra os sinais do tempo no palco e acumula funções: ainda atua como DJ e é criador e organizador do Lollapalooza. E tem tempo para o surfe, claro.
Como é subir ao palco com a formação original do Jane's Addiction? Você sente a mesma energia dos anos 90?
Não, é uma energia nova. Há momentos em que nos sentimos da mesma forma, mas sinto que evoluímos como grupo. Os outros integrantes ainda são surpreendentes. É como vinho. Vem de uma boa safra, de uma boa região, mas agora é que está pronto para ser bebido.
Quando vocês sentiram que era hora de voltar novamente?
Acho que aconteceu quando ganhamos um prêmio da imprensa britânica [o Godlike Genius Award, em 2008, da revista NME], pelo conjunto de nossa obra. Entrei em contato com todo mundo, para irmos juntos receber a homenagem. Houve pressão para tocarmos, e acabamos concordando. Foi aí que começou.
Vocês gravaram recentemente versões de estúdio de "Whores" e "Chip Away". Gravaram novas músicas durante essas sessões?
Sim, temos algumas músicas novas. Nem todo mundo do grupo gostou ou achou que estavam prontas. Então vamos trabalhar em cima delas e em outras inéditas no ano que vem.
Você tem a intenção de lançar mais músicas de graça?
Nós temos algumas complicações. Devemos um disco para a Capitol Records. Então temos que checar alguns detalhes, como vamos lançar, qual selo, se é que haverá um selo. Se fosse do meu jeito, sim, iríamos lançar na internet, de graça.
A banda tenta evitar as mesmas atitudes que levaram à separação no passado?
Bem, por mais que tentemos... Tentamos respeitar e dar espaço um ao outro. E mesmo assim nem sempre funciona [risos].
Como foi produzir "Woman in the Window" (faixa inédita de Jim Morrison) com o Satellite Party (projeto que o cantor mantém com a esposa, Etty Farrell)?
Adoro o quão profundo ele era. Foi tão estimulante ouvir a voz dele e tentar construir a música em volta. É uma canção incrível. Infelizmente eu estava em uma porcaria de selo que não deu valor. Mas a boa notícia é que eu tenho outra [música inédita de Morrison]. Devo lançá-la no ano que vem.
Quais as novidades para o Lollapalooza em 2010?
Temos novas ideias, uma delas é ir ao Brasil. Acho que é o lugar perfeito para um Lollapalooza. Eu surfo no Brasil e já fui ao país como DJ. É um lugar maravilhoso, especialmente para a música e a vida noturna. Eu adoraria, mas teria de dedicar meu tempo a isso. Estamos sempre conversando com pessoas por aí, e talvez nos próximos anos aconteça.