Os Rakes correm o mundo após o sucesso do primeiro disco. E pensam no Brasil
Os quatro integrantes do The Rakes são pesos-penas - mas só na aparência física e no nome da banda (em inglês, rake significa "magrinho" no sentido figurado). Já subindo de categoria e prestes a gravar o segundo álbum, o grupo caiu nas graças de público e crítica mundo afora. Colecionam elogios do quilate de "o melhor grupo inglês do momento" (da revista francesa Les Inrockuptibles, referência para os roqueiros gauleses).
Mesmo com o hype, há inevitáveis comparações entre os rapazes que começaram a tocar "por acidente", segundo o baixista James Hornsmith, e os escoceses do Franz Ferdinand. Mesmo que seja apenas colocando lado a lado as faixas "Strasbourg" (do Rakes) e "Darts of Pleasure" (do FF), ambas com partes da letra em alemão. "Foi coincidência", diz o vocalista Alan Donohoe. "Estávamos produzindo o disco e ouvimos Franz Ferdinand. Pensamos: 'Olha só, tem mais alguém fazendo isso'." A culpa, segundo o guitarrista Matthew Swinnerton, é do gosto dos Rakes pela época do pós-guerra e a Alemanha Oriental.
Em Paris, Hornsmith nos conta que os Rakes está tentando criar "seu próprio gênero". A guitarra de Swinnerton - especialmente em faixas mais conceituais como "Guilt" e "Binary Love" - confirma a tese. Mas é mesmo no palco que eles mostram a personalidade própria. As performances misturam as coreografias braçais de Donohoe e a concentração de Swinnerton, sempre em completa sintonia com Hornsmith. E não esqueçamos os cabelos loiros e balançantes do carismático baterista Lasse Petersen.
Os Rakes já trabalham em um segundo álbum, com lançamento previsto para o ano que vem. "No primeiro, fizemos muitas experiências. Normalmente, chegamos ao estúdio com algumas idéias gerais e soltas, e trabalhamos as músicas em conjunto. A diferença do segundo disco é que não pudemos testar as canções em público. A energia é bem diferente", conta Swinnerton.
Se depender dos Rakes, o Brasil estará na rota da turnê do ano que vem. "Espero que possamos ter um pouco de tempo para conhecer o país após os shows. Da próxima vez, quero ir a Curitiba e ver um pouco mais do norte do Brasil. Salvador seria uma boa", diz Hornsmith, que já veio duas vezes para visitar a namorada brasileira que conheceu em Londres. "Viajei pelo mundo inteiro e os brasileiros são as pessoas mais legais que já conheci. Notei que adoram se divertir. Me emocionei com as pessoas em São Paulo, sempre estão querendo te levar pra sair, te dar alguma coisa", sorri o baixista, tímido só na aparência. Foi ele quem tomou a iniciativa de conversar com a reportagem da Rolling Stone. "Você é do Brasil, não é? Eu voltei de lá faz duas semanas." O baixista já começa a se entusiasmar com a música brasileira. "Conheço uma banda de Sorocaba, e tem o Seu Jorge, que é muito bom. Naquele filme (A Vida Marinha com Steve Zissou), ele toca David Bowie".