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P&R - Hubert

De volta aos cinemas e à TV, humorista prevê o futuro da piada de duplo sentido

Stella Rodrigues Publicado em 05/01/2012, às 12h29 - Atualizado em 06/01/2012, às 20h15

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<b>ESCRACHADO </b> Humor de duplo sentido de Hubert se renovará em 2012 - Divulgação
<b>ESCRACHADO </b> Humor de duplo sentido de Hubert se renovará em 2012 - Divulgação

Agamenon Mendes Pedreira, jornalista fictício criado pelos humoristas Hubert e Marcelo Madureira, chega aos cinemas em um filme de formato pouco explorado no Brasil, o mockumentary (gênero que mistura comédia e acontecimentos históricos reais). “É um filme que não subestima o espectador”, conta Hubert, que interpreta o protagonista em As Aventuras de Agamenon, o Repórter. Ele divide o papel com Marcelo Adnet, que assume a identidade jovem do personagem. Prestes a voltar à TV com a nova versão do programa Casseta & Planeta, Hubert fala sobre o novo formato da atração e decreta: “Não se levar a sério é um sinal de inteligência. O humorista que começa a se levar muito a sério, achar que é importante, começa a perder a graça – e depois, começa a perder o emprego”.

Crítica: As Aventuras de Agamenon, o Repórter

O mockumentary tem bastante espaço nos Estados Unidos, mas é incipiente no Brasil. Pareceu lógico contar a vida de um jornalista de mentira com um documentário de mentira?

Este filme não é um documentário de mentira. É uma comédia que em alguns pedaços utiliza a técnica do documentário. Tem cenas de ficção e usa essa forma de documentário para contar alguns pedaços da história do Agamenon, mas não é um falso documentário – é uma comédia verdadeira.

O humor brasileiro tem estado em alta. Uma crítica frequente é que ele fica muito baseado em “peito, bunda e pum”. Você se sente compelido a fazer algum tipo de defesa quando ouve essa afirmação?

Isso não é verdade. Nem no nosso caso, nem no dos outros. Acho que o humor brasileiro é até rico, porque ele tem vários tipos de humoristas, cada um de um gênero diferente. E eles todos convivem e têm o seu mercado e público. Este filme foi uma maneira de reunir gerações diferentes de humor.

Falando nisso, a ideia de dividir o mesmo papel com o Marcelo Adnet no filme tem um tom meio piegas de passar a tocha do humor para a frente?

Não é questão de passar o bastão. Somos fãs do Adnet há bastante tempo, antes mesmo de ele trabalhar na TV. É um sujeito da geração nova, um dos maiores talentos, senão o maior. Ele aceitou entusiasmado, porque também é fã da gente, o Casseta & Planeta é uma referência dele. Não é bem essa questão de passar o bastão, até porque eu não vou passar o bastão no Adnet, ele é casado, não vai pegar bem.

Parece que há um retrocesso na questão da censura em relação ao humor. Você sente que há um patrulhamento com a comédia?

Por um lado, existe uma pressão maior quando você faz uma piada e, digamos, aquilo é referente a um determinado grupo. Esses grupos tendem a reclamar e têm a internet, onde podem se manifestar de forma virtual. Por outro lado, se pegar um sitcom que é feito no Brasil hoje e um de 30, 40 anos atrás, verá que agora, apesar de toda essa coisa do politicamente correto, existe uma liberdade muito maior de falar sobre certos temas. Acho que não houve regressão, mas que existe mais reclamação do que antes.

Como foi ter a presença do ex-presidente FHC no set? Ele agora faz filmes, defende a maconha... Virou artista também?

As pessoas chamam ele de THC, em vez de FHC! Ele ficou de levar uma marofa para a gente, mas até agora não apareceu.

Promessa de político?

Exatamente, com político não dá pra gente contar!

O Casseta & Planeta voltará à televisão este ano. O que vai mudar?

Vamos ter um programa chamado Casseta & Planeta Vai Fundo. É temático, mais ligado à rua, a depoimentos do público. Também assumimos uma nova função, porque antigamente a gente só escrevia e atuava. Agora estamos na direção-geral, através do Claudio Manuel, que representa o grupo, e somos produtores. Nossa responsabilidade cresceu muito. Estamos chamando a Miá Mello, que trabalhava no Legendários, e a Maria Melilo, que foi Big Brother. Para não ter aquela coisa de “substituíram a Maria Paula por não sei quem”, estamos botando duas mulheres pra ocupar esse lugar, já que a Maria Paula é insubstituível. Estamos inaugurando uma nova fase na carreira e um formato novo na Globo: o programa começa em abril, para em junho, volta em outubro e acaba no final do ano. Será totalmente diferente, só que com o mesmo espírito de porco.

Vocês fazem um tipo de humor que sofreu muitas mutações ao longo do tempo, concorda?

Quando a gente começou na televisão, era bem diferente. A relação com o entretenimento do espectador mudou muito, então fomos tentando acompanhar. Temos uma presença boa em redes sociais e projetos individuais, o que é uma coisa legal, porque areja a cabeça trabalhar com novas pessoas. Me sinto privilegiado de poder transformar essas minhas ideias de humor em realidade. Vamos continuar até ficarmos velhinhos desdentados. Estaremos lá: “Segura na minha bengala e balança”.

Vão fazer a mesma piada, só mudando o objeto fálico.

[gargalha] Exatamente!

Exclusivo no site: mais da entrevista com Hubert