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P&R - Ingrid Guimarães

Atriz rebate críticas ao entretenimento de massa com o sucesso De Pernas pro Ar 2

Stella Rodrigues Publicado em 14/02/2013, às 12h04 - Atualizado às 12h05

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<b>BARREIRAS</b> Ingrid acha que ainda há preconceito com mulheres humoristas - NANA MORAES/DIVULGAÇÃO
<b>BARREIRAS</b> Ingrid acha que ainda há preconceito com mulheres humoristas - NANA MORAES/DIVULGAÇÃO

De Pernas pro Ar (2010) foi bem nas bilheterias, mas nada comparado aos recordes batidos com a recente sequência, De Pernas pro Ar 2. Aos 40 anos, a protagonista Ingrid Guimarães experimenta outro tipo de sucesso, depois de ter conquistado os âmbitos televisivo e teatral. A intérprete da workaholic Alice conta que isso mudou o tipo de abordagem que recebe nas ruas. “A TV tem uma coisa meio histérica, as pessoas nem sabem se você é a Heloísa Périssé, a Ingrid Guimarães ou a Cissa Guimarães! Só querem sua foto e autógrafo, porque você está na TV”, ela diz, rindo. Rejeitando rótulos como “neo” ou “globochanchada” para o tipo de comédia que faz, ela questiona a crítica de cinema no Brasil e o preconceito com a comédia romântica.

Muito mais do que sexo, De Pernas pro Ar 2 fala de mulheres que acumulam infinitas funções. O que você queria estabelecer sobre essa mulher?

O grande pânico da mulher moderna é esse tipo que dá conta de tudo. O filme é muito mais sobre a mulher que tenta dar conta do que sobre o [vibrador de] polvo, coelho... ela está em busca do próprio prazer até para substituir o Rivotril, que é o ácido da nossa geração. Isso pega muito mais do que falar de vibrador, isso já foi feito em Sex and the City.

Você acha o filme polêmico de alguma forma?

Ele é menos picante do que Malhação, não tem nenhuma cena de sexo. Escrevi uma coluna falando de pornografia feminina, de Cinquenta Tons de Cinza. É um mercado que está crescendo e o primeiro filme impulsionou bastante o mercado erótico. Cinquenta Tons é totalmente irreal, mas a mulher gosta de historinha, precisa de algo que a incentive. A ideia é só ser uma comédia romântica leve, inteligente e benfeita, e há um mercado para isso no Brasil, assim como há nos Estados Unidos. É uma indústria que deveria ser respeitada como uma indústria de entretenimento bacana, que está levando a garotada ao cinema. A gente está formando plateia, deixaram de ver O Hobbit para ver esse filme. Isso é um puta mérito.

Você tem a intenção de mudar a cabeça das pessoas, de repente quebrar alguns machismos?

Acredito que sim. Além de ter a identificação, de ter mulheres reconhecendo a própria vida, tem o marido, que também está tentando entender. Acho que abriu muito a cabeça das pessoas, principalmente com essa coisa do prazer. E mostra que a mulher está tentando. Não é que ela esteja cagando para a família, é que a mudança foi muito rápida, nossas filhas talvez consigam fazer essa conta [do equilíbrio] melhor.

No geral, você acha o humor machista?

Sim. Inclusive, os outros filmes de comédia que fizeram sucesso recentemente eram muito masculinos, acho que isso explica um pouco o sucesso do Pernas. Você pode colocar qualquer piada baixa na boca de um homem em uma mesa de bar, e é uma piada ótima. Mas me coloca em uma mesa com um monte de mulher falando as coisas que a gente realmente fala? Isso, de certa maneira, assusta. Gostaria de falar mais, colocar mais papo de mulher... mas tem aquela coisa de mercado, acabei não conseguindo. Acho que é um começo para conseguir falar de mulher de uma forma mais real. Acho um bom começo para este Brasil machista.

E a tão debatida questão dos limites do humor?

Cada um tem o seu limite. Se a gente começar a prender muito, ele perde a graça. O bom senso é de cada um. Tenho horror de fazer piada em cima do defeito e da desgraça alheia. Faço humor em cima dos meus defeitos e desgraça, prefiro sacanear a mim mesma. Quando o humor humilha o outro, deixa de ser humor e vira mau gosto.

Incomoda o modo como a crítica segrega dramas e comédias como a que você estrelou?

Tem espaço para todo mundo, não tem que competir um filme com outro. O número de salas existe porque tem demanda. Eu tenho a impressão de que a crítica no Brasil vem só para detonar. E acho que tem um preconceito contra o entretenimento de massa. Os pseudointelectuais têm medo de falar bem de comédia. É como se fosse uma coisa menor.

Dentre seus muitos projetos para 2013 há um filme que não tem nada a ver com comédia.

Quero fazer outros tipos também. Não quero ficar aprisionada ao meu próprio sucesso. Vou fazer Mundo Quebrado, do José Eduardo Belmonte, e fazer de tudo para que essas pessoas que viram De Pernas pro Ar e me seguem no Twitter também se interessem por esse filme