Atriz fala sobre trabalhar com Tim Burton e relembra os tempos de Mulher-Gato
Durante anos, Michelle Pfeiffer foi onipresente em Hollywood. Os primeiros papéis de destaque foram no musical Grease 2 (1982) e, no ano seguinte, no clássico Scarface. Depois, deu asas a Isabeau d’Anjou em O Feitiço de Áquila e marcou a cultura pop como a melhor Mulher-Gato do cinema em Batman: O Retorno (1992), dirigido por Tim Burton. Vinte anos depois, a atriz de 54 anos se reencontra com o icônico cineasta em Sombras da Noite (22 de junho nos cinemas), estrelado por Johnny Depp e baseado em um seriado de TV dos anos 60. “Amei trabalhar com ele de novo e não queria que acabasse”, ela diz, sobre Burton. “Gosto de vê-lo dirigir e ser dirigida por ele. É muito inspirador.”
Você assistia ao seriado Dark Shadows?
Eu era obcecada, tinha 11 anos quando estreou. Saía correndo do ônibus para chegar em casa antes de começar. Não tinha nada como aquilo na televisão e foi minha primeira exposição ao mundo dos vampiros. Eram sombrios, assustadores e até meio sexy – mesmo sem saber exatamente o que significava aquilo. E não tenho certeza se minha mãe sabia que eu assistia [risos].
Achou que um dia a série viraria filme?
Não, ficou completamente fora do meu radar. Mas um dia no carro com meu marido comentei que alguém deveria fazer um. Corta para alguns meses depois e leio nas publicações especializadas que o Tim Burton a estava adaptando.
Daí você ligou imediatamente para ele?
Eu queria, mas não liguei. Estava desesperada, mas só liguei depois que uma amiga ficou insistindo. Finalmente juntei coragem, liguei e falei: “Olha, não sei se tem alguma coisa para mim, mas quero muito participar”. Honestamente, não achei que daria certo, mas um ano depois ele ligou.
Sua personagem questiona o que outra pessoa pensa sobre o presidente. O que você pessoalmente acha do Obama?
Votei nele e acho que ele fez um bom trabalho. As pessoas têm expectativas irreais de quão rápido ele pode reverter as coisas. Temos de olhar o quanto ele realizou, que está no caminho certo, mas as pessoas estão impacientes. Levamos muito tempo para chegar a esta péssima situação e, acho, demora mais para sair dela do que para entrar. Eu darei mais uma chance – mais quatro anos – para ele continuar.
O que você assiste na TV?
Nossa, tem tanta coisa boa hoje em dia. Assisto a Homeland, Modern Family... Eu via 24 Horas religiosamente, sinto muita falta. Claro que assisto a Harry’s Law [criada e roteirizada pelo marido de Michelle, David E. Kelly] . Comecei a ver recentemente essa nova da HBO chamada Girls. Achei incrível. Essa Lena Dunham, que escreve, dirige e estrela a série, é fenomenal. É talentosa, segura, tão jovem. Ah, e sou grande fã de American Idol. Amo!
Você uma vez disse que fazer comédia é mais difícil do que drama. Ainda fica tensa em ser engraçada?
É um tipo de pressão diferente. Quando se faz um drama e é convincente, fica ok. Você pode fazer escolhas inesperadas ou que as pessoas não concordem, mas se estiver convincente, então está bem. Você tem que ser engraçada quando faz comédia ou não funciona. Você falha. Não existe meio-termo. Não sou uma atriz que consegue deixar as coisas engraçadas, como o Jim Carrey. Sou tão engraçada quanto o texto [que interpreto] e, mesmo assim, não muito.
Você ainda pinta?
Sim, me ajuda com o tempo ocioso. Sou muito habilidosa e adorava quando meus filhos eram pequenos, porque eles tinham projetos de artes e quem os finalizava era eu. Quando brincávamos com legos, eu que brigava pelas peças para terminar o que estavam construindo [risos]. Pintar pra mim, quando não estou atuando, o que é sempre minha primeira opção, preenche essa lacuna.
A dedicação à família alterou a maneira como aborda o trabalho?
Com certeza me limitou. E não é que falei: “Vou fazer uma pausa de quatro anos”. Foram as necessidades da família – nos mudamos de Los Angeles, o que foi algo grande e que subestimei. Quando as crianças entraram na escola, optava por trabalhos por perto ou que pudesse fazer durante as férias. Com isso, fiquei um tempo sem trabalhar. Em Sombras, eles foram inacreditáveis com meu cronograma.
A Mulher-Gato que você criou em 1992 foi memorável. Como acha que será a de Anne Hathaway?
Obrigada. Acho que ela será incrível, que vai surpreender todo mundo. É uma garota muito talentosa e esperta. Acho que vai acertar em cheio.