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P&R - Rodrigo Santoro

O ator de Heleno fala sobre futebol e relembra o filme que fez com Schwarzenegger

André Rodrigues Publicado em 09/03/2012, às 13h01

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<b>TALENTO EXPORTAÇÃO</b> Santoro passa a maior parte do tempo fora do país, mas ainda acha tempo para trabalhar aqui - JOÃO MIGUEL JR (DIVULGAÇÃO)
<b>TALENTO EXPORTAÇÃO</b> Santoro passa a maior parte do tempo fora do país, mas ainda acha tempo para trabalhar aqui - JOÃO MIGUEL JR (DIVULGAÇÃO)

Assim como os craques brasileiros dos gramados, Rodrigo Santoro, 36, também se firmou como produto de exportação. Porém, na área em que atua, não basta ser um fenômeno; a língua ainda é uma barreira que dificulta o sucesso pleno de estrangeiros em Hollywood. De férias no Rio de Janeiro e prestes a completar dez anos de carreira internacional, ele lança neste mês Heleno, filme que trata de um jogador de futebol “bad boy” dos anos 40. Além de ser o protagonista, ele também foi produtor-associado. “Foi o projeto a que eu dediquei mais tempo, cerca de cinco anos entre começar a pesquisa e finalizar a obra”, diz. Ainda em 2012, Santoro tem mais três longas para colocar em campo: O Que Esperar Quando Você Está Esperando, Hemingway & Gellhorn e Last Stand, todos rodados lá fora. Além disso, ele aparece na tela da Globo em “A Indomável do Ceará”, episódio da série As Brasileiras. Dividido entre Brasil e exterior, o ator pretende continuar jogando em vários times. “Inglês é uma língua que eu tenho trabalhado. Espanhol também. Tenho me aventurado por aí, mas a minha base é aqui.”

Gostou do final de Lost?

Posso falar sinceramente? Não assisti. Eu sei que eles tinham alguns mistérios para desvendar [risos]. Cada um falou uma coisa, as opiniões foram contraditórias. Tem gente que gostou, outros não gostaram, mas essa é a beleza.

Heleno impõe diversas dificuldades: é um personagem real que tinha fama de intratável e violento, mas jogava futebol como ninguém e acabou seus dias internado em um sanatório. Como você captou essas nuances de alguém tão emocionalmente – e fisicamente – instável?

Foi um personagem muito difícil de fazer e um grande desafio na questão física. Tive que perder bastante peso, cerca de 12 quilos entre uma fase e outra. E até mesmo treinar futebol. Sou peladeiro, mas o Heleno era um craque. Ele tinha uma marca muito clara, que era a elegância. Ele era muito conhecido pela matada no peito e pela cabeçada.

Você já tinha ouvido falar do Heleno antes de fazer o filme?

Tinha ouvido falar que era um craque do passado, do Botafogo carioca. Comecei a pesquisar e as histórias foram me intrigando. Para o bem ou para o mal, as pessoas falavam com muita paixão dele. Rejeitando ou idolatrando.

A imprensa colou vários adjetivos no Heleno: intratável, irascível, galã, boêmio... Percebe alguns desses em você?

Não sou nada parecido com ele, na verdade. Mas ele não tolerava a mediocridade. Achava que o homem deveria se superar sempre, dar o seu melhor, até as últimas forças. Minha visão não é tão radical quanto a do Heleno, mas eu também acredito que a gente tem que vestir a camisa. Nesse sentido, acho que temos um paralelo aí. Acho que a gente tem que dar o máximo. Também acredito nisso. Ele era um cara que queria mais.

Você teve diversas inspirações musicais para compor Heleno...

Eu trabalho e vivo com música sempre. Ouvi muita Billie Holiday, inclusive fiz questão de a gente colocar no filme. Ele gostava muito de jazz. E eu escutei muito [Robert] Schumann. Foi um camarada que morreu de sífilis, mesma doença do Heleno. Compositor, especialmente um clássico, traz sentimento puro. Um cara que passou pela mesma coisa.

Você é vascaíno. Acompanha futebol mesmo morando grande parte do tempo nos Estados Unidos?

Meu envolvimento é grande. Eu acompanho. Uma peladinha por semana sempre, onde quer que eu esteja. Futebol é uma questão de DNA no Brasil, é mais do que cultural. Uma coisa muito enraizada. Estou sempre antenado de alguma forma.

E como foi trabalhar com Arnold Schwarzenegger em Last Stand?

Foi uma diversão. Fora que, porra, uma sensação de estar na Tela Quente. Foi ícone para mim, na minha adolescência. Ele foi muito bacana, generoso, supertranquilão. Eu curti. Filme de ação, né? Eu nunca tinha feito.

Você já consolidou uma carreira internacional. Qual o balanço destes quase dez anos no exterior? Acha que superou as primeiras críticas?

Cara, eu não me ligo nessa coisa da crítica. O foco está no que estou fazendo. A opinião pública é algo incontrolável. Minha sensação interna é muito boa. Muita satisfação e gratidão. Nunca pensei em ter oportunidades tão interessantes. Estou tentando aproveitá-las, aprender com elas. O trabalho é importante, mas, enquanto estou em algum lugar filmando, estou vivendo...

Ficaria no Brasil para fazer uma novela?

Por enquanto, não. Sigo minha estrada do jeito que ela está.