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P&R - Selton Mello

Tão diretor quanto ator, ele fala sobre a possibilidade de voltar às novelas

Stella Rodrigues Publicado em 10/02/2012, às 14h52 - Atualizado em 13/02/2012, às 14h11

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Selton Mello - GUILLERMO GIANSANTI
Selton Mello - GUILLERMO GIANSANTI

Simultaneamente na TV, no cinema e sempre com projetos plurais na manga, Selton Mello é um dos atores mais aclamados e onipresentes do Brasil. Neste mês, estreia nas telonas com o inusitado e delirante Reis e Ratos, interpretando um agente da CIA em território nacional. Chegando aos 40 anos, o mineiro, que começou a carreira como dublador e hoje também dirige e escreve, opina sobre o meio em que trabalha com a vantagem de conhecê-lo como poucos.

Seu personagem Troy, em Reis e Ratos, tem aquela coisa caricata e canastrona da década de 50. Isso partiu de você?

Sim. Prestei duas homenagens ao mesmo tempo. Uma, a uma espécie de interpretação do cinema norte-americano, que era um estilo dominante nesse período. James Cagney, Robert Mitchum, Humphrey Bogart, todos atuavam daquele jeito, com a testa franzida e a sobrancelha arqueada. A segunda coisa é que, pelo personagem ser norte-americano, achei que poderia ser divertido usar minha experiência como dublador para fazer como se ele já viesse dublado, em vez de fazer um sotaque. Um personagem que já vem com a tecla SAP apertada.

Mais Selton: leia perguntas e respostas que não estão na edição impressa.

Você prefere personagens mais caricatos como esse, ou de O Auto da Compadecida, ou personagens mais urbanos, como em Meu Nome Não é Johnny? Tem algum gênero que você não encara?

Gosto de passear por vários gêneros de estilos de interpretação. Atuar é brincar. Mas não gosto muito de coisa de ação. Não tenho o menor fetiche com isso. Não é uma coisa que me agrade. Há atores que adoram... explosões, dar tiro, pular por cima de um caminhão. Eu tenho a maior preguiça disso. Acho perigoso, inclusive.

Ultimamente, T V para você significa série. Voltaria para as novelas?

Voltaria, mas não aconteceu ainda. Cresci fazendo isso, minha escola foi a novela. O problema é a duração dela. Vivemos tempos tão dinâmicos, tudo tão ágil, internet, filme em um mês e meio. Em um ano, posso fazer três filmes, e na novela são dez meses direto. Eu acho ótimo se fizer sucesso o formato de O Astro, que acho que foram 60 capítulos. Agora vai ter Gabriela também, com 60, 70 capítulos. Pode ser um caminho interessante.

Você declarou que não aceitou fazer um papel no novo Star Trek, apesar de adorar o J. J. Abrams. Por quê?

Eu não posso falar muita coisa a respeito. Me chamaram, mas não tinha um personagem. Era assim: “Você pode vir para cá filmar?” E eu quis saber o quê. “Não podemos dizer.” Eu não faria isso, nem lá nem aqui. Preciso saber que personagem vou fazer. Não sou dado a grandes aventuras, gosto de saber por onde estou andando.

Isso acendeu uma vontade pela carreira internacional? Está buscando esse caminho?

Sim, essa não é a primeira proposta. Mas acho que isso tem que acontecer naturalmente. Talvez fazendo um filme aqui, e esse filme acontecendo lá fora e chamando atenção. Como aconteceu com o Wagner [Moura]. O Tropa de Elite 2 passou em Sundance e ele foi chamado para fazer filme fora. Acho que esse é um caminho interessante. Se for assim, vai ser um prazer.

Você cresceu dublando clássicos, como Karatê Kid. Como se posiciona diante de toda essa discussão da dublagem no Brasil , com canais querendo dublar 100% da programação, em alguns casos sem opção de legendas?

Eles não podem botar tudo dublado, isso é errado. Tem gente que vai querer ter o prazer de ouvir o original. Acho que tem que poder escolher, como no DVD.

A experiência de ter trabalhado com filmes desde tão novo deve ter influenciado seu gosto de uma forma única.

Sim, porque eu ficava curioso sobre aqueles atores, queria saber o que eles estavam fazendo. Eu dublava um seriado chamado Anjos da Lei, que foi o primeiro trabalho do Johnny Deep. Estava ali acompanhando o início da carreira de um ator que eu admiro. Foi uma época de cultura audiovisual muito forte para mim. Eu via muita coisa, filme bom, filme ruim, seriado, desenho.

Daqui a 50 anos, você quer ser lembrado por qual das suas facetas?

Por todas, mas a partir de agora o diretor talvez comece a ganhar do ator. Até lá terei equilibrado a quantidade de trabalhos como diretor e ator.

Você fará 40 anos em dezembro. Está chegando a essa idade como gostaria?

Exatamente como gostaria, fazendo as coisas de que gosto. Estou bastante criativo, dirigindo, escrevendo, atuando. Portanto, me sinto bem.