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Preces Atendidas

A Banda Mais Bonita da Cidade vira fenômeno e se esforça para não ser one-hit wonder

Por Stella Rodrigues Publicado em 20/07/2011, às 19h59

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<b>OS MAIS BONITOS DA CIDADE</b> O guitarrista Rodrigo Lemos (à esq.) e o baixista Diego Plaça - DIVULGAÇÃO
<b>OS MAIS BONITOS DA CIDADE</b> O guitarrista Rodrigo Lemos (à esq.) e o baixista Diego Plaça - DIVULGAÇÃO

"Vamos jogar na loteria!" Os números que A Banda Mais Bonita da Cidade, de Curitiba, considera como "de sorte" são: 6 (correspondente aos minutos de fama no YouTube com o clipe em plano-sequência "Oração"), 7 (tentativas até acertar o plano-sequência) e 3, já que esse foi o terceiro clipe que a banda gravou e colocou na web. A numerologia não para por aí. Entre 2009, quando surgiu o grupo, e abril de 2011, foram cinco performances ao vivo, apenas. Agora, falta agenda para tanta proposta. Foi nessa quinta apresentação que uma versão ainda inacabada do vídeo foi exibida e aprovada pelos amigos presentes. "Começou um alvoroço no Facebook das pessoas que viram e insistiram para que a gente colocasse no YouTube", conta a vocalista Uyara Torrente. "Sabíamos que essas pessoas do show iam ver imediatamente, mas não esperávamos que à tarde já fosse ter 15 mil acessos." Esse número não pode ser usado na loteria, já que cresceu bastante desde então, ultrapassando a marca de três milhão de visitações em apenas dez dias.

Com a internet como berço, nasceu o culto mais novo da cidade, uma "oração" que prega, basicamente, o amor. O vídeo mostra um grupo de jovens, muito felizes, curtindo um fim de semana no interior. Exatamente o que faziam na ocasião. Aproveitaram o passeio para levar equipamento de gravação e fazer uns clipes despretensiosos. O clima de festa, com a turma saltitando, a produção benfeita e a ideia do plano-sequência são as razões que A Banda, ainda embasbacada e tentando se adaptar, usa para tentar explicar o fenômeno. Mas não parecem tão certos do motivo nem muito preocupados com ele. "Sabíamos que estava legal, pensávamos: 'Nossos filhos vão adorar'. E só. Geralmente, é bêbado dando entrevista que 'viraliza'. Acho que o pessoal estava bem carente de alguma coisa bonita para espalhar. Ninguém mostrava nada bonito para circular", argumenta o tecladista Vinícius Nisi, idealizador e diretor do clipe.

Uyara crê no poder da letra - meiga, repetitiva, que totaliza seis minutos de pura doçura. "O [compositor] Leo Fressato me mostrou essa música e aquilo me deu um treco. Gerou em mim uma reação de oração mesmo, de mantra. É a repetição de algo simples e bonito. Que brega isso, mas é verdade. É quase religioso para mim." Agora, cabe transformar o título de viral em uma carreira, de fato. Shows estão sendo marcados e a gravação do tão sonhado primeiro disco, pronto no papel e há tempos em busca de verba, já estava sendo negociada - um dia depois de a canção virar hit online.

Uyara cita como influências Radiohead, Luiz Tatit e Beirut (banda autora do vídeo "Nantes", semelhante em conceito a "Oração"). Mas o guitarrista da banda, Rodrigo Lemos, garante: "Conhecíamos o trabalho deles, mas não esse clipe. É legal associarem, mas não é como se tivéssemos feito o nosso em cima disso".

"Geralmente, gravam dando play na música e cortando com as câmeras", explica Nisi. "A gente, por trabalhar com produção de som, quis inverter, dar play na câmera e editar o som." É a vocalista quem parece chegar mais perto de matar a charada toda. "Acho que o Beirut traz a influência do clima, porque os vídeos transparecem uma sensação incrível. Quem é que não quer sentir isso?"