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Preview 2012

O ano promete ser forte para a nova música brasileira

José Flávio Júnior Publicado em 12/03/2012, às 12h59

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Nação Zumbi - divulgação
Nação Zumbi - divulgação

Conseguir que um artista fale sobre seu novo álbum antes do dito-cujo voltar prontinho da fábrica está cada vez mais complicado. Nos tempos atuais, os atrasos são constantes, pois vários detalhes são definidos em cima da hora. Detalhes, algumas vezes, bem significantes. São poucos os que entram em estúdio já sabendo qual gravadora ou selo independente lançará seu trabalho. O que não impede ninguém de produzir música nem faz cair o número de discos bacanas feitos no Brasil. A safra 2012 já rendeu ótimos registros de Céu (Caravana Sereia Bloom) e Lucas Santtana (O Deus que Devasta mas Também Cura) e promete seguir frutífera. Conheça a seguir outros possíveis destaques do ano.

Tulipa

Aautora do melhor disco nacional de 2010 (Efêmera), a santista criada no sul de Minas e radicada em São Paulo está em fase de criação e seleção de repertório para sua segunda investida fonográfica. Ela pretende começar as gravações em Abril e mandar o CD para as lojas no meio do ano. A produção mais uma vez ficará a cargo do guitarrista Gustavo Ruiz, irmão da cantora. Por enquanto, Tulipa tem evitado falar sobre direcionamento estético e também não entrega os nomes das músicas. Mas dá uma dica quando diz que um dos álbuns que mais ouviu em 2011 foi o experimental whokill, do tUnE-yArDs, projeto da americana Merrill Garbus, que se apresenta no Brasil em maio. “Até comprei uma loop station vermelhinha para brincar, inspirada por ela”, diz, toda animada com o brinquedo eletrônico que permite gravar vários trechos de áudio e executá-los simultaneamente, recurso muito usado por Merrill nos shows.

Nação Zumbi

Já gravado e mixado, o oitavo álbum de estúdio do Nação Zumbi deve permanecer na gaveta até o segundo semestre. O grupo não quer que o trabalho, ainda sem nome, concorra com Ao Vivo no Recife, DVD que acaba de ir para o mercado via Deck, registrando um belo momento do Nação em sua cidade natal durante a turnê de Fome de Tudo (2007). Ainda não há definição se esse será um CD independente ou se alguma gravadora encampará o projeto. Mas os pernambucanos estão esfuziantes com a produção de Kassin e Berna Ceppas e com o fato de terem gravado tudo em fita de 2 polegadas, algo que não experimentavam há dez anos. Segundo o baterista Pupillo, nem ele nem o baixista Dengue usaram seus próprios instrumentos nas sessões, no Rio de Janeiro. “Pegamos tudo emprestado do Kassin e de amigos cariocas. Queríamos nos impor maneiras diferentes de tocar, para sairmos da famosa zona de conforto”, comenta.

Rita Lee

Engana-se quem pensa que Rita Lee está aposentada. Talvez, nem dos palcos, como a própria andou alardeando. Ao ser perguntada se sairá em turnê para divulgar Reza, seu próximo álbum, sua resposta por e-mail foi: “Não é impossível, mas é improvável!” Quase todo composto por Rita em parceria com Roberto de Carvalho, o CD reúne faixas com títulos engraçados, como “Tutti Fuditti”, “Tô um Lixo” e “Bamboogiewoogie”. A produção foi dividida entre Carvalho e Apollo Nove. A Biscoito Fino encarrega-se de lançar. “Esse é o primeiro disco de uma série que começa agora, pois finalmente temos autonomia para gravar tudo em casa”, anuncia a roqueira. O próximo lançamento inclusive já está em processo avançado. É o Bossa N’ Movies, com versões bossa-nova para temas clássicos do cinema. Mas Rita não sabe dizer quando ele ficará disponível para os seus fãs.

Black Drawing Chalks

Ser responsável pela melhor música de 2009 segundo o júri da Rolling Stone é uma dádiva, mas também uma pressão. Com as 15 faixas de No Dust Stuck on You, o quarteto de Goiânia Black Drawing Chalks tentará igualar o feito do hit “My Favorite Way”. A aposta é no mesmo stoner rock insinuante com letras em inglês que fez o grupo ser notado e apreciado internacionalmente (não fosse um conf lito de agenda, Stephen McBean, do grupo canadense Black Mountain, produziria este terceiro trabalho de estúdio dos rapazes). Escolhida para puxar o álbum, a suingada “Swallow” é uma parceria do vocalista Victor Rocha com o novo guitarrista da banda, Edimar Filho, substituto de Renato Cunha, que preferiu seguir carreira como advogado. A previsão é de que o álbum esteja disponível em LP, streaming audio e download no site da banda em maio.

Orquestra Imperial

Quem sonha em ouvir em disco as versões de sambas e boleros que a Orquestra Imperial apresenta em seus bailes vai ter de aguardar mais um pouco. O segundo CD do conjunto, atualmen te em período de ensaios, seguirá a fórmula do antecessor, Carnaval Só Ano que Vem, trazendo apenas composições inéditas dos integrantes. Antes desse lançamento, chega às lojas pela Nossa Música/ Biscoito Fino um DVD com o registro de uma apresentação da trupe no Teatro Rival, em 2007. Mesmo morando nos Estados Unidos, Rodrigo Amarante segue como membro da Orquestra. A novidade do novo álbum será a participação do multi-instrumentista Duani, recentemente efetivado na formação. Além de assinar a produção, Kassin se dedica a burilar as canções de seu próximo trabalho solo, aproveitando a boa repercussão de Sonhando Devagar (2011), disco que por estes dias também ganha uma versão digital com remixes de M. Takara, Waldo Squash (Gang do Eletro) e outros.

Macaco Bong

Uma das estreias mais elogiadas dos últimos anos, Artista Igual Pedreiro segue tão impactante quanto em 2008, ano em que faturou a primeira posição na lista de melhores álbuns nacionais da Rolling Stone. Mas já estava mais do que na hora de o trio instrumental cuiabano preparar seu sucessor. This Is Rolê! almeja ser o testemunho de uma banda que rodou o Brasil incessantemente desde então, não conseguindo palco em apenas dois estados. Faixas como “Broken Chocobread” e “Copa dos Patrão” já vinham sendo apresentadas ao vivo, mas devem soar diferentes no disco. Uma das razões é que o grupo anunciou a saída amigável do baixista Ney Hugo. Em seu lugar entrou o mineiro Gabriel Murilo. O baterista Ynaiã Benthroldo acena com uma obra conceitual. “Tem começo, meio e fim”, anuncia. “Nossas referências estão muito diferentes daquelas do primeiro CD. Tudo mudou.”

Zeca Baleiro

após um período lançando projetos pelo seu próprio selo, o Saravá Discos, Zeca Baleiro volta para uma grande gravadora em seu nono trabalho de canções inéditas. O Disco do Ano sai pela Som Livre no começo de abril trazendo 12 faixas, sendo uma em parceria com o veterano Hyldon e outra repetindo dobradinha com Wado. Ao todo, 15 produtores mexeram no álbum, possivelmente um recorde no mercado nacional. Beto Villares, Érico Theobaldo, Sacha Amback e Paulo Lepetit integram o numeroso time. O vínculo com o líder do Charlie Brown Jr. – de quem o maranhense já havia gravado “Proibida pra Mim (Grazon)” – foi reforçado na música “O Desejo”, que conta com um rap de Chorão. A baiana Margareth Menezes e a paulistana Andreia Dias também dão canjas. Para definir a capa de O Disco do Ano, Baleiro solicitou aos fãs que escolhessem entre três imagens clicadas pelo fotógrafo (e colaborador da Rolling Stone) Marcos Hermes.

Curumin

quatro anos após Japan Pop Show, o cantor e baterista paulistano Curumin regressa com Arrocha, seu terceiro e mais eletrônico álbum. Quem aprecia as pirações de Damon Albarn no Gorillaz tem tudo para ser fisgado por músicas como “Selvage”, construída em cima de um beatbox, e “Afoxoque”, que abre o disco e conta com a participação do MC Russo Passapusso, do grupo Baiana System. Outros contribuintes são Arnaldo Antunes, coautor de “Pra Nunca Mais”, Marcelo Jeneci, responsável pelos teclados em “Passarinho”, e Céu, que empresta sua voz a “Vestido de Prata”, uma composição da dupla Jorge Alfredo & Chico Evangelista que ganhou notoriedade após ser gravada por Paulinho Boca de Cantor em 1981. Em abril, Curumin faz a première de Arrocha numa turnê pelo Reino Unido ao lado de Céu. O selo Urban Jungle garante o disco no mercado brasileiro em maio.

Do Amor

Enquanto Caetano Veloso não confirma qual direção tomará em seu novo álbum, a metade da BandaCê que integra o Do Amor (a saber: o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes) segue nos preparativos para o segundo álbum. Após passar 15 dias tocando em uma fazenda no interior do Rio de Janeiro e mais algumas semanas definindo quais das cerca de 30 músicas prontas seriam limadas, o quarteto adentrou o estúdio Monaural, no Rio de Janeiro, para finalizar o processo sob supervisão de Daniel Carvalho. Das que já foram mostradas em shows, “Undum” chama atenção por traduzir a esquizofrenia do Do Amor com brilhantismo. As partes pesadas da faixa lembram o Black Sabba th dos primórdios, as partes balançadas remetem a Beto Barbosa e a letra cita de raspão “Vem Fazer Glu-Glu”, sucesso de Sérgio Mallandro. Paulatinamente, Carlos Eduardo Miranda produz o disco que Marcelo Callado gravou em casa com a namorada, Nina Becker, da Orquestra Imperial.

Banda UÓ

Está prometida para Junho a aguardada estreia da Banda UÓ. Após um 2011 movimentado, com direito a prêmio e apresentação no VMB da MTV, shows lotados e um EP de versões, o trio goiano – que injeta indie rock no tecnobrega – acerta os últimos detalhes do disco, cuja produção é dividida entre o norte-americano Diplo, o francês Douster, o inglês Mum dance, o DJ do Bonde do Rolê, Rodrigo Gorky, e Davi Sabbag, integrante da UÓ. Ao todo, 20 músicas estão sendo gravadas, mas no máximo 13 entrarão no CD, ainda com título indefinido. Entre as garantidas constam “Nega Samurai”, “Faz UÓ” e “I Love Cafuçu”, nome de uma festa brega que é sensação em Olinda (PE). “Temos a intenção de produzir videoclipes para todas as músicas do álbum, algo que não é muito comum entre artistas brasileiros”, avisa Sabba g, reconhecendo que muito do apelo da UÓ está no visual.

Emicida

Depois de dois EPs e duas mixtapes, chegou a hora de Emicida gravar seu primeiro álbum. É curioso pensar que todo o barulho feito até agora pelo rapper da Zona Norte de São Paulo antecede seu primeiro lançamento oficial. E, nas palavras de Evandro Fióti, empresário e irmão de Emicida, o importante passo será dado no segundo semestre. “As coisas estão bem grandes. Por isso estamos correndo atrás de patrocinadores para fazer uma parada profissional”, diz. O assunto “gravadora multinacional” deixa o empresário dividido. “Em princípio, não estamos pensando em fechar com nenhuma, já que nossa ideia é ter vários parceiros comerciais. Mas eu não descartaria a hipótese, desde que fosse uma gravadora que compreendesse a liberdade que necessitamos. Ainda é cedo para cravar como vai ser”, conclui. O álbum ainda não tem nome, tampouco repertório fechado.