Han Solo: Uma História Star Wars gera burburinho e tensão ao narrar a trajetória de alguns dos personagens mais queridos da saga
Agora que o Han Solo, digamos, clássico – aquele vivido por Harrison Ford – passou desta para melhor, a Disney enxergou a oportunidade perfeita de contar como tudo começou. Essa é a missão de Han Solo: Uma História Star Wars, filme de Ron Howard que depois de alguns percalços chega aos cinemas do mundo inteiro este mês. Coube a Alden Ehrenreich, que foi descoberto por Steven Spielberg e já trabalhou com Francis Ford Coppola (Tetro e Virgínia), Woody Allen (Blue Jasmine) e os irmãos Coen (Ave, César! ) a missão de interpretar o jovem Han Solo. O ator de 28 anos promete uma versão mais idealista do personagem, que na vida adulta é um cínico e parece não ter coração. Ele usa outra “versão jovem” de um personagem de Harrison Ford para explicar “Para mim é um pouco parecido com aquela abertura de Indiana Jones e a Última Cruzada, quando descobrimos que seu medo de cobras vem de quando ele caiu em cima de várias delas”, conta Ehrenreich, em entrevista realizada em Los Angeles. “Lembra como era divertido? Han Solo tem muito disso e de construção daquele universo. Para mim é um grande capítulo inicial.”
Claro que, quando se trata de qualquer coisa vinda da Lucasfilm, o segredo é a alma do negócio. Então, pouco se sabe sobre a história, a não ser que Han Solo tem como mentor nos trambiques o super criminoso Beckett (Woody Harrelson) e que encontra pelo caminho uma amiga de sua infância difícil, a misteriosa Qi’ra (Emilia Clark). Além disso, Dryden Vos (Paul Bettany) é um malfeitor na trama criada por Lawrence Kasdan (autor dos roteiros de O Império Contra-Ataca, O Retorno de Jedi e O Despertar da Força) junto a seu filho, Jonathan Kasdan. No mais, o ponto alto é o encontro de Han Solo com Chewbacca (Joonas Suotamo, que está no lugar de Peter Mayhew, o wookie original) e Lando Calrissian (Donald Glover), que, lógico, é o dono original da Millennium Falcon, a adorada nave do protagonista – vista aqui recém-saída da concessionária. “Pilotar a Millennium Falcon foi inacreditável”, diz Ehrenreich. “E foi muito legal de filmar porque não usaram a tela verde (depois substituída pelas imagens digitais), mas projeções, como faziam nas janelas dos carros nos anos 1930. Só que na nossa frente. Então, dava para ver por onde estávamos voando, enquanto o cenário se mexia inteiro.” Para o finlandês Suotamo, que começou na saga como dublê de Chewbacca em O Despertar da Força, estar na nave trouxe um misto de empolgação com trapalhadas. “Sempre acabo tirando algo do lugar, porque é tudo muito apertado”, fala o ex-jogador de basquete, que, com 2,13 metro de altura, inicialmente achou que não conseguiria o papel por ser baixinho demais (inicialmente, buscava-se alguém com 2,20 metro). Não bastante a dificuldade de movimento já esperada por alguém tão grande em um espaço pequeno, havia o pequeno detalhe de que ele tinha que fazer todos os movimentos coberto da cabeça aos pés com a roupa peluda de Chewie. “Eu estava constantemente pedindo um ventilador, era a única coisa que acalmava o wookie – ele fica bem mais legal quando não está passando calor”, brinca Suotamo.
Donald Glover, que conheceu os filmes originais da série Star Wars quando era um garotinho crescendo nos arredores de Atlanta, ficou igualmente empolgado. Mas talvez a mãe dele tenha ficado mais. “Ela disse: Ai, meu Deus, este é o maior papel de todos. E eu disse a ela que claro que era, porque Billy Dee Williams [que interpretava Lando Calrissian na saga original] era ‘o’ cara.” Glover, além de tudo, teve a chance de conhecer a lenda. “Billy Dee só me falou para ser charmoso. Foi literalmente só isso”, ri. “Ele nem estava olhando para mim quando falou. Entrou, disse isso e saiu. Acho que ele estava olhando para uma garota”, relembra o ator, roteirista e músico, que assina como Childish Gambino seus trabalhos como rapper. Lando Calrissian não tinha uma participação gigante na primeira trilogia, mas ficou no coração dos fãs com seu carisma, estilo e o pioneirismo de ser um personagem negro de destaque em uma saga de sucesso. Glover não deverá ficar atrás, mas ele rejeita qualquer tentativa de torná-lo um símbolo da inclusão no espaço. “Minha primeira responsabilidade é ser ótimo, acontecendo de ser negro ou gay ou hetero ou o que quer que seja. Sabe quando a Tonya Harding pergunta, no filme Eu, Tonya, se não dava para ser julgada só pela patinação, e não por sua roupa ou sua falta de elegância?”, diz, rindo. “Só quero ser ótimo.”
Se a interação entre o velho e o novo Lando pareceu econômica, o que dizer do contato entre Alden Ehrenreich e Harrison Ford? Conhecido por sua rabugice, o veterano disse apenas: “Se perguntarem, fale que eu contei tudo o que você precisava saber e que você não tem permissão para relatar a ninguém”. Joonas Suotamo aprendeu a grunhir como Chewbacca mesmo sem que pedissem, só para conquistar Ford. “Não sei se ele ficou impressionado. Acho que ele bufou. Mas ele foi ótimo!”, diverte-se.
Se Harrison Ford parece difícil de agradar, por incrível que pareça, ele não é o maior problema dos atores. Muitos fãs do Han Solo original estão recebendo o novo filme com uma dose alta de desconfiança, e o projeto enfrentou problemas durante a produção. Em meio às filmagens, os diretores Phil Lord e Chris Miller (de Anjos da Lei e Uma Aventura Lego) foram demitidos por “diferenças criativas”. Poucos dias depois, a tarefa foi entregue ao experiente Ron Howard, de Apollo 13, da série O Código da Vinci e ganhador do Oscar por Uma Mente Brilhante. “Houve uma discrepância na percepção do que deveria ser”, explica Alden Ehrenreich. “Mas Ron veio, com poucos dias para se preparar, e já ficou completamente à vontade. Ele adora Star Wars também, está no DNA dele. Ron foi maravilhoso, entendeu toda a situação e foi bacana com todo o mundo.” Os fãs mais aguerridos podem torcer o nariz, mas Lawrence Kasdan costuma saber o que está fazendo – como Ehrenreich diz, ele “fala [o idioma] Star Wars”. E, Han Solo, o personagem, está mais do que acostumado a se meter em encrenca e depois sair dela são e salvo.