Astro do rock, senhor do funk, provocador, gênio: como o artista criou um universo inigualável e repleto de adoradores – mas, no fim, se foi sozinho
No dia 14 de abril, uma quinta-feira, mais ou menos às 18h, uma SUV preta estacionou na frente do teatro Fox, em Atlanta, Estados Unidos. Faltava uma hora para o show, mas Prince não precisava de muita preparação – essa era a oitava parada da turnê Piano and a Microphone, uma série de apresentações fora do comum (quase sempre duas por noite) que mostrava um dos maiores artistas do mundo reduzindo a escala de sua performance a um recital íntimo. “Ele só passou o som durante alguns minutos”, Lucy Freas, a produtora que organizou esse evento, conta á Rolling Stone. Como era hábito dele havia mais de uma década – não importava se estivesse tocando sozinho para um teatro com 4.600 lugares ou com uma numerosa banda para uma arena com capacidade para 20 mil pessoas –, os shows eram organizados de última hora. Lucy tinha recebido um e-mail com o título “Prince” alguns dias antes. A equipe dele estava procurando uma produtora independente. Será que ela estava interessada? Dez minutos depois, já estava ao telefone.
Esses shows de Atlanta haviam sido marcados originalmente para o dia 7 de abril, com ingressos à venda nove dias antes (muito mais tempo do que as 32 horas que o Sony Centre, em Toronto, Canadá, teve para comercializar entradas para um show em março). Os ingressos para o teatro Fox esgotaram imediatamente, mas um problema de saúde obrigou Prince a adiar Atlanta por uma semana; quando ele chegou naquela noite, ainda não estava passando bem. “Não se preocupe”, o coordenador da turnê disse. “Ninguém vai saber. Ele vai se apresentar, e vai dar tudo de si.”
Quando subiu ao palco para o primeiro show, ele parecia à vontade, cumprimentando os fãs da frente antes de se sentar ao piano e dar início a uma versão de “Little Red Corvette”, incluindo trechos de “Dirty Mind” e o tema da turma do Charlie Brown. Foram 80 minutos de hipnotizar. O piano foi o primeiro instrumento de Prince – o pai dele, John Nelson, tinha tentado ganhar a vida como pianista de jazz. (“[Meu pai] não me ensinou isso”, ele brincou a certa altura, durante uma elaboração brincalhona de “O Bife”. “Eu aprendi sozinho.”) Em alguns momentos, parecia que as músicas estavam ganhando forma pela primeira vez. Em outros – principalmente no segundo show, no qual ele tocou uma versão dinâmica de “Black Sweat”, de 3121 (2006) –, soavam perfeitas, com a voz dele e os ritmos comandados por sua mão esquerda preenchendo todo o espaço.
Assim como aconteceu com vários artistas visionários, houve um período na carreira de Prince – quase toda a década de 1980 – no qual a música dele parecia viver no futuro. Talvez por causa disso, alguns momentos no teatro Fox agora soem como premonições. No show das 19h, ele fez uma cover de “A Case of You”, de Joni Mitchell, há muito tempo uma de suas artistas preferidas. Em 2015, Joni foi encontrada sozinha e inconsciente em casa, em Los Angeles, depois de sofrer um aneurisma cerebral. (De lá para cá, ela se recuperou parcialmente.) Também tocou “Heroes”, de David Bowie, uma homenagem a um artista que havia morrido apenas três meses antes, e que tinha sido – como o próprio Prince sempre foi – inquieto e deliberado com sua arte e imagem, tendo desafiado as normas binárias de gênero. A canção fala a respeito do desejo de transcender – de agarrar um momento de glória capaz de transformar o que é impermanente em algo eterno – e Prince incorporou a letra, marcando cada verso com uma estocada vocal.
No show das 22h, o terceiro e último bis começou com “Sometimes It Snows in April”, de Parade (1986), uma eulogia para o personagem Christopher Tracy, que Prince interpretou no filme Sob o Luar da Primavera. “Sometimes I wish life was never ending” (“Às vezes eu queria que a vida não tivesse fim”), diz o refrão. “All good things, they say, will never last” (“Todas as coisas boas, dizem, nunca vão durar”). O show terminou com “Purple Rain”. Prince incluiu pequenos trechos de “The Beautiful Ones” e “Diamonds and Pearls”, então retomou a música de 1984 que anunciou sua ascensão ao status de superastro. O público se juntou a ele no famoso falsete sem palavras no fim, batendo palmas.
E foi assim que o show acabou.
Três semanas antes – depois de apresentações em Montreal e Toronto –, ele organizou festas após os shows em clubes locais. No Everleigh, em Toronto, uma jam session ocorreu tarde da noite. “Eram 3h ou 3h30 da manhã”, diz o produtor Rubin Fogel. “Ele tinha chegado em um jatinho particular. Só podia levantar voo às 6h por causa do horário do aeroporto. Então, resolveu tocar.”
Em Atlanta, não teve festa. Ele foi direto para o aeroporto e, por volta da 1h da manhã, uma ligação de emergência foi feita do avião. O Dassault Falcon 900, de 1988, estava a menos de uma hora de Minneapolis, mas pousou em Moline, Illinois. Apesar de o motivo ter sido atribuído a uma gripe – a mesma causa dada para o cancelamento dos shows em Atlanta na semana anterior –, há relatos de que Prince foi supostamente tratado devido a uma overdose de medicamentos controlados, possivelmente o analgésico Percocet, em um hospital local, e foi embora porque não havia quarto particular disponível. Os shows dinâmicos que fazia tinham exigido um preço a ser pago fontes dizem que ele tinha problemas no quadril que possivelmente vinham de 30 anos atrás, devido a lesões adquiridas durante a turnê Purple Rain.
Ele parecia frágil, mas de bom humor, na noite seguinte, sábado, 16 de abril, de acordo com quem esteve em uma festa dançante no complexo de Paisley Park, onde Prince vivia. Exibiu uma guitarra nova, mas deixou no estojo – “Ultimamente, não consigo tocar guitarra”, disse, de acordo com o relato de Jon Bream, que cobre Prince há muito tempo no jornal Minneapolis Star Tribune, e divertiu os 300 presentes com sua versão de “O Bife” em um piano roxo novo. “Esperem alguns dias antes de desperdiçarem suas preces”, ele lhes disse.
Na quinta-feira seguinte, dia 21 de abril, de manhã, Prince foi encontra- do em um elevador em Paisley Park. Fontes dizem que ele estava morando sozinho em um apartamento no 20 andar nos fundos do complexo de 6 mil metros quadrados, desde que demoliu a casa onde vivia, ali perto, em 2005, mais ou menos na época de seu segundo divórcio. A última vez que foi visto vivo foi por volta das 20h da noite anterior. Uma ligação para o serviço de emergência foi feita às 9h43 da manhã, mas os atendentes médicos não puderam reavivá-lo e Prince foi declarado morto às 10h07. Tinha 57 anos.
Em Minneapolis, naquela noite, as ruas ao redor do First Avenue, o clube onde as cenas de show do filme Purple Rain foram feitas, foram fechadas enquanto milhares de pessoas se reuniram para dançar e cantar as músicas de Prince. Essa gente não estava sozinha. Dançaram em Los Angeles e no Brooklyn, em Nova York, onde Spike Lee abriu a porta da garagem de sua produtora, a 40 Acres and a Mule, e um DJ tocou canções de Prince em alto volume madrugada afora.
As pessoas estavam reunidas para representar a música que sempre falou do sentido de comunidade – as utopias da liberdade musical e sexual que ele chamou de Uptown, Paisley Park ou Erotic City. Ele foi a maior figura ilusória do rock, sendo que a ilusão era que ele seria capaz de se transformar em qualquer coisa que pudesse ser um astro do rock. “Am I black or white, am I straight or gay?” (“Sou negro ou branco, sou hétero ou gay?”), perguntou em uma música. A única resposta era sim. Ele mudava a voz de masculina para feminina e se cobria de mistério e de roupas de corte impecável (quando resolvia usar roupa), vendendo fantasia em sua música e em sua imagem. Essas fantasias eram sexuais de modo ultrajante e apaixonadamente religiosas, às vezes ao mesmo tempo. O rock and roll sempre cruzou o sagrado e o profano, mas ele elevou o padrão ao apocalíptico e ao pornográfico.
Mais do que qualquer outro astro da década de 1980, Prince trouxe os sonhos do passado do rock and roll para o presente: vestiu o casaco de Jimi Hendrix, usou o bigode de Little Richard, dominou os passos de dança de James Brown e fez tudo isso por cima de batidas de bateria eletrônica, mostrando como os impulsos da história podiam ser transformados no som do futuro. “Dearly beloved, we are gathered here today to get through this thing called life” (“Caros amados, estamos aqui reunidos hoje para passar por esta coisa chamada vida”), ele entoou no início de Purple Rain. Independentemente de as pessoas que estavam escutando serem negras ou brancas, independentemente de serem heterossexuais ou gays, estavam interligadas, e essa união era consagrada pela música dele.
Com a partida de Prince, o público o homenageou em Minneapolis, em Los Angeles e no Brooklyn da única maneira que fazia sentido: dançando pelas ruas.
Prince Rogers Nelson nasceu no dia 7 de junho de 1958, no Hospital Mount Sinai, em Minneapolis. Desde o início, carregou as esperanças e o peso dos sonhos de seu pai. John Nelson foi líder de um grupo chamado Prince Rogers Trio. “Eu coloquei o nome de Prince no meu filho porque queria que ele fizesse tudo o que eu quis fazer”, John disse em certa ocasião. A mãe dele, Mattie Shaw, era uma vocalista que lembrava o tom amargurado de Billie Holiday. Ela tinha cantado com o trio de John, mas parou depois que eles se casaram – o casal já tinha cinco filhos de relacionamentos passados. Mattie era 17 anos mais nova do que John, e os dois tinham personalidades bem diferentes. “Minha mãe é o meu lado maluco”, Prince declarou à Rolling Stone, em 1985. “Ela é assim o tempo todo. Meu pai é sereno de verdade; precisa de música para ficar animado.” Maluquice e serenidade formariam uma das várias contradições que o artista incorporou ao longo da vida.
A música se manifestou ainda na infância. “Quando ele tinha 3 ou 4 anos, nós íamos à loja de departamentos e ele pulava em cima de qualquer instrumento que estivesse ali. Quase sempre piano e órgão. Eu tinha que ficar procurando por ele, e era lá que ele estava”, Mattie declarou ao jornal Minneapolis Star Tribune, em 1984. Aos 5 anos, a mãe o levou para ver o pai se apresentar. Era um espetáculo burlesco. Enquanto as dançarinas faziam a parte delas, o teatro vibrava com animação. “A partir de então, eu quis ser músico”, Prince disse mais tarde. Eros e a música estavam fundidos, e o poder da combinação se fixou na mente dele.
Tanto a mãe quanto o pai eram adventistas do sétimo dia rígidos; Prince depois diria que o que ele mais tirou da religião foi “a experiência do coral”. Ele declarou a Chris Rock, na MTV, em 1997, que a mensagem da igreja “era baseada em medo”, mas que ele conseguiu absorver muito da Bíblia adventista: a Igreja Adventista se concentra no Livro do Apocalipse e no caos iminente que vai preceder o retorno de Cristo. Prince iniciaria o álbum que deu uma reviravolta em sua carreira, 1999, com uma música que transformou o apocalipse em comemoração. E seu maior disco tirou o título da revista adventista Signs of the Times.
Quando Prince tinha por volta de 8 anos, seus pais se separaram. Ele mais tarde viria a se lembrar de discussões constantes, sendo que a carreira musical do pai era ponto de atrito. Ele “se sentia magoado por nunca ter tido uma chance, devido ao fato de ter mulher e filhos e tal”, Prince declarou. “Acho que a música foi o que separou meus pais.” John saiu da casa deles no norte de Minneapolis e se mudou para um apartamento no centro. Deixou para trás o piano, e foi aí que Prince realmente se sentiu atraído pelo instrumento. “Eu tive uma aula de piano e duas aulas de violão quando criança”, contou ao jornal Star Tribune. “Era um péssimo aluno, porque quando um professor tentava me ensinar a tocar coisas ruins, eu começava a tocar minhas próprias músicas.” Quando chegou ao ensino médio, já dominava teclado, guitarra, baixo e bateria.
Pouco depois do divórcio, a mãe dele voltou a se casar e Prince foi morar com o pai. A união não durou muito tempo. Quando Prince tinha por volta de 13 anos, o pai o expulsou de casa depois de tê-lo encontrado com uma garota. Anos mais tarde, Prince lembrou-se de ter ligado para ele de um telefone público, implorando para voltar, mas John recusou. “Eu fiquei lá chorando na cabine telefônica durante duas horas”, declarou à Rolling Stone em 1985. “Foi a última vez que eu chorei.”
Prince foi morar com uma tia, Olivia. Esses exílios domésticos criaram um anseio e uma raiva que se desdobraram em sua carreira: ele construía uma comunidade na música que fazia e na banda que o acompanhava, mas então desligava integrantes sempre que achava necessário; o mais frequente era gravar álbuns sozinho. Ele era o único com quem podia contar. “E se todo mundo ao meu redor cair fora?”, afirmou à Rolling Stone em 1990. “Daí eu ficaria só comigo, e teria que me defender. É por isso que preciso me proteger.”
Prince era tímido em público, mas agia como moleque com os amigos. Na escola, era um aluno desinteressado. Música e esporte eram suas paixões. James Harris III (que depois ficou conhecido como Jimmy Jam) o conheceu em uma aula de música no penúltimo ano do ensino médio. “Assim que o professor saía da sala, a gente começava a improvisar”, conta Jimmy Jam. “O que ele tocava no teclado era fantástico – coisas que eu nem podia sonhar em fazer, e eu me considerava um tecladista bem bom.” Prince foi selecionado para o time de basquete no final do ensino fundamental e no 10 ano do ensino médio, apesar de não ter muito mais do que 1,50 metro. “Ele era um ótimo jogador. Chegava à quadra e as meninas começavam a gritar. Tinha um cabelão enorme, e se você tinha cabelão naquele tempo tinha vantagem.”
A primeira banda foi formada quando Prince tinha 14 anos, chamada inicialmente Phoenix e depois Soul Explosion. Prince tocava guitarra e seu amigo André Simon Anderson (que mais tarde ficou conhecido como André Cymone) tocava baixo. Quando tia Olivia cansou do barulho da banda, Prince acabou indo morar na casa de Cymone. A Soul Explosion ensaiava no porão. “Tínhamos uma filosofia de que enquanto todas as outras pessoas estavam jantando peru e assistindo a jogos de futebol americano e fazendo todas essas coisas, a gente precisava ensaiar”, relembra o baixista. “Vamos ser supe-rastros, e se vamos ser superastros precisamos ensaiar.” A música tinha que parar às 22h, mas Prince acabou se mudando do quarto de Cymone para o porão, onde podia baixar o som da guitarra e tocar até as 4h da manhã. Esses hábitos noturnos de fazer música permaneceriam pelo resto da vida.
Quando tinha 16 anos, ele já compunha as próprias músicas. O grupo se transformou em Grand Central (com Morris Day na bateria), depois Champagne. Uma gravação demo fez com que Chris Moon, que cuidava de um estúdio local, prestasse atenção em Prince. Quando o resto da banda ia almoçar do outro lado da rua, Prince ficava. “Olho da sala de controle para o estúdio, e ele está tocando bateria”, conta Moon. “Daí eu vejo quando ele se levanta e começa a tocar um pouco de piano. E daí ele para e pega o baixo.” Moon queria alguém para adicionar música a letras em que estava trabalhando. Propôs uma parceria e acabou dando as chaves do lugar a Prince. Ele levou seis meses para dominar o estúdio o suficiente para conduzir as sessões de gravação de suas aventuras de banda de um homem só.
Moon tocou uma fita demo para Owen Husney, um produtor de Minneapolis. “A maior parte dos artistas tinha som derivativo. E aquilo não era assim”, Husney diz. “Ele estava tentando criar algo novo. Quando escutei aquela vozinha vulnerável em falsete, fiquei tipo: ‘Quero proteger essa pessoa’.” Ele passou a ser o empresário de Prince e levantou US$ 50 mil para que o artista pudesse ter instrumentos novos e um lugar para morar. Então, criou um press kit rebuscado para apresentá-lo ao mercado.
A Warner ofereceu um contrato de três álbuns e assinou com Prince, aos 19 anos, em 1977. A gravadora queria que ele colaborasse com Maurice White, do Earth, Wind and Fire. “A tinta nem tinha secado no contrato da Warner Bros., e ele disse: ‘Ninguém vai produzir o meu álbum’”, Husney conta. Uma sessão de gravação foi providenciada para que Prince pudesse provar que não precisava de ajuda. “Ele gravou uma faixa de guitarra e fez tudo certinho”, Lenny Waronker, que trabalhava na Warner, lembrou. “Daí ele gravou a bateria... uau. Dava para ver a guitarra estava perfeita, o tempo era bom, era nítido que era fácil para ele.”
Quando Waronker saiu do estúdio, Prince disse a ele: “Não faça com que eu soe como um artista negro”. Na infância, Prince pegava um ônibus para ir à escola em um subúrbio branco, escutava a estação de rádio de rock KQRS de Minneapolis e tocava covers de Carole King no ensino médio. Ele conhecia os dois mundos, e sabia que havia mais poder em controlar os dois, não um só. Então, redigiu uma lista de artistas que o inspiravam: Fleetwood Mac, Jimi Hendrix, Eric Clapton, Rolling Stones. A Warner pode ter achado que estava contratando um garoto que era capaz de cantar e produzir seu próprio trabalho, como Stevie Wonder coisa que já seria bem notável. Prince estava avisando à empresa que isso era apenas um ponto de partida.
Não foi um começo suave. De acordo com o livro Prince: Inside the Music and the Masks (Prince: Por Dentro da Música e das Máscaras), de Ronin Ro, o álbum de estreia do artista, For You (1978), consumiu US$ 170 mil, quase três vezes o orçamento inicial. A música exalava uma nova perspectiva, mas parecia sufocada, como se um homem tivesse se isolado com aqueles sons por tempo demais, coisa que tinha de fato acontecido. Apesar de o single “Soft and Wet” ter chegado ao número 12 na parada de R&B, as vendas do álbum foram péssimas, e quando Prince montou uma banda a Warner não quis gastar dinheiro para colocá-la na estrada.
Ele precisava que o álbum seguinte fizesse sucesso. Prince (1979) era ao mesmo tempo contido e expansivo. Em vez dos metais típicos de R&B, usava teclado e guitarra pungentes, e a música fazia um aceno na direção do pop pós-punk do Cars ou do Blondie. O single “I Wanna Be Your Lover” chegou ao topo da parada R&B e alcançou a 11ª posição na parada geral, com 500 mil cópias vendidas.
O álbum seguinte, Dirty Mind (1980), celebrava prazeres orgiásticos, desde transar a noite inteira até fazer um ménage à trois, transar com uma noiva a caminho do casamento, transar com desconhecidos e transar com a irmã. Não havia nada que não era possível fazer, segundo essas canções. A música seguia polimorfa: teclados gélidos de new wave eram aquecidos por guitarras funk, e apesar de algumas melodias terem um classicismo da década de 1960 o som era absolutamente novo – tão despido que era quase dub. Na capa do álbum, Prince vestia um trench coat por cima de uma calcinha de biquíni preta. A que público ele estava tentando agradar? Negro? Branco? Masculino? Feminino?
Essa iria se tornar a dinâmica central do pop dos anos 1980, à medida que Prince, Michael Jackson e Madonna usavam música e imagem para atravessar barreiras de raça e gênero de maneiras que eletrizavam e uniam públicos. Mas, com Dirty Mind, Prince foi o primeiro a chegar. O álbum alcançou a 45a posição na parada, mas seu impacto foi muito maior do que isso. O crítico Robert Christgau diria que ele foi “o primeiro artista comercialmente viável em uma década a tomar para si o elevado patamar visionário de John Lennon, Bob Dylan e Jimi Hendrix”.
Essa visão não podia ser resumida em um álbum por ano. Ele iria precisar de mais. Depois que a turnê de Dirty Mind terminou, em abril de 1981, Prince quis criar uma banda de funk e foi conversar com o grupo de Minneapolis Flyte Tyme que incluía Jimmy Jam no teclado e Terry Lewis no baixo – com uma ideia: ele iria compor, produzir e apresentar o material, eles iriam cantar e fazer turnê com ele. Prince chamou a banda nova de Time e registrou as seis músicas do álbum de estreia em duas semanas. Depois, em dez dias, em agosto, gravou seu próprio quarto álbum,Controversy. O lançamento em outubro coincidiu com um convite interessante: os Rolling Stones queriam que Prince abrisse as apresentações deles no Memorial Coliseum, em Los Angeles, para um público de 100 mil pessoas, nos dias 9 e 11 daquele mês.
Prince abriu o primeiro show – que trazia ainda George Thorogood e J. Geils Band no line-up – às 14h. “Ele apareceu com o trench coat e a calcinha de biquíni”, conta o líder da J. Geils, Peter Wolf. “Quando o casaco abriu, o público não entendeu muito bem. As pessoas começaram a berrar,
jogar coisas.” Prince não pôde terminar o show. Dois dias depois, as coisas foram ainda piores, e Prince se retirou no meio de uma canção. Foi a última vez que ele abriu um show para qualquer pessoa. Depois disso, construiu seu prio mundo.
Prince começou a trabalhar em seu quinto álbum, 1999, no come- ço de 1982. Estava com 23 anos e dava início a um período dourado: nos três anos seguintes, parecia que cada momento que ele passava acordado rendia uma música, e toda música fazia sucesso. Agora ele tinha três grupos: sua própria banda, Revolution; a Time; e um trio feminino que usava lingerie e que ele chamava de Vanity 6. Não demorou muito para ele também começar a criar músicas para a baterista e per- cussionista Sheila E., com quem teve um relacionamento amoroso. Era incansável, às vezes trabalhava três dias direto sem dormir. “Eu preciso comer? Eu gostaria de não precisar comer”, ele divagou na Rolling Stone, em 1985.
No final de 1985, ele tinha feito 15 álbuns em sete anos – sete com seu próprio nome, três com a Time, dois de Sheila E., um da Vanity 6, um da Apollonia 6 e um da Family. Esses álbuns renderam 13 hits no Top 20. O som de Minneapolis – aquela mistura de funk, pop e rock conduzida por sintetizadores que Prince inaugurou – estava em todo lugar, principalmente depois que Jimmy Jam e Terry Lewis, que Prince tinha demitido da Time, começaram a produzir uma série de hits para artistas como S.O.S. Band e Janet Jackson.
Daí vieram as músicas de Prince que se tornaram sucessos enormes para Chaka Khan (“I Feel for You”, 1984), Sheena Easton (“Sugar Walls”, 1984) e Bangles (“Manic Monday”, 1986).
Prince tinha ido atrás de tudo isso, mas de acordo com seus próprios termos. Ninguém poderia prever que ele iria fazer sucesso com singles sobre o fim dos tempos ou sobre uma mulher com apetite sexual voraz, nem que seria capaz de aumentar a força de sua fama em estágio inicial ao se recusar a dar entrevistas. No entanto, foi exatamente o que aconteceu com 1999. Ele começou a trabalhar no álbum no estúdio caseiro de Minneapolis que ele chamava de Uptown, então passou para o Sunset Sound, em Los Angeles, e gravou tanto material que insistiu para a Warner lançar um disco duplo. A gravadora – entusiasmada com um hit que Prince tinha criado para a Time, “777- 9311” – concordou. O álbum chegou em outubro de 1982, e quando ele saiu em turnê para promovê-lo a Vanity 6 e a Time foram as bandas de abertura.
O universo dele estava se formatando.
Os shows eram feitos de êxtase. Ele era um herói da guitarra capaz de dançar feito James Brown, de erguer-se de um espacate e correr para o teclado para mandar ver em mais um solo. E, na primavera de 1983, as rádios e a MTV adotaram “Little Red Corvette” – sua ode a uma garota veloz que guardava camisinhas (algumas delas usadas) no bolso –, iniciando um período de grandes vendagens para Prince.
O artista queria um público em massa tão expansivo quanto sua visão para a música. Michael Jackson, que tinha lançado Thriller um mês depois de 1999, era um rival. Mas “Michael não era a maior prioridade para aniquilar”, Wendy Melvoin, guitarrista da Revolution, disse. “Era todo mundo.”
A Revolution, banda de diferentes raças e gêneros que Prince tinha re- unido, foi o primeiro passo: “O sonho dele era que nós fôssemos Fleetwood Mac misturado com Sly and the Family Stone”, disse Lisa Coleman, que tocava teclado. Já Prince afirmou: “Eu queria comunidade mais do que qual- quer outra coisa”. Improvisos durante passagens de som estavam começando a render ideias para músicas. O álbum seguinte acabaria sendo o mais colaborativo que ele já tinha feito.
Purple Rain (1984) não seria ape- nas um álbum. Prince queria fazer um filme também. William Blinn, que escreveu o primeiro esboço daquilo que iria se tornar o roteiro de Purple Rain, lembrou-se de como a história tomou forma quando Prince se sentou ao piano para tocar para ele algumas músicas de seu pai e começou a falar dele. “Foi como se ele estivesse desvendando seu próprio mistério – uma busca sincera para compreender a si mesmo. Ele economizou todo o dinheiro que gastaria com psiquiatras e colocou no filme.”
O diretor Albert Magnoli passou um mês em Minneapolis, convivendo com Prince, a banda dele, a Time e a Vanity 6. Ele reescreveu o roteiro para se concentrar na rivalidade musical entre a Revolution e a Time, e no drama doméstico que o personagem de Prince, Kid, enfrentava em casa. Os estúdios de Hollywood não se interessaram, e os empresários de Prince recorreram ao diretor da Warner Bros., Mo Ostin, que deu um adiantamento de US$ 2 milhões a ser descontado dos futuros lucros. Foi uma iniciativa astuta. Com orçamento de US$ 7,2 milhões, o filme Purple Rain arrecadou US$ 68 milhões. O álbum chegou ao número 1 da parada e ficou lá durante 24 semanas; acabou vendendo mais de 10 milhões de cópias.
Prince tinha compreendido, do mesmo jeito que James Brown quando gravou Live at the Apollo, em 1962, que se mais gente pudesse experimentar a força de seu show ao vivo, mais pessoas iriam reconhecer como seus dons eram raros. O filme deu a ele a fama pela qual ansiava. E, como o sucesso insano do álbum mostrou, mais uma vez foi de acordo com seus próprios termos. “When Doves Cry” era a música pop mais desconcertante a ter chegado ao topo da parada até então – não tinha baixo, e em vez disso era carregada por uma guitarra com som “estrangulado”, com a batida de sempre da bateria eletrônica Linn, que era a marca registrada de Prince, e teclado. E “Purple Rain”, que chegou à segunda posição, mostrou como ele era diferente de Michael Jackson – o Rei do Pop precisou de Eddie Van Halen para tocar guitarra em “Beat It”, seu passaporte para o rock. O solo que escancarava a balada rock de Prince era dele mesmo.
A maratona de shows Purple Rain começou em novembro de 1984. “Eu realmente não pude comparar a nada a não ser com os Beatles”, diz Alan Leeds, responsável pelas turnês de Prince na época. Mas as multidões embevecidas também marcaram o final do período de ouro. As coisas jamais seriam as mesmas.
Em abril de 1985, Prince anunciou que iria dar um tempo dos palcos e lançou seu sétimo álbum, Around the World in a Day. Ele proibiu que a Warner promovesse um single ou que fizesse ações de marketing em lojas de discos. Assim Prince deu início a um período de reclusão, que na verdade nunca terminou. Depois que Around the World in a Day caiu da 1ª posição da parada com rapidez, ele cedeu e permitiu que a Warner se concentrasse em “Raspberry Beret” como single e videoclipe – a faixa alcançou o número 2 da parada.
Fora isso, a conexão dele com a banda começou a se fragmentar. Ele tinha elevado Wendy e Lisa ao status de estrelas, um reconhecimento das habilidades e das contribuições delas, e um sinal bem-vindo de que ele era capaz de tratar mulheres como algo mais do que meros objetos sexuais. Mas elas queriam dar mais contribuições criativas, e acabaram indo embora em 1986, depois do álbum seguinte, Parade, a trilha sonora do desastroso filme Sob o Luar da Primavera, que o próprio Prince dirigiu.
Os dois álbuns anteriores tinham chegado ao primeiro lugar da parada; Parade só foi até o terceiro lugar e parou por ali, apesar de ter tido um single na primeira posição, “Kiss”. Quando ele disse à Warner que o próximo disco seria triplo, a gravadora recusou. Ele sempre tinha feito tudo o que queria até aquele momento, mas perdeu a briga. E então se formou uma contradição que não tinha como se desfazer: o álbum que iria se revelar como seu melhor trabalho também foi a prova de que o poder dele não era mais absoluto.
Ele reduziu o projeto para um disco duplo: Sign ‘O’ the Times. Continha pop idílico, como “Starfish and Coffee” e “The Ballad of Dorothy Parker”; funks animados, como “Housequake” e “Hot Thing”; e um trio de músicas que formaram sua exploração mais terna do romance e das questões de gênero: “If I Was Your Girlfriend”, “Strange Relationship” e “I Could Never Take the Place of Your Man”. O álbum se mantém como uma das melhores produções da década de 1980, mas Prince já não era mais imbatível. Sign ‘O’ the Times. chegou ao sexto lugar da parada e poderia ter recebido o empurrão de uma turnê, mas o artista se recusou a levar a produção que tinha montado na Europa para os Estados Unidos. Em vez disso, preferiu fazer um filme de show, gravado principalmente em um estúdio no recém-construído complexo de Paisley Park, nos subúrbios de Minneapolis.
Em 1987, ele apresentou um álbum cru chamado The Funk Bible à Warner Bros.; então, teve uma visão no meio de uma madrugada que o convenceu de que o álbum era raivoso demais para ser lançado. Pediu à gravadora para destruir as mais de 400 mil cópias daquele que passaria a ser conhecido como The Black Album. Em troca, ele lhes ofereceu uma coleção otimista do ponto de vista espiritual e musical, Lovesexy (1988), mas queria que todas as músicas fossem agrupadas em uma faixa contínua no CD, para controlar a experiência de escutá-lo. Não conseguiu entrar na lista dos dez mais na parada de sucesso – foi a primeira vez que isso aconteceu desde 1981, quando saiu Controversy. Pior, a turnê Lovesexy – a primeira nos Estados Unidos em três anos – perdeu dinheiro.
Irritado com o fato de a Warner não permitir que ele lançasse a música que queria no ritmo que queria, ele trocou o nome por um símbolo, acreditando que seu novo personagem enigmático não estaria atrelado ao contrato de gravação de Prince. Quando descobriu que não havia como se libertar do contrato, começou a escrever a palavra “escravo” no rosto. Passou a ser ridicularizado. “Você é o único escravo que é dono do latifúndio”, o executivo Alan Leeds lhe disse. Mas, à sua maneira estabanada, Prince foi um revolucionário. A relação entre gravadoras e artistas mudou drasticamente na era digital, e as preocupações de Prince a respeito de como controlar sua música agora são moeda corrente.
Em 1996, ele colocou fim no contrato com a Warner. Devia ter sido uma época de comemoração, mas foi marcada por estresse e tragédia. No Valentine’s Day, ele tinha se casado com Mayte Garcia, uma de suas dançarinas de palco, e o casal esperava um bebê. Prince passou o primeiro semestre trabalhando em dois projetos, o último álbum para a Warner (Chaos and Disorder) e uma coleção de três CDs que anunciaria sua liberdade (Emancipation). De acordo com Alex Hahn, biógrafo do cantor, no dia 21 de abril – exatamente 20 anos antes de sua morte –, depois do que pareceu ser uma de suas maratonas de três dias de trabalho sem parar, Mayte o encontrou desmaiado no estúdio de Paisley Park. Foi levado para o hospital, mas, quando retomou a consciência, não quis ficar internado.
No mês de outubro seguinte, o casal passou por uma perda inimaginável: o filho que os dois esperavam nasceu com uma doença genética e morreu em uma semana. Sofrendo, Prince se recusou a falar sobre o que havia ocorrido em uma entrevista com Oprah Winfrey apenas alguns dias depois da morte da criança. “A nossa família existe. É só o início.” Mas esse desejo não iria se realizar. O casal se separou em 1999.
Em 2004, Prince pôde voltar a um lugar do qual não desfrutava havia mais de uma década: era o centro das atenções, e mais uma vez devido à música. No dia 8 de fevereiro ele abriu a cerimônia de entrega dos prêmios Grammy, em Los Angeles, apresentando um medley de “Purple Rain”, “Baby I’m a Star” e “Let’s Go Crazy” com Beyoncé, lançando ainda um pouco do hit dela “Crazy in Love”. Durante cinco minutos, foi o retorno de Purple Rain, com 24 milhões de pessoas assistindo, maravilhadas, enquanto ele demonstrava seu domínio do palco. O Grammy demoraria mais seis anos para conseguir igualar o número de espectadores.
Cinco semanas depois, no dia 15 de março, ele entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll, em uma cerimônia em Nova York. O ponto alto da noite ocorreu durante uma versão de “While My Guitar Gently Weeps”, de George Harrison, que foi introduzido postumamente naquela noite como artista solo. A canção foi cantada por Jeff Lynne e Tom Petty, que conheciam Harrison bem. Mas o momento final pertenceu a Prince. Foi uma cena marcante – ele se firmou como deus da guitarra e arrematou a música de uma honra solene com algo mais eletrizante. O jeito como ele tocou foi lírico, mas cheio de força ao fazer sua guitarra gemer e pavonear durante quase três minutos. “Eles ensaiaram um punhado de vezes”, diz Paul Shaffer, diretor musical das introduções do Hall da Fama. “A cada vez, dava para ver que ele iria fazer o lugar vir abaixo. Mas Prince deixou uma coisinha reservada para a performance de fato.” A certa altura, ele mudou de marcha tão rápido que pareceu que estava trocando acordes consigo mesmo, um duelo de guitarra de um homem só. Atrás dele, o filho de Harrison, Dhani, tocava violão e irradiava alegria.
Pouco depois de entrar para o Hall da Fama, Prince deu início a uma turnê com 89 shows nos Estados Unidos e lançou um álbum novo pela Columbia, Musicology. Agora estava usando a indústria fonográfica a seu favor. Lançou álbuns ao vivo e raridades por meio de seu site na internet e aproveitou a força das grandes gravadoras quando lhe convinha. Ele funcionava como um astro pop moderno, ganhando dinheiro estável na estrada e buscando renda onde fosse possível.
Prince se casou novamente em 2001, com Manuela Testolini, no mesmo ano em que se tornou testemunha de Jeová. A fé durou mais do que o casamento. Eles se divorciaram em 2006, pouco depois de ele demolir a casa que dividiam em Minneapolis. Fez de Paisley Park sua residência, isso quando não alugava mansões em Los Angeles por US$ 70 mil mensais.
Houve momentos – como a apresentação majestosa no intervalo do Super Bowl, em 2007 –, em que ele voltou a estar no topo. Também houve caos, em grande parte gerado por ele mesmo. Seu selo, Paisley Park, foi à falência em 1994 e houve demissões no complexo em 1996. No momento de sua morte, tinha deixado de operar em tempo integral. Já não havia mais técnicos de som sempre a postos para o caso de ele sentir a necessidade de gravar no meio da noite, e, aliás, também não havia seguranças. Eram Prince, seu assistente e alguém para cuidar do prédio e administrá-lo.
Em 19 de abril, Prince foi ao Dakota Jazz Club, no centro de Minneapolis, para ver a cantora de jazz e R&B Lizz Wright. Ficou durante toda a apresentação, incluindo o bis, uma raridade para ele, e saiu com passos gingados, com a bengala em cima do ombro.
Dois dias depois, estava morto. Há especulações de que os problemas no quadril levaram ao abuso de analgésicos. Dizem que fez uma cirurgia de correção no quadril em 2010. No mo- mento da conclusão desta reportagem, os resultados da autópsia de Prince ainda não tinham sido divulgados.
No dia 23 de abril, um evento em memória de Prince – que teve o corpo cremado – aconteceu em Paisley Park. “Foi silencioso e sombrio”, conta Sheila E. “As luzes eram fracas. Velas queimavam. Exatamente como Prince teria feito. A música dele tocava baixinho. Tinha pouca gente, e ninguém estava acreditando. Achávamos que ele iria entrar na sala e nos cumprimentar.”
Mas se ele nos cumprimentar agora vai ser por meio de sua música. Pelo que se sabe, existe um cofre cheio de material que nunca foi lançado – um número inimaginável de músicas e apresentações ao vivo, apesar de seu destino não estar claro. Na verdade, não importa. Já existe o suficiente – uma quantidade estarrecedora. É dito que houve uma época em que ele fazia uma música – pelo menos uma – todos os dias, como se fosse guiado por aquele verso em “1999” a respeito de como o tempo está chegando ao fim para todos nós. E está mesmo. Mas a música não para.
Púrpura e Tropical
O cantor esteve no Brasil somente uma vez
Prince foi uma das atrações escaladas para a segunda edição do Rock in Rio, em 1991. O show que realizou no dia 24 de janeiro daquele ano foi espetacular, em um palco pelo qual haviam passado naquele mesmo dia Santana, Laura Finocchiaro e o veterano Serguei. Prince se apresentou acompanhado pela New Power Generation e, além dos sucessos da própria carreira, ainda mostrou versões de “Dr. Feelgood (Love Is a Serious Business)” e “Ain’t No Way”, de Aretha Franklin.
Quando tocou “Take Me with You”, atacou o ditador iraquiano Saddam Hussein (morto em 2006) e pediu a paz no Golfo Pérsico. Posteriormente, foram reveladas as excentricidades exigidas para sua participação no evento: Prince havia requisitado 200 toalhas e que seu camarim tivesse a reconhecida cor púrpura. O astro chegou a ser anunciado para o festival Back2Black, na edição realizada no Rio de Janeiro em setembro de 2011, mas cancelou a apresentação.