Fazia um bom tempo que ele não cometia um desvario. Depois de cinco anos de bom comportamento, nos quais voltou ao mainstream com aparições na TV e com discos de apelo comercial, Prince decide agir como nos "anos rebeldes", em que trocou o nome por um símbolo, e publica três CDs de uma só vez (um
dos discos, Elixer, é creditado à cantora novata Bria Valente). uma diferença em relação ao lançamento de LOtUSFLOW3R, MPLSoUND e Elixer e o de Emancipation, CD triplo que Prince soltou em 1996. Emancipation
era uma declaração de independência, uma celebração do final do contrato de Prince com a Warner, que o cantor considerava restritivo do ponto de vista artístico e econômico. Os discos disponibilizados agora são produto da vontade de Prince de dar asas à musa coquete. O que se percebe ao fim da audição desta batelada de CDs é que a nova música de Prince é mais madura, mais contida. O lado bom da contenção
é o controle dos excessos que às vezes maculavam a obra do cantor e compositor. O lado ruim dessa maturidade é que ela rouba parte da energia que fazia da música de Prince uma experiência liberadora, catártica. A guitarra de Prince canta como nunca em LOtUSFLOW3R, álbum "roqueiro" que soa morno às vezes, mas que tem pelo menos duas faixas ótimas, "Colonized Mind" e "Dreamer", ambas com pegada e
letras críticas. MPLSoUND, a melhor fatia do bolo, é feito para pistas de dança. Nos momentos mais inspirados de MPLSoUND, como as três primeiras canções e "Old School Company", Prince recupera a deliciosa sonoridade funky de álbuns como 1999. Elixer, o CD da bela Bria Valente (será uma favorita do harém?) no qual Prince atua como músico e produtor, não decola por causa de canções fracas e pela voz indistinta da cantora. A impressão que fica é a de que Prince continua a editar mal os próprios discos. Tivesse ele juntado as melhores faixas de LOtUSFLOW3R com as de MPLSoUND em um só CD, teria um produto de primeira