Muse volta com The 2nd Law, influência de dubstep e pretensões de ser a maiorbanda do planeta
“O álbum não é tão negativo quanto as pessoas podem pensar que seja”, pondera o baixista Christopher Wolstenholme sobre o sexto disco do Muse, The 2nd Law, em uma típica tarde de verão inglesa – chuvosa – em Londres. “Há muitas coisas negativas no disco, mas, na verdade, ele trata de como lidamos com essas situações como seres humanos, sobre buscar o amor, a estabilidade, e usar isso como sua proteção contra tudo.”
“A segunda lei” que dá nome ao novo trabalho do grupo veio de uma das fontes de inspiração literária do guitarrista e vocalista Matt Bellamy. “Comecei a ler recentemente sobre física termodinâmica, que lida basicamente com energia”, ele explica. A lógica por trás do conceito está presente na declaração “Unsustainable”: o dilema de viver em um mundo cuja energia-matriz está fadada ao inevitável desaparecimento e que, ainda assim, tem sua força baseada em uma economia sustentada pelo crescimento infinito – portanto, insustentável. “O disco é uma celebração da força humana de lutar contra a própria lógica do Universo, mas também sobre o medo de que essa força e nossos desejos também podem causar o colapso.”
Tal pessimismo está presente em faixas de cunho mais político, como “Animals”, “Explorers” e nas duas partes da faixa-título. “Survival”, por sua vez, representa a possibilidade de superação humana – e que, por ser humana, é passível de certas ironias. A ideia do livro The Psychopath Test: a Journey through the Madness Industry, do jornalista Jon Ronson, levou Bellamy a escrever uma música “sobre essa parte louca do cérebro que nos torna aptos à sobrevivência e à luta contra qualquer coisa para esse fim”. Após composta, a faixa tornou-se tema dos Jogos Olímpicos de Londres “quase que por acidente”. “A organização entrou em contato para tocarmos na cerimônia, eles ouviram a música e gostaram”, diz.
Em The 2nd Law, o Muse investe novamente sua energia em explorar novos horizontes musicais, como o dubstep de artistas como Skrillex e Nero. “Assistimos aos dois em diferentes ocasiões durante o processo de composição do álbum e ficamos tipo: ‘Cacete, isso é fantástico!’”, analisa o baterista Dominic Howard. “É como um show de metal, mas feito com música eletrônica, e o público ficou maluco.” Bellamy explica que o estilo, no entanto, foi adaptado ao universo do Muse. “Tentamos criar nossa versão daquilo, mas não há nada eletrônico”, diz. “Ao vivo, tudo será tocado com instrumentos.”
A nova turnê do Muse deve passar pelo Brasil no segundo semestre de 2013 – ou pelo menos é nisso que o trio aposta, destacando o lado positivo de se passar por aqui para trabalhar. “É como sair em férias”, relembra Wolstenholme sobre as apresentações da banda no país em 2008 e em 2011 (nesta última, abrindo para o U2). Com o lançamento, estaria o Muse pronto para assumir dos irlandeses o posto de maior banda do mundo? “Sim”, responde Howard, seco. Uma risada efusiva vem em seguida. “Se isso vai acontecer, já é outra questão.”