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Quatro Dias em Bonnaroo

Festas, drogas e rock'n'roll dão o tom do festival mais popular do verão norte-americano

Austin Scaggs e Evan Serpick Publicado em 08/07/2008, às 14h50 - Atualizado em 11/07/2008, às 17h08

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Ariana Fine(à esquerda),24 anos,de Nitro(Virgínia Ocidental),e Mindy Jordan(à direita),20,de Columbus(Ohio),vestiam tatuagens temporárias no lugar dos biquínis."A gente queria pintar os seios"
Ariana Fine(à esquerda),24 anos,de Nitro(Virgínia Ocidental),e Mindy Jordan(à direita),20,de Columbus(Ohio),vestiam tatuagens temporárias no lugar dos biquínis."A gente queria pintar os seios"

Eram 4h30 da manhã do domingo quando o rapper Kanye West surgiu no palco principal do Festival Bonnaroo. O céu era de um tom brilhante de azul enquanto o Sol rastejava pelo horizonte, iluminando quilômetros e quilômetros de planícies agrícolas do Tennessee. Milhares de pessoas (muitas das quais acordadas há quase 24 horas em um porre sem fim regado a música e drogas), esperavam por quase duas horas - o que levou algumas a xingarem, aos gritos: "Fuck Kanye West". Mas os graves estrondosos vindos do palco revitalizaram a platéia, que resgatava sua última gota de energia para o set frenético de 90 minutos. Um jovem hippie chapado na platéia descreveu a cena como "como estar na cidade nas nuvens de O Império Contra-Ataca". Outro hippie, Phil Lesh, que tinha acabado de encerrar seu show pessoal de três horas, encontrou um ponto próximo à barraca de cerveja e esticou o pescoço para ter uma visão melhor. Para os milhares de baladeiros que sobraram para o show de West - embalado por "Gold Digger", "Flashing Lights" e "Jesus Walks" -, a imagem era a de um popstar de primeira grandeza apresentando sua ópera hip-hop espacial com o chegar da aurora. Era uma experiência de comunhão emocionante, e só um dos motivos pelos quais 70 mil fãs e mais de 150 artistas se reuniram de 12 a 15 de junho em um pasto de 2,5 quilômetros quadrados em Manchester, no estado do Tennessee (a população total da cidade é de 8.300).

"Em qualquer lugar que você vá em Bonnaroo, as pessoas estão curtindo muito", diz Analise Smith, 21, que dirigiu por 16 horas de Key West (Flórida) para a sua segunda viagem ao festival. "Quem dera eu morasse aqui." Por um longo fim de semana a cada mês de junho, os campos ao redor de Manchester se tornam a área mais densamente ocupada do Tennessee, com campings formando uma cidade completa, com correio, estação de rádio e força de polícia montada (neste ano, houve 78 prisões e 124 queixas, muitas por acusações referentes a drogas. Os detidos foram levados para a delegacia de Manchester. As massas geraram 79 toneladas de lixo, montaram 60 mil barracas e visitaram 1.250 banheiros móveis).

Na quinta-feira, duas horas depois de a música começar, milhares ainda estavam presos no trânsito, na rodovia I-24. O destaque na noite de abertura era um show de quatro horas de atrações como MGMT, The Battles e Vampire Weekend, que fizeram o máximo para adicionar improviso - uma tradição no festival - ao seu repertório. "Tocamos uma música nova e sem nome", se diverte o baterista do Vampire Weekend, Chris Tomson. "E incluímos oito trechos novos no meio. Foi bem legal!" Tomson, que vestia uma camiseta do Phish durante o show, é um dos muitos músicos que já haviam visitado o Bonnaroo anteriormente - como fãs. "Eu estava na escola ainda, e dirigi 15 horas de Nova Jersey para chegar aqui. Assistir ao Trey Anastasio [líder do Phish] foi pra mim o momento inesquecível", diz.

Você lê esta matéria na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008