Depois de romper com o White Stripes, mudar de cidade e voltar a ser solteiro, Jack White usa o mundo fantasioso que criou como base para uma carreira solo
“Será que alguém pode ir lá fora e avisá-los que vamos reabrir logo mais?”, diz um preocupado Jack White, interrompendo uma entrevista para a MTV Brasil. Ele está atrás do pequeno balcão da loja da Third Man Records – parte de um complexo maior que também tem um estúdio de fotos, palco para shows e uma série de escritórios –, em uma área industrial de Nashville, no Tennessee. Uma funcionária avisa que o grupo de fãs que olha com curiosidade pela porta de vidro já foi informado. “Bom”, ele diz, ainda sem perder a expressão de preocupação. “Tem muita gente que vem de longe para conhecer a loja, não quero que eles se decepcionem.” A verdade é que aqueles admiradores provavelmente já se dariam por satisfeitos apenas em ver White ali, parado (em qualquer dia, quando não está viajando, o músico pode ser visto entrando e saindo do prédio – e os mais sortudos podem até ser atendidos por ele na loja, algo não muito raro). Em três anos de existência física (a gravadora foi fundada em 2001, mas a sede só foi aberta em 2009), a Third Man virou referência turística da cidade sulista. A sinergia local parece estar a todo vapor, com a prefeitura reconhecendo o enorme valor cultural da empresa: em abril do ano passado o proprietário foi homenageado com o primeiro Prêmio Embaixador da Cidade da Música, pela atenção internacional gerada pelo empreendimento. “O talento individual e o espírito criativo único de Jack White constroem pontes entre gêneros e gerações”, explicou o prefeito Karl Dean na época.
O político não poderia estar mais correto na definição musical, como comprova Blunderbuss, primeiro álbum solo do ex-White Stripes. Em 13 novas faixas, ele passeia pelo country, blues e inúmeros outros estilos, sem nunca tirar totalmente os pés do rock. Segundo White, isso só foi possível graças a Nashville e à experiência proporcionada pelo estabelecimento dele na cidade. “Quando Karen [Elson] e eu nos mudamos para cá, não conhecíamos ninguém – só conhecíamos um ao outro, éramos eu e ela”, conta, referindo-se à ex-esposa, modelo e cantora, com quem se casou em Manaus, em junho de 2005. “Agora acho que deve haver uns 30 conhecidos que vieram para cá. É selvagem! Muita gente começou a ter filhos... Essa família se tornou intrínseca ao nosso dia-a-dia.”
Por sorte, o bairro da Third Man tem passado por mudanças radicais. A construção de um gigantesco centro de convenções nas proximidades começa a dar nova vida ao antes amedrontador ambiente, cheio de galpões e ruas desertas. “Quando comprei este prédio, todo mundo dizia: ‘Meu Deus, tem um abrigo para moradores de rua de um lado, uma clínica de metadona do outro e um clube sexual de swingers ali em frente’”, diverte-se White. “Tudo isso continua por aqui, mas a área está sendo reconstruída. Todo tipo de pequeno negócio apareceu por aqui nos últimos anos. Acho que quando aquele prédio ficar pronto, essa expansão vai continuar. Mas Nashville é uma cidade muito progressista, positiva. Adoro a energia daqui.” De olhar cansado mas atento, pele de um branco que quase parece artificial e sempre vestido impecavelmente bem, o músico entende de mudanças. Só em 2011, ele passou por duas separações traumáticas: primeiro, veio o fim do White Stripes – depois de quase 15 anos de atividade – e, meses depois, o divórcio de Karen Elson (anunciado, surpreendentemente, com o convite para uma festa promovida pelo ex-casal). Essas angústias foram parar, mesmo que indiretamente, em Blunderbuss, tornando o disco uma experiência agridoce de ressentimento e esperança.
“Estou feliz que você tenha vindo!”, repete Jack White para mais de uma pessoa, circulando pela abarrotada festa de 3 anos da Third Man Records. Vestido ao estilo western, com um blazer azul, ele não parece estar nervoso, mesmo estando a poucos minutos de sua estreia solo. Cerca de 150 pessoas – amigos, familiares e jornalistas – enchem o ambiente, completado por uma decoração que beira o surrealismo. Animais empalhados, uma antiga paixão do músico, estão por todas as partes. É quase impossível olhar para o lado e não ser encarado por uma cabeça de búfalo ou andar sem esbarrar em um antílope (um pinguim, colocado em cima da geladeira, ajuda a quebrar o clima sério). Tudo parece ser parte de uma fantasia, mas para White é só parte da ânsia artística de se expressar.
“Pude desenhar arquitetonicamente um prédio, algo que sempre quis fazer”, ele explica, sentado atrás de sua gigantesca mesa em um escritório que cheira a cigarro e, claro, tem um pescoço e cabeça de girafa como decoração. O design da grande tela de um Mac – sim, o analógico Jack White é usuário da Apple – parece deslocado e comum em meio a tantas particularidades. “Desenhei cada detalhe, o que foi ótimo porque, até aquele momento, eu só havia conseguido expressar design por meio de capas de discos, encartes, clipes e shows – mas não arquitetonicamente, o que foi muito importante para mim.” Não é exagero: cada canto do local esconde um pequeno segredo de estilo. O banheiro, cuja foto pode ser vista nas capas dos singles de “Love Interruption” e “Sixteen Saltines”, é decorado com azulejos pretos e brancos, com toalhas nas mesmas cores. Acima do vaso sanitário, uma placa metálica, herança de alguma estação ferroviária: “Não use a privada quando o trem estiver na área de embarque”. A porta da sala de White tem estampado, em estilo antigo: “John R. White III Esq; Family Dentistry”. É uma piada ligando a indústria da música ao ato de arrancar dentes, o tipo de referência tétrica que o músico parece adorar.
O próximo passo é crescer: White comprou o prédio vizinho e vai expandir os domínios. Sem grandes pretensões, ele faz questão de ressaltar. “Foram passos de bebê até agora”, diz. “Quando comprei este prédio, só queria um lugar para guardar meu equipamento. Eu também queria relançar os 45 rotações antigos do White Stripes, cujos direitos haviam sido revertidos para mim quando o selo V2 faliu. Esses discos estavam fora de catálogo, e pensei que gostaria de ver todos os meus trabalhos eternamente disponíveis. Aí acrescentei o estúdio fotográfico, um palco para ensaios... A loja na frente, pensando que talvez umas duas pessoas viessem até ela por semana. E agora, nossa, centenas vêm todos os dias.” O interesse dos fãs não é só em visitar o local. Em fóruns da internet, é fácil encontrar longos debates sobre “o que existe atrás da porta amarela da Third Man” (resposta: uma área de estoque) ou coisas do tipo. Uma das grandes sacadas de Jack White foi exatamente esta: ele não produz apenas música, mas também um conceito que extrapola o som. Consequentemente, os fãs dele querem fazer parte daquele estilo e, mais ainda, entender aquele universo paralelo. O que, inevitavelmente, leva à investigação de cada frase que ele escreveu nas canções de Blunderbuss – sem dúvida as letras mais pessoais já lançadas por ele. A cor azul, adotada no design de quase tudo relacionado ao trabalho, praticamente esfrega a ideia de tristeza na cara do ouvinte. E, caso ainda reste alguma dúvida, ele posou com um abutre no ombro para a capa do disco.
“Eu nunca escreveria propositalmente algo sobre eu mesmo”, ele contra-argumenta. “Quero dizer, qualquer coisa que um artista faz vem, inevitavelmente, dele. Há alguma parte de você naquilo tudo. Não escrevi sobre algo pessoal, não de propósito. Para mim seria exploração demais.” Ainda assim, há um claro pessimismo amoroso nas novas canções. Ele ri nervosamente diante da sugestão de que o fim da relação com Karen poderia ter servido de inspiração. “Eu não baratearia qualquer tipo de relacionamento meu, de amizade ou amoroso, para que o público dissecasse aquilo. Seria injusto comigo e com as pessoas ao meu redor. Dito isso, nós artistas vivemos em nossos ambientes, então... Sabe?” O fato de estar sozinho dá mais peso às palavras cantadas – e White tem consciência disso. “Em bandas, isso acaba filtrado – você nunca sabe quem está escrevendo, se sou eu ou o Brendan [Benson, companheiro de composição no Raconteurs], ou se estou escrevendo para a Alisson [Mosshart] cantar [no Dead Weather]. Você não sabe de onde vem. Quando é só ‘Jack White’, as pessoas pensam no Jack White do passado, que acham conhecer, e tentam relacioná-lo com as letras. E tudo bem, isso é ótimo: tenho sorte em ter gente que se interesse em saber a origem daquilo tudo. Não é ruim.”
Dada a abertura, não custa tentar uma rápida interpretação. A música “Hip (Eponimous) Poor Boy” parece atacar, de forma bastante direta, a ex-parceira de White Stripes, Meg White. Duas frases que dão essa ideia: “let the stripes unfurl” (“deixe as listras se desenrolarem” ou, em tradução mais sensacionalista, “deixe o Stripes se dissolver”) e “and I’ll be using your name” (“usarei o seu nome” – o sobrenome White é, na verdade, de Meg, com quem Jack foi casado entre 1996 e 2000). Uma gargalhada escapa quando o assunto é mencionado. Ele já estava esperando essa “acusação”, e responde sorrindo, mas brincando nervosamente com um isqueiro. “Eu escrevi essa música sobre músicos que são ‘hip’, sobre a geração hipster, que vende autenticidade e realidade – mas tirando um lucro disso”, conta, percebendo o tique nervoso com o acendedor de cigarros, ele o afasta. “E o sonho americano. Eu estava falando da bandeira norte-americana na parte em que canto ‘let the stripes unfurl’, e claro que me ocorreu que alguém acharia que era sobre o White Stripes. E tudo bem, porque está tudo ligado mesmo: em especial o fato de o White Stripes ter sido uma banda ‘hip’ e nós vendíamos o blues para o público e também lucrávamos ao vender aquela realidade.”
Ele para brevemente, como se tomasse fôlego e retomasse a respiração. “É estranho quando você é um artista. Você vende coisas extremamente poderosas, que nunca gostaria de ver destruídas porque são pessoais demais para você... Mas você as vende. Você sobe em um palco e as vende.” Ainda na área pessoal, White diz ter uma ótima noção do nível de interesse gerado pela vida dele e, exatamente por isso, consegue controlar o tipo de informação que chega à imprensa e ao público. Foi por isso, então, que ele mandou um comunicado à imprensa informando que havia se separado de Karen? Ele ri e muda de assunto, de forma delicada. “Acho que estou em uma categoria especial: não sou superfamoso tipo Tom Cruise, Angelina Jolie ou algo assim, que são perseguidos e têm mentiras inventadas sobre eles o tempo todo. Eles lidam com muita coisa injusta. Tenho sorte nesse sentido, de não ser famoso daquele modo, não lido com aquela conversa fiada. Mas sou conhecido, sim. Consigo controlar, mesmo que de leve, o que é lançado ao mundo a meu respeito. Não me pedem para dar entrevista para a Oprah Winfrey na TV, e sim para ir à TV tocar uma música. É um ótimo ponto para se estar.”
Andando pela sede da Third Man, outra impressão é clara: o amor pelas coisas orgânicas, analógicas, é absoluto. Aqui as fotos do estúdio não são digitais e há discos de vinil por todos os cantos. Foram esses trabalhos – mais de 140 discos lançados até agora, indo de veteranos como Jerry Lee Lewis e Tom Jones até comediantes e personagens curiosos (um narrador de leilão, uma garota que consegue fazer dezenas de sotaques diferentes), com produção de White, que “poliram” o som que ele utilizaria em Blunderbuss. “[As pessoas que tocam no disco] vêm de todos os 45 rotações que fiz, e do disco da Wanda Jackson, que tinha uma banda de 12 integrantes. Comecei a trabalhar com essas pessoas nas minhas músicas porque eu já as conhecia”, diz. “Era só trazê-los para a canção que eu queria. Quando estava em Detroit, gravando com o Raconteurs, eu não conhecia músicos assim! O estilo de produção da Third Man me levou a conhecer umas 50, 60 pessoas das quais posso escolher. E todos são incríveis.” Mais uma vez, as diferenças entre o passado e o presente surgem: se o White Stripes remetia à sonoridade de garagem de Detroit, a atual vida independente de White está mesclada de forma inseparável a Nashville. “Todo artista é vítima de seu ambiente. Não dá para evitar. Eu só consigo fazer os discos quando eles acontecem. Imagino que se tivesse feito esses trabalhos em outras épocas, eles seriam outra coisa. Este não teria acontecido um ano atrás, não aconteceria daqui a dois anos.”
Nascido em Detroit, Jack White cresceu em um subúrbio distinto, uma vizinhança de polacos católicos que ali se instalaram nos anos 40. Não demorou muito e a vida pacífica do bairro afastado foi englobada pelos problemas de cidade grande. “Detroit é muito peculiar”, ele pondera. “Uns 30 anos atrás, a cidade começou a se espalhar para os subúrbios e virou uma área metropolitana gigantesca. É muito estranha a forma como ela se espalhou.” A urbanidade opressiva, reforçada pela presença marcante das três montadoras de automóveis (o que deu à cidade o apelido de “Motor City”), fez com que a musicalidade local florescesse – seja com o doce soul sessentista da Motown ou, mais tarde, com a revolta da classe operária nas vozes de MC5 e Stooges. Calcado nesse segundo grupo, surgiu, no fim dos anos 90, uma cena de garage – um rock sujo, básico, low-fi.
“Nessa época havia muitas bandas incríveis ali”, explica Brendan Benson, parceiro de White no Raconteurs e outra cria dos subúrbios da região. “Anos antes, quando eu tinha deixado Detroit para ir para a Califórnia, não era assim. Voltei para visitar a cidade, saí com uns amigos e, em uma semana, ouvi vários desses artistas. Vi que havia algo acontecendo ali e quis voltar. Era empolgante demais!” Depois de passar por uma série de grupos locais, o tapeceiro John Anthony Gillis (que assumiria o nome artístico Jack White) começou a se apresentar com a esposa, Meg Martha White, usando a alcunha The White Stripes. A progressão do duo foi meteórica. De White Stripes (1999) a Get Behind Me Satan (2005), os dois se mantiveram fiéis a Detroit e à cena musical local. Mas o sucesso da banda chamou a atenção dos holofotes, que logo ajudaram a inflar os egos na cidade. “A comunidade hipster de garagem de Detroit não me dava apoio”, conta White. “Era tudo muito cínico, saturado. Depois que o White Stripes ficou famoso, parecia que nada que eu fizesse poderia ser certo. Era doloroso sair de casa todos os dias.” Para gravar Icky Thump (2007), a dupla procurou novos ares, encontrando abrigo em Nashville – Jack optou por ir morar na cidade, mas Meg fixou residência em Los Angeles. “Nosso período em Detroit já havia acabado”, concorda Benson, que também foi para o sul norte-americano, assim como todos os integrantes das outras bandas de White, Raconteurs e Dead Weather. “A cena de lá estava acabando. Detroit é grande, mas é também muito pequena. Nashville tem mais a ver com nosso estilo de vida. Tem de tudo e você não se sente andando em círculo.”
“Tudo bem se tocarmos algumas músicas novas para vocês?”, brinca White, já no palco montado no fundo da festa da Third Man. Ele havia acabado de apresentar “Dead Leaves and the Dirty Ground”, hit do White Stripes, com uma banda feminina de seis integrantes (com baixo acústico, steel guitar, teclados, fiddle e a backing vocal de luxo Ruby Amanfu, já indicada ao Grammy). O esquema “guitarra e bateria” definitivamente não faz falta. “É diferente, há muitos elementos agora. Quando sou só eu fazendo a melodia no vocal, guitarra ou piano, não posso parar nem por meio segundo”, explica ele, no dia seguinte ao show. “Na noite passada, no palco, eu me liguei disso: ‘Uau, posso parar e a música continua! Posso não fazer nada, respirar’. Nas músicas do White Stripes, essa é uma experiência nova para mim. E também é bom poder fazer algo completamente diferente com elas.” E não é exagero. Em faixas como “Seven Nation Army”, “My Doorbell” e “Hotel Yorba”, todas parte do repertório dos shows solo, a sensação é completamente diferente. Algumas têm o lado country reforçado, outras ganham variações rítmicas só possíveis com essa formação de músicos (há ainda um segundo grupo, formado só por homens – segundo White, a intenção de manter duas formações distintas é para vencer barreiras de preconceito).
Segundo White, os novos arranjos surgiram naturalmente, e nunca foi sequer considerada a possibilidade de manter o formato original das faixas. “Eu não gostaria de entrar numa de nostalgia, tentando imitar o som meu e da Meg”, diz, incisivo e com careta de desgosto. “Não daria para todo mundo sair do palco e me deixar só com a baterista. Eu nunca faria algo tão ofensivo assim, tendo a recriar alguma coisa. É melhor empurrar para a frente, dar nova vida àquelas canções.” Também entraram no set list outras representantes de momentos musicais especiais: “Steady, as She Goes” e “Top Yourself” (Raconteurs), “I Cut Like a Buffalo” e “Blue Blood Blues” (Dead Weather). Em Nashville, os integrantes dessas bandas puderam ver a gênese de novas versões dessas músicas. “Foi estranho, com certeza”, conta Brendan Benson, depois de assistir ao show de White. “Primeiro pensei: ‘Que caralho é isso?’. De cara, me senti meio invadido. Mas isso logo passou e achei divertido.” Ele completa com uma brincadeira de fundo real: “E isso quer dizer que eu também posso tocar músicas do Raconteurs nos meus shows!” White, por sua vez, havia pedido permissão aos companheiros antes da apresentação. “Sempre fui muito fiel às minhas bandas, nunca misturamos as músicas delas [ao vivo]. Mandei um e-mail geral, para todos eles, dizendo: ‘vou lançar um disco como Jack White, nunca fiz isso antes, e quero fazer shows. Acho que bastante tempo passou, o suficiente para que eu me permita tocar qualquer canção que tenha escrito – porque não é uma banda, sou eu’. Todo mundo concordou. Alguma hora na minha vida isso aconteceria, agora é um bom momento.” O sorriso e a dança de Alison Mosshart na plateia foram a prova inegável disso.
Por outro lado, revisitar o repertório antigo em shows é o máximo de revisão histórica a que Jack White se permite neste momento. O Raconteurs e o Dead Weather permanecem inativos, mas ainda vivos, dependendo da agenda coletiva de seus integrantes para que a atividade seja retomada. Já o White Stripes, segundo o músico, recebeu uma definitiva pá de cal jogada sobre o túmulo. “Duvido muito que o White Stripes faça um show novamente. Talvez fosse um exercício de nostalgia e não acredito que isso venha a acontecer”, ele declara, definitivo. “O que me faz sentir bem é que não tenho arrependimentos em relação a nada, e é bom poder dizer isso.”