Em comemoração aos 15 anos da Rolling Stone no Brasil, continuamos a resgatar as melhores reportagens publicadas na história da revista desde 2006. Esta semana, é hora de relembrar os atentados terroristas que ocorreram nos Estados Unidos há exatos 20 anos, em 11 de setembro de 2001.
Nos relatos que se seguem, originalmente publicados na edição 880 da RS EUA [outubro de 2001] e republicados na edição 60 [setembro de 2011] da Rolling Stone Brasil, artistas como Mick Jagger, Yoko Ono e Lou Reed comentam suas impressões sobre os ataques às torres do edifício World Trade Center em Nova York. Coletados semanas após o fatídico 11/9, os depoimentos chamam a atenção não só pela emoção genuína das palavras, mas também pela riqueza de detalhes que só quem foi testemunha ocular da tragédia poderia oferecer.
–Pablo Miyazawa, ex-editor-chefe da RS Brasil
KURT LODDER (jornalista da MTV e ex-Rolling Stone)
Acho que eu amava minha pequena vizinhança no centro mais do que jamais imaginei. Os cafés ao ar livre ao longo da West Broadway. O caminho gramado à beira do Rio Hudson. As ruazinhas de paralelepípedos, as delis coreanas 24 horas, a grande livraria Borders a cinco minutos de caminhada descendo a Church Street, onde passei tantas manhãs olhando as prateleiras. E, é claro, o apartamento onde morei pelos últimos dez anos, a apenas três quarteirões das monumentais torres do World Trade Center. Alguns desses lugares agora se foram para sempre. O restante jamais será o mesmo. Como muitos outros moradores locais, fui arrancado da cama como uma bala um pouco antes das 9 da manhã de 11 de setembro por causa de um estrondo assustador até mesmo pelos padrões ensurdecedores de Nova York.
Descendo a rua, minha namorada e eu vimos a fumaça tomando o céu ao sul, muito perto, e grupos de pessoas confusas se formando nas esquinas abaixo. Era só fogo? Um cano de gás estourado? O quê? Então outra explosão chacoalhou o ambiente, e de repente uma palavra inconcebível estava no ar: terroristas. Tendo corrido de volta ao apartamento para pegar nossos dois cachorros, pude ouvir os sons do caos e da catástrofe crescente no lado de fora – sirenes e gritos e o barulho horrendo, retumbante de algo inimaginavelmente enorme desmoronando.
Uma das torres havia – espantosamente, impossivelmente – desaparecido. A outra estava hediondamente partida e em chamas. De seus andares mais altos, pessoas se jogavam em direção à morte, rodopiando aterrorizadas rumo ao concreto abaixo"
De volta à rua, polícia e bombeiros circulavam por todo lado. As pessoas fugiam subindo a Greenwich Street em pânico descontrolado. Me apoiei contra a parede de um edifício e olhei para o alto, para as torres gêmeas do World Trade Center, a vista mais familiar e dominante da vizinhança. Uma delas havia – espantosamente, impossivelmente – desaparecido. A outra estava hediondamente partida e em chamas. De seus andares mais altos, pessoas se jogavam em direção à morte, rodopiando aterrorizadas rumo ao concreto abaixo (meu filho, que estava do lado de fora de sua escola diretamente a leste do WTC, mais tarde me contou que viu um homem e uma mulher pularem do prédio de costas, um segurando a mão do outro, e, depois de uma longa e tremulante queda, atingirem o chão bem à sua frente).
Então a torre remanescente implodiu. Cinquenta anos de filmes catástrofe hollywoodianos não foram capazes de preparar qualquer um para a realidade desta aterrorizante visão – tão perto e tão enorme que parecia o próprio tsunami do inferno vindo para nos engolir. Todos que ainda restavam na rua agora estavam correndo. Me voltei para minha namorada em uma esquina próxima, e corremos também. O resto do dia foi como um borrão. Conseguimos chegar à casa de um amigo em Greenwich Village, passando por montes de pessoas enfileiradas à espera nas cabines telefônicas enquanto outras se aglomeravam em volta de carros com seu rádio no último volume, tentando assimilar o pesadelo em que o noticiário havia se transformado.
Mesmo a esta pequena distância de tudo, a vida continuava – de um modo bizarro. Embora o único trânsito nas ruas parecesse consistir de veículos de emergência gritando com suas sirenes em seu caminho em direção ao centro, e as únicas coisas no céu fossem caças e helicópteros militares, alguns restaurantes ainda estavam abertos na região da Bleecker e da MacDougal, e as pessoas estavam – calmamente e assustadoramente, pensei – tomando café sob a luz brilhante do sol. O Washington Square Park estava levemente povoado pelos costumeiros jogadores de xadrez e pelos chapados itinerantes. Mas as lojas pelas quais passamos que ainda não estavam fechadas estavam prontas para fazê-lo assim que o sol começasse a se pôr. Nesse momento recebi um telefonema dos céus em meu celular, de um amigo oferecendo o uso temporário de um apartamento e estúdio que pertencia à sua família, em Upper East Side. Claramente, de todas as milhares de pessoas afetadas diretamente pelo ataque ao World Trade Center, estávamos entre as mais extraordinariamente afortunadas.
Na sexta, exibindo uma velha conta que atestava nosso endereço, conseguimos passar por várias barricadas da polícia até a Chambers Street. Lá, nos juntamos a uma longa fila de meio quarteirão de pessoas esperando que o nome de sua rua fosse chamado, e finalmente fomos levados pelas vias salpicadas de destroços até nosso prédio, onde um sargento da Guarda Nacional nos guiou com sua lanterna por uma escura escada nos fundos para uma visita de 15 minutos. Dentro de nosso apartamento, tudo, quase milagrosamente, estava exatamente como havíamos deixado, com exceção de uma mutação digna de Pompeia: por termos deixado nossas janelas abertas, tudo estava coberto por uma uniforme e grossa camada de pó branco acinzentado vindo da demolição do lado de fora. Atordoados e desorientados, juntamos algumas roupas e partimos rápido.
Voltei à Chambers Street na sexta à noite com uma amiga e seu filho de 12 anos; ela queria que ele testemunhasse a horrível realidade do que havia acontecido em vez de recebê-la apenas pelo filtro insípido da tela da TV. Não conseguimos passar pelas barreiras desta vez, então nos esgueiramos pela Greenwich Street até a cobertura de uma grande rede de notícias, onde as equipes de filmagem confinadas lá dentro tinham conseguido as agora já familiares imagens do evento. No fim da rua, a poucos quarteirões de distância, emoldurada entre os dois edifícios mais ao sul que ainda restavam em pé, erguia-se uma monstruosa, irrequieta pilha de metal retorcido e pedra e Deus sabe lá o que mais fumegando, chiando e cuspindo na terrível noite escura como breu.
Em nosso percurso de volta para o carro de minha amiga, paramos em um bar, o Reade Street Pub, onde um grupo de membros de equipes de resgate, cansados e sujos, recém-saídos de seus turnos, estavam tomando alguns merecidos drinques. Por dias os canais de notícias haviam sustentado a esperança de que pudesse haver bolsões de sobreviventes enterrados entre os acres de destroços fumegantes do World Trade Center; tinham diligentemente exibido imagens de quase cinco mil pessoas ainda oficialmente listadas como “desaparecidas”. Essa improvisação de esperança de última hora era verdadeiramente de partir o coração. Qualquer um que houvesse estado no local, pensei desesperadamente, concluiria que tal possibilidade era grotescamente remota.
No bar, encontrei um dos muitos adestradores de cães trabalhando no local do ataque; ele estava segurando seu rottweiler treinado, equipado com bolsas de suprimentos de emergência, em uma grossa correia preta. Um número de cachorros de resgate já havia sido perdido nas traiçoeiras ruínas, ele disse. Quanto a seres humanos, ele havia conseguido desenterrar 33 partes de corpos, incluindo dois torsos e um braço, amputado do antebraço para baixo. Isso me lembrou uma história que eu tinha ouvido mais cedo naquele mesmo dia sobre um ferreiro que havia sido chamado para o local do WTC e encarregado de arrancar o teto de um elevador bem grande que havia sido desenterrado; dentro ele encontrou... bem, foi uma visão que ele jamais irá esquecer até o dia de sua morte.
Parado perto do adestrador, seu estetoscópio enrolado sobre o balcão, estava um membro do SEM (Emergency Medical Services) de Nova Jersey que se voluntariou assim que ouviu as notícias do ataque de terça-feira. O homem sentia a certeza de que ainda havia vítimas vivas presas dentro dos escombros.
“Sei que há um milagre lá fora”, ele disse, exausto, tomando o último gole de um copo de uísque.
“Já encontrou algum?”, perguntei.
“Não”, ele disse.
É segunda de manhã enquanto escrevo este texto, quase uma semana depois da catástrofe que literalmente balançou nosso mundo complacente. Estou sentado agora usando o computador e observando um jardim no norte do estado de Nova York, abusando de mais um amigo generoso, longe de minha rua coberta de detritos no centro de Manhattan, que ainda está bloqueada e inacessível e pode continuar desse jeito por algum tempo. Como cada americano, venho tentando entender o que aconteceu conosco tão subitamente, brutalmente e inexplicavelmente. Estamos em guerra com a parcela radical do Islã? Se é assim, se trata de um inimigo na linha dos nazistas e do Japão imperial do último século – uma maldade social psicopata que precisa ser exterminada completamente, e a qualquer custo, da face da Terra? Ou fomos retardadamente sugados para dentro do rio complexo que é a história contemporânea, uma torrente implacável na qual o resto da civilização ocidental já vem se debatendo há décadas, e da qual conseguimos nos manter isolados, nas praias de nossa ignorância, correndo grande perigo?
Essas são as grandes questões, mas não sou eu quem vai examiná-las. Claramente o horror do que aconteceu em Nova York no dia 11 de setembro permanecerá marcado na alma de todos que passaram por isso. Agora, entretanto, estou esgotado, cansado de pensar e sentir medo. Tudo o que quero é ir para casa.
MICK JAGGER
Eu fiquei em estado de choque, porque [minha filha] Elizabeth mora a 15 quadras do WTC. À tarde, conseguimos chegar à cidade via África do Sul, o que foi muito estranho. Eu percebo em muitos de meus amigos norte-americanos um senso de violação, embora eles mesmos não consigam transformar esse sentimento em palavras. É uma coisa horrível ter essa certeza destruída – de que a América era o lugar onde todos se sentiam seguros.
Eu vivi [na Inglaterra] pelos últimos 30 anos com isso – convivendo com gente que atiraria bombas em pubs e shoppings, onde pessoas inocentes estavam. Passei por diversas situações em que isso aconteceu, em que você podia ouvir a bomba explodindo. Era muito assustador. O terrorismo, seja matando cinco pessoas seja matando cinco mil, ainda é um desrespeito aos valores humanos normais, ao que você espera em uma sociedade civilizada. Nunca acreditei na violência como meio de alcançar os objetivos políticos que mencionamos em músicas como “Street Fighting Man”. Às pessoas que acreditavam nisso, digo que não tenho tempo para elas ou para as noções românticas que as cercam.
Eu estava na França quando tudo isso começou e então fui para o Reino Unido. O sentimento opressor de choque foi lentamente substituído por um companheirismo contagiante. Havia solidariedade e compaixão verdadeira, a sensação de que queríamos estar lá com todos. Foi genuíno e muito tocante. Havia essa coisa na TV vinda da Alemanha, essa enorme multidão comparecendo a uma cerimônia em memória das vítimas. Foi gigantesco. Mas como isso se reflete no próximo passo, esta intangível atividade militar – o mistério disso é como vai ser e o que vai acontecer? O Oriente Médio é muito mais próximo da Europa do que dos Estados Unidos. Isso tem uma importância muito grande quando estamos falando de mísseis balísticos e o envolvimento do Iraque. Não estou dizendo que as pessoas estão correndo por aí assustadas, mas é uma visão diferente. E temos muitas pessoas do Oriente Médio morando nesses países, o que complica o fator emocional.
As pessoas falam: “Minha vida, todas as minhas coisas, agora parecem tão triviais”. Me senti assim também. Mas depois de todo choque e do pesar vem o inevitável ajuste à vida real. Em tempos de guerra, meus pais tentaram continuar vivendo tão normalmente quanto era possível, apenas com alguns ajustes. Você não pode deixar que os terroristas mudem seu estilo de vida completamente. Eles adorariam que isso acontecesse, seria uma vitória para eles. As pessoas estão abaladas. Mas você não deve perder a esperança e o ânimo. Você deve ficar de luto. Agora você está grudado na CNN mais do que deveria. Só que, no fim das contas, tem que fazer o que sempre fez.
ALANIS MORISSETTE
Eu estava a caminho do aeroporto de Los Angeles, indo ao Congresso para falar sobre o que anda acontecendo com os direitos digitais para os artistas, quando recebi um telefonema dizendo: “Você não vai para Washington D.C., fique em casa”. Então, fiquei em meu lar agarrada a meu namorado o dia todo, completamente devastada e em choque, sem fala. Para artistas e músicos, é a hora de achar uma resposta apropriada ao que aconteceu. Farei um show beneficente em São Francisco. E posso vir a lançar alguma música que eu sinta que possa ter algum valor, mesmo que minúsculo, muito minúsculo em termos de conforto. Na noite passada ouvi Leonard Cohen e Jeff Buckley. Mas agora há uma porção de canções que não sou capaz de ouvir.
YOKO ONO
Definitivamente, me vi de volta à infância em Tóquio durante a Segunda Guerra Mundial. Lembrei-me de que todas as noites havia uma sirene, e isso significava que os B-52s estavam sobrevoando a área. Então você ouvia as bombas caindo. Elas tinham um som muito especial – esse “boom, boom” – e você sabia que elas estavam chegando cada vez mais perto de onde você estava. E achava que ia cair em cima de você. Mas então parava, você saía do abrigo e percebia que havia sobrevivido a mais um dia.
Acho que vamos criar uma nova realidade juntos. Somos uma mente, um corpo. E recebemos um incrível golpe neste corpo. É hora de percebermos que não devemos tentar, por causa da raiva e do medo, decepar outro de nossos braços. Este corpo tem que viver e sobreviver. É verdadeiro o que disse Mahatma Gandhi: “Olho por olho e o mundo acabará cego”. John [Lennon] ficaria extremamente com raiva. Mas ele não era idiota. Era um cara sábio. Sabia que tinhamos que agir não usando nossas emoções, mas sim nossa sabedoria.
Nos anos 60, quando os políticos radicais diziam “Matem os porcos” – se referindo à polícia –, nós dizíamos: “Abracem os porcos. Beijem um policial”. E as pessoas achavam que éramos loucos. Gente que estava do nosso lado nos achava loucos. Mas este é um momento de cura. E um momento em que os cidadãos norte-americanos deveriam tentar conhecer e entender a linguagem e as crenças dos muçulmanos. Em vez de odiá-los, devemos ouvir o que eles têm a dizer. Temos que descobrir o que eles têm a nos contar sobre isso e sobre sua fé. Podemos ter uma guerra, mas não é o fim do mundo. Testemunhei Hiroshima e estava em Tóquio quando a cidade ardia em chamas. E sobrevivemos. Somos gente muito resiliente, a raça humana.
Minha experiência foi dolorosa, mas me fez mais forte. Fiz o meu melhor com o que tinha – o sentimento de que havia acabado de passar por algo terrível, mas tinha sobrevivido. Sinto que há pessoas que se sentem ameaçadas pela ideia de paz, porque querem ir à guerra. Mas temos que ter a sabedoria para não levar essas pesquisas a sério. Elas mostram que mais de 80% das pessoas querem a guerra. Ninguém me perguntou. Nenhum pesquisador veio até mim e fez essas perguntas. Nenhum dos meus amigos foi questionado também. Que tipo de pesquisa é essa? Frequentemente, quando rezamos pela paz, imaginamos a guerra. Imaginar e rezar são coisas que devem andar juntas. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz enquanto você reza.
LOU REED
Eu vi do meu telhado no Village. Pude ver e sentir o cheiro da fumaça por dias. Ainda consigo ver – ainda está lá. Estamos pagando o preço por algo que nossos líderes políticos fizeram em nome do petróleo. Isso não aconteceu do nada. Não é sem motivo. E, como alguém que excursiona bastante e vai a aeroportos o tempo todo, sempre notei a falta de segurança dentro dos Estados Unidos. Nunca levamos a segurança muito a sério. Nossa segurança sempre foi voltada para as drogas. Esses caras demonstraram que não precisamos de uma defesa contra mísseis digna de Star Wars. E só precisaram de duas passagens de Boston para Los Angeles.
Aqui está tudo muito louco. Há umas camisetas à venda, com uma imagem das torres e frases como EU ESCAPEI. Jesus. Mas esta é a beleza da democracia em Nova York. Há espaço para todos, incluindo os oportunistas. Tivemos todo tipo de lunáticos locais ligando para dar alarmes falsos. Em uma situação dessas, dar um alarme falso? Alguns de nós estavam andando por aí, e passamos pelo cinema na Union Square. Foi tudo tão estranho, tudo aceso, mas ninguém lá. Mas havia uns caras lá dentro, e eles saíram e disseram: “Olha, esta noite isto aqui é um abrigo. Se vocês quiserem usar o banheiro ou precisam dormir ou se simplesmente estão tristes e querem ir para algum lugar, entrem”. Nos emocionamos. Gosto de pensar que isso é Nova York. Naquela noite, 90% das pessoas estavam mudando sua rotina, verdadeiramente tentando ajudar outras pessoas.
Voltar a excursionar? Falei com Tony Smith, meu baterista, nesta manhã – sim, vamos voltar. Quero dizer, estive em revoltas na Itália quando só Deus sabe o que estava acontecendo com a Brigada Vermelha. Estávamos rodando pela Europa quando isso ou aquilo estourou. O que aconteceu agora aumenta bastante o risco. Mas não se trata apenas de: o que você vai fazer a respeito das turnês? Agora é: o que você vai fazer a respeito da sua vida? Há um motivo para fazer o que fazemos? Acho que há. Fazer música, criar coisas lindas. Temos que estar apaixonados pelo que há de bom e belo. Se não estivermos, então se trata apenas de um estado niilista. Acredito que algum bem surge do mal. Sempre. De um jeito ou de outro. Pode levar muito tempo até que possa ser visto.
Todo mundo que conheço está deprimido e teve dificuldades para conseguir manter o foco, mas o único jeito de se livrar disso é trabalhando – fazendo coisas positivas. Estávamos no meio da produção de um novo disco. Ninguém iria me impedir de terminá-lo. E é isso. Não vou deixar Nova York. Nem ninguém vai. Estamos aqui. Somos norte-americanos quintessenciais – não somos apenas americanos, mas norte-americanos nova-iorquinos.