Johnny Marr retorna ao Brasil pouco mais de um ano após participação no festival Lollapalooza
Foi preciso uma experiência memorável para trazer Johnny Marr de volta ao Brasil rapidamente. “Foi surpreendente, a plateia sabia cantar as músicas do [primeiro álbum solo, de 2013] The Messenger”, lembra-se o guitarrista, falando sobre o show na edição nacional do Lollapalooza 2014. “Minha banda ficou impressionada.” A ocasião foi marcada por um momento especial, no qual algo próximo da formação original do Smiths (ou, pelo menos, o mais próximo que os brasileiros já presenciaram) tomou o palco: Marr tocou o hit “How Soon Is Now?” com o ex-baixista da banda, Andy Rourke.
Neste mês de junho, Marr retorna a São Paulo para fechar o festival Cultura Inglesa, em apresentação com abertura do Strypes. Desta vez, ele traz a turnê de Playland (2014), disco que dá continuidade à carreira solo iniciada tardiamente – mais de 15 anos depois do último álbum do Smiths.
“Consegui conhecer minha plateia de perto”, conta, definindo o segundo disco como um resultado da experiência solo ao vivo. “Minha banda estava muito entrosada. Queríamos traduzir o que fazemos no palco.” Contudo, Playland é mais do que Marr e sua banda afiados no estúdio. O trabalho beira o conceitual, com divagações acerca da futilidade, ganância e aspectos da vida moderna. “‘Easy Money’ trata de como as pessoas vivem por dinheiro”, diz, citando o principal single do álbum. “Por isso fiz a música em formato pop e comercial, como uma forma de tirar sarro.”
Agora, além da carreira solo, Marr prepara uma autobiografia, anunciada para 2016. “Tenho muitas histórias”, comenta. “Meus amigos estão cansados de me ouvir contá-las até às 2h da manhã e querem que eu as coloque em um livro e cale a boca [risos].” Aos 51 anos, ele encara as memórias da juventude e medita sobre a passagem do tempo. “Eu vivia como se tivesse 36 horas por dia. Agora, vivo com as usuais 24 horas”, brinca, acrescentando: “Também acho que estou mais educado. Ou pelo menos gosto de pensar que sim.”