Gene Simmons diz que no Kiss todos são estrelas, mas ninguém pode negar que sua mão de ferro e faro para marketing têm sido peças fundamentais para que a banda se mantivesse em evidência nestas últimas quatro décadas. Aos 63 anos, o cidadão israelita nascido Chaim Weitz ainda mostra uma invejável vitalidade e continua cheio de planos.
A banda esteve no Brasil pela primeira vez em 1983. Você tem alguma recordação dessa turnê?
Nós sabíamos que a primeira vez do Kiss no Brasil seria histórica. Tocamos no lendário Maracanã e em um grande estádio em São Paulo (Morumbi). Lembro-me de muita gente nos shows, da imensa paixão que os fãs brasileiros têm pela banda. Aquela visita ao país era muito esperada. Aí tem tudo o que mais gostamos: sol, praia, mulheres bonitas e futebol. É um local dos sonhos. Em outras circunstâncias, eu deixaria Los Angeles para ir morar em alguma praia no Rio de Janeiro! E eu sei que em todas as vezes que estivemos no Brasil nunca desapontamos – os fãs contam os minutos para nos assistirem novamente.
Daqui a dois meses o Kiss vai completar oficialmente quatro décadas de existência. Quando você olha para trás, ainda reflete sobre aqueles tempos?
Eu me lembro do primeiro show que fiz com o Kiss. Quando subi ao palco, não tive nenhum medo ou nervosismo, sabia que tudo iria dar certo. Sempre fui muito confiante. Desde o começo, nós sempre buscamos a excelência. Os Beatles eram a nossa referência: um quarteto em que todos eram astros, contribuíam igualmente para a qualidade e para o sucesso do grupo. Na parte musical, o Kiss sempre funcionou como uma democracia. Basta ouvir Monster, nosso novo CD, e perceber isso.
Monster está sendo bem recebido. O que o álbum representa para a banda?
Resolvemos olhar para trás e ver que somos uma banda de rock que o que sabe fazer de melhor é tocar alto, com as guitarras na frente. Sem frescuras, nada de violões, orquestra sinfônica, acordeons ou convidados que não acrescentam em nada. O disco foi feito muito rapidamente, com todo mundo compondo, tocando ao vivo. Todos têm méritos: Paul cuidou da produção e o Eric e o Tommy vieram com ideias muito boas. Sem modéstia, em Monster produzimos algumas de nossas melhores faixas da carreira, como “Wall of Sound”, “All for the Love of Rock and Roll” e “Outta This World”. Esta última é do Tommy, ele também fez um grande trabalho no vocal.
O fato de o Kiss não estar no Hall da Fama do Rock ainda incomoda a banda?
A mim não incomoda, mas aos fãs sim. Eles estão sempre se mobilizando com petições e nós ficamos ao lado deles. Já falei para outros músicos que são “esnobados”: o Hall da Fama é uma piada, não liguem para isso. Sim, a ideia é até boa, mas as figuras que tomam conta, que organizam, são as pessoas erradas para o serviço. Lá tem Madonna, Blondie, Chaka Khan... O que é isso, é o Hall da Fama da Disco Music? Tudo bem, o Led Zeppelin está lá, mas não tem o Deep Purple. [Nota: o Deep Purple foi indicado novamente, mas sua indução ainda não foi aprovada. ] Repito: piada!
O reality show Family Jewels, que você estrela ao lado de sua família, está chegando à sétima e última temporada nos Estados Unidos. Como foi a experiência?
Eu adoro fazer televisão. Mas o tempo que as gravações tomam é enorme. E tempo de sobra é justamente algo que não tenho agora. Temos o disco novo e uma turnê gigantesca pela frente. Já são 45 shows marcados, todos com lotação esgotada. Ainda faremos o Cruzeiro do Kiss, que vai passar pelas Bahamas. E ainda vamos ter a comemoração dos 40 anos em 2013. Seria impossível continuar a gravar. Também acho que já aconteceu de tudo em Family Jewels, não sei o que mais a gente poderia fazer lá. Mas eu tenho outros projetos para a TV. Um deve se chamar House of Horror, bem na linha de Além da Imaginação. Temos também outra ideia chamada Rocksteady, mais musical. São conceitos que estamos desenvolvendo.