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Rumo ao Espaço Pop

Com dezenas de parcerias musicais, dupla N.A.S.A. faz trilha sonora para um mundo sem fronteiras

Por André Maleronka Publicado em 12/06/2009, às 16h58

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Durante uma breve passagem por São Paulo, depois de apresentações bem-sucedidas do projeto N.A.S.A. (que forma ao lado do DJ norte-americano Squeak E. Clean) na Inglaterra, na Alemanha, na França, na Bélgica, no Canadá e nos Estados Unidos, o DJ Zegon só queria saber de sua filha, Sofia, que acabara de completar 3 anos. Mas foi só ela ir para cama que Zegon se mandou para o estúdio para fazer mais um remix do N.A.S.A. Só em seu laptop, Zegon, que já foi DJ do Planet Hemp e de Marcelo D2 solo, já acumula mais de 30 versões de músicas de Spirit of Apollo, álbum de estréia recheado de participações especiais de peso, lançado este ano. "A coisa está tomando uma proporção gigante, maior do que a gente esperava", revela. Após se apresentar no festival South by Sothwest - "Foi nossa terceira vez lá, não sei se faremos de novo no ano que vem" -, e no NAMU (festival de Anthony Kiedis, do Red Hot Chili Peppers), eles também fizeram uma apresentação no festival Coachella, na Califórnia, na noite encabeçada por Paul McCartney.

No deserto californiano, o show teve as participações do cantor Ras Congo - que participou do disco e acompanha a dupla ao vivo - e do rapper Fat Lip (do Pharcyde), além da presença de uma nave-mãe inspirada na que frequentou os shows do Funkadelic nos anos 70 (o tresloucado timoneiro do funk psicodélico, George Clinton, está entre os quase 50 artistas que abrilhantam o disco). Clinton, aliás, ofereceu a nave original, usada pela banda dele, "mas ela estava guardada em um depósito, ficava mais barato fazermos outra do que transportarmos até o festival", segundo Zé. Também houve dançarinas "marcianas", com seus corpos pintados de verde e até uma participação via link digital da estrela Kanye West. "Ele foi um dos mais difíceis de gravar no disco", conta Zé. "Foram vários encontros até dar certo. O que ajudou foi que o Squeak trabalha com engenharia de som, e foi ele quem fez a transposição do 808's & Heartbreak [disco mais recente do rapper] para o show", diz. "Sabe, a gente não resistiu. Tendo o Kanye, fizemos essa faixa mais clube, mais pista."

Para o brasileiro, o trabalho foi se transformando ao longo do tempo que levou para ser gravado. "O disco todo foi feito ao longo de cinco anos, as coisas mudam. As coisas novas são mais nessa linha. Tô tocando muito esse som novo que o pessoal chama de bloghouse, porque é música eletrônica que o pessoal distribui em blogs, com BPM bem mais alto do que de rap. Faz tempo que eu procuro rap pra incluir nos meu sets, mas a maioria hoje em dia está muito fraca." O show do N.A.S.A. é audiovisual: "Ficaria chato só com dois DJs. Então tudo o que a gente toca do computador está em sincronia com imagens que escolhemos".

E isso conclui desde trechos da série Supermáquina até pedaços dos filmes preferidos da dupla. "O que acontece é que, quando mexemos nas amostras de música, isso altera as imagens também", explica. "Então cada show é único. Em cada cidade que a gente chega, filmamos os locais falando o nome da cidade para usarmos na introdução do show. Dá muito trabalho! E, se a gente não fizer isso uma vez, já era, nunca mais faremos!", explica, rindo do próprio sofrimento. Agora ele se prepara para uma verdadeira volta ao mundo: mais datas nos Estados Unidos, na Austrália, um pulo na Ásia, e em países europeus que ainda não visitaram, passando por festivais como o Roskilde (na Dinamarca) e o Montreaux (na Suíça). A volta ao Brasil ocorre no fim do mês, dentro do Festival Kaballah, em Itu.