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Sangue Brutal

Max Cavalera preza a convivência em família, sempre incutindo nos descendentes o amor pela música pesada

Estefani Medeiros Publicado em 13/04/2016, às 23h29 - Atualizado às 23h39

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“A energia do público é como uma droga”, diz o músico - Divulgação
“A energia do público é como uma droga”, diz o músico - Divulgação

Perto da hora do almoço na cidade norte-americana de phoenix, onde mora com a mulher e empresária, Gloria, Max Cavalera atende ao telefone. A sala da casa está animada – dá para ouvir os quatro netos dele, com idade entre 4 e 12 anos, fazendo bagunça. “Eles ainda não sabem, mas vão ouvir metal. Essa é a minha missão”, gargalha. Com 30 anos de história na música, Max se orgulha de viver sob “as próprias regras” e do legado que está criando com o “amor pelo heavy metal”. “É um lance que tem gente que tem e tem gente que não tem”, tenta explicar. “Quem tem é radical, a gente é conectado

com isso. E sempre gostei de pessoas que lançam o ‘foda-se’ e fazem o que amam.”

O plano para 2016 é tocar sem a obrigação de compor. Neste mês, ele desembarca no Brasil com o Soulfl y para shows em Florianópolis, Rio de Janeiro, Fortaleza, Ribeirão Preto e São Paulo. Depois, seguirá com o Cavalera Conspiracy, banda que mantém ao lado do irmão, o baterista Igor, em turnê pela Europa e pelos Estados Unidos. Em solo norte-americano, os dois também farão shows tocando na íntegra o disco Roots, do Sepultura, que completa 20 anos em 2016. Para Max, é tudo pela música. “Não tem muita grana, né? Aqui ninguém é milionário, é um lance do amor pelo metal mesmo, manter vivo o que a gente faz.”

Aos 46 anos, estar na estrada ainda é o combustível da vida do cantor, compositor e guitarrista, que começou a carreira em meados dos anos 1980, com o Sepultura. “Estamos sem parar direto desde que saiu o mais recente álbum do Soulfly [Archangel lançado em agosto de 2015,]. Fizemos pela primeira vez uma turnê mexicana. Tocamos em Juarez, a cidade mais perigosa do mundo, e foi muito legal.” A apresentação realizada em Paris no último mês de fevereiro também ficou marcada na memória do artista. “O clima foi especial, [foi bom] ver que o pessoal está saindo e vendo show mesmo depois do que aconteceu”, afirma, relembrando o ataque terrorista à casa de shows Bataclan, em novembro de 2015. “Eles fi cam felizes de ter>

bandas como a nossa tocando lá.”

À frente do Soulfly, Max já contabiliza dez álbuns e mais de uma centena de músicas, mais do que lançou em seus 12 anos com o Sepultura, sem contar projetos paralelos,como Nailbomb e Killer Be Killed. Apesar de passar boa parte do ano na estrada, se apresentando com qualquer que seja a empreitada da vez, Max tem hoje um ritmo mais tranquilo. Se na época em que fazia shows com o Sepultura tomava quatro copos de vodca antes de subir ao palco, hoje,com o Soulfly, o clima é saudável: o ônibus de turnê é abastecido com isotônicos, sucos e mel para cuidar da voz. Para passar o tempo, assiste a séries como Twin Peaks e Game of Thrones. Archangel, inclusive, conta com a música “Mother of Dragons”, homenagem ao épico de George R.R. Martin e dedicada a Gloria, já que tem como título o apelido dado a ela pelos filhos do casal – Richie, Zyon, Igor, Jason e Roxanne.

Parte da prole, que está envolvida no trabalho de Max desde a inclusão do som dos batimentos cardíacos de Zyon na introdução de “Refuse/Resist”, cresce musicalmente com a ajuda do pai. “A banda do Zyon e do Igor, o Lody Kong, e o Incite, do Richie, estão abrindo os shows do Soulfl y. Então, saímos todos juntos em turnê, parece um circo”, brinca.

Agora em versão família – durante toda a conversa, os netos seguem brincando perto do avô –, Max continua movimentando uma legião de “camisas pretas”, expressão usada pela mãe dele, Vânia, para designar os primeiros fãs dos Cavalera. “A energia do público é como uma droga, é a sensação mais foda do mundo”, compara. “Ter plateia na Rússia, na França e na América Latina, onde a galera é completamente louca e existe agressividade de verdade, é o que me mantém querendo tocar.”