Sem deixar o sex appeal de lado, ela se encontra na pele de uma típica vilã de histórias em quadrinhos
Após repetir pela terceira vez o papel de musa do diretor Woody Allen (em Vicky Cristina Barcelona), Scarlett Johansson resolveu se arriscar: em The Spirit, dirigido por Frank Miller e baseado na clássica série em quadrinhos de Will Eisner, a atriz de 24 anos interpretou uma vilã carregada de maneirismos, frases de efeito e figurinos bizarros, inclusive um polêmico uniforme nazista. "As roupas eram lindas, uma mais incrível que a outra", ela lembrou, durante entrevista em Nova York. "Era a parte divertida de se começar o dia de filmagens."
Dá pra comparar trabalhar ao lado de Frank Miller e de Woody Allen?
São pessoas completamente diferentes. É difícil, é como comparar Brian de Palma e Michael Bay. É complicado compararas diferenças. Mas acho que há semelhanças: os dois são visionários, sabem o que querem e são verdadeiros contadores de histórias. E estão sempre muito envolvidos na caracterização do enredo e no desenvolvimento dos personagens.
Sua personagem em The Spirit(a vilã Silken Floss) é bem diferente da versão original dos quadrinhos, já que foi recriada especialmente para você. Como aconteceu isso?
Nem lembro como o papel chegou a mim. Mas eu sabia que o Frank estava trabalhando em um novo filme, e eu adorei Sin City e 300. Nunca fui exatamente uma fã de quadrinhos- não que não goste, mas nunca me aprofundei muito nesse universo. Mas tinha conhecimento do senso visual dele como artista, e foi isso que me interessou. Pensei: "Gostaria de contribuir de alguma forma". Daí, conversei com ele, mas não havia um papel para mim - todas as vagas já estavam preenchidas, e a única personagem possível era bem mais velha do que eu. No final da reunião, falei: "Espero que agente possa trabalhar junto um dia". Frank respondeu: "Me deixe pensar um pouco a respeito". Daí ele acabou recriando o personagem pensando em mim. Fiquei feliz. Foi divertido usar as roupas de sua personagem no filme?Os figurinos eram meio malucos. Todas as roupas que usei correspondiam às usadas pelo personagem do Sam [L. Jackson].Então, eu não reclamava:"Ok, se você vai ser um samurai,eu sou a gueixa. Se você será o cientista maluco, eu sereia enfermeira louca" [risos].
Sua carreira é extensa, apesar da pouca idade. O que se aprende trabalhando ao lado de atores mais experientes?
Eu acho que caras como Sam e Michael Caine me fazem lembrar algo muito importante: não importa quão famoso você se torne e quanto dinheiro seu filme renda, o importante é ser profissional e fazer o trabalho render. Ninguém gosta dever as pessoas sofrendo. Toda equipe de um filme percebe quando uma única pessoa está dificultando o trabalho das outras. A gente acaba se tornando uma família: você quer que todo mundo se dê bem, não quer que ninguém tenha problemas por sua causa. O mesmo acontece na parte dos "talentos": nós somos só mais um departamento na produção de um filme.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 30, março/2009