Vocalista do Black Sabbath revela novos detalhes sobre as gravações de 13, primeiro álbum da banda a chegar ao topo da parada norte-americana
Com um disco - o recém-lançado 13 - em primeiro lugar nos Estados Unidos e na Inglaterra e uma turnê mundial em plena atividade (que passará pelo Brasil em outubro), o Black Sabbath definitivamente não se comporta como uma banda veterana de mais de 40 anos de carreira. A seguir, você confere mais trechos inéditos da entrevista exclusiva com o vocalista Ozzy Osbourne e o baixista Terry "Geezer" Butler, que resultou na matéria de capa da Rolling Stone Brasil deste mês.
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Sobre a primeira tentativa de trabalhar com o produtor Rick Rubin, em 2001:
Ozzy Osbourne: O momento não era o ideal, entende? Acabou que agora deu certo - mesmo com a notícia do linfoma do Tony [Iommi, guitarrista], a gente conseguiu. Apesar dos problemas, a gente seguiu em frente. A cada cinco anos a gente conversava sobre fazer um disco, e dava errado. Daí tentávamos de novo, e dava errado. Fomos persistindo até conseguir. É uma estrada longa e tortuosa que se percorre, e eventualmente, compensa. Depois de tantos anos, eu não queria fazer um disco mais ou menos. Cada faixa foi trabalhada do jeito certo, não foi daquele jeito, “yeah, assim passa”. Na minha opinião, é uma das melhores coisas que já fiz. É um dos álbuns mais importantes da minha carreira. Cada faixa funciona direito. Eu gosto de tudo.
Sobre a participação de Rubin em 13:
Geezer Butler: Tínhamos 14 das 16 músicas já prontas quando entramos no estúdio. Escrevemos duas em jams já no estúdio. Ele dava a opinião dele. Não simplesmente dizia “isso não é bom”, mas explicava: “Isso não é bom por isso”, ou “isso é bom com aquela parte”. Houve umas duas coisas de que ele não gostou muito, e mudamos.
Sobre o processo de composição das faixas de 13:
Geezer: Nós as escrevemos ao longo de 18 meses.
Ozzy: Muitas surgiram em jam sessions. A gente aquecia com as jams e ia gravando. O Tony vinha com esses riffs blueseiros incríveis, com uma vibe meio [Jimi] Hendrix! Isso fez o disco soar de um jeito bem solto, natural. Essa é uma coisa que eu admiro no Rick Rubin. Nos dias de hoje, com essas ferramentas tipo Pro Tools, você pode ficar gravando pra sempre, empilhando instrumentos um em cima dos outros. Mas ele ligava a guitarra, voz, baixo e bateria e mantinha tudo bem básico. E soava grande! Tão pesado e tão enorme! A gente caiu nesse problema nos primeiros anos da banda – pensávamos que quanto mais colocássemos, melhor iria soar. Mas é exatamente o oposto disso...
Geezer: E isso matava o som do baixo [ri].
Sobre ainda ter prazer em fazer música:
Geezer: Eu adoro tocar. Acho que gosto mais de tocar hoje do que eu jamais gostei. Me sinto mais confiante nos dias de hoje. Eu não tenho de provar nada para ninguém. Eu sei das minhas limitações, entende? Eu não sou o maior baixista de todos os tempos. Eu sei o que posso fazer e o que não posso fazer. Então eu só faço o que eu consigo fazer.
Ozzy: Nos meus últimos álbuns solo eu não estava lá muito interessado. Eu estava só fazendo por fazer, sabe? Tem sido refrescante para mim voltar a tocar com os caras e fazer um disco do Sabbath. Porque não sou só eu, sabe? Aqui eu sou apenas o cantor da banda, sendo que nos discos solo sou apenas eu. Nos últimos 30 anos fiz muitos shows, toquei com ótimos músicos, me diverti muito. Mas é renovador voltar a tocar com eles. Se eu morrer amanhã, eu serei um homem feliz, porque fechei o circulo, e ainda é ótimo. Está melhor do que nunca para mim. Somos homens crescidos, não somos mais crianças. A gente faz o que a gente precisa fazer. Tudo funcionou e deu certo muito rápido e foi divertido demais.
Sobre a diferença na relação da banda, antes e agora:
Ozzy: Houve diversos obstáculos no caminho do Black Sabbath, mas eu não queria que essa fosse uma mera seqüência de Never Say Die. Meu coração já não estava mais naquilo. Como eu já disse, esse disco provavelmente é o mais importante da minha carreira. Acredite, eu estou muito feliz com o resultado final.
Sobre a relação com a tecnologia:
Geezer: Não me incomoda nem um pouco. Eu tenho a chance de escutar coisas que nunca consegui. Antes eu ouvia rádio. Agora escuto música pela internet, no iTunes ou coisas assim. E eu gosto de descobrir música nova.