Novo romance de Nick Hornby atualiza Alta Fidelidade para a geração do Twitter
Livro após livro, o romancista britânico Nick Hornby volta a um tema recorrente em sua obra: como o fanatismo obsessivo (por música, em Alta Fidelidade, ou por futebol, em Febre de Bola) quebra o desenvolvimento emocional de jovens então espertos. Seu mais recente, Juliet, Naked (a ser publicado no Brasil em 2010) - sobre um rock star americano fictício, um superfã britânico e sua pacientíssima namorada - traz a noção de fanatismo pra era do Twitter.
Como a internet mudou o mundo dos fãs?
No livro há esse cara que vive numa cidadezinha litorânea, que é obcecado por um cantor/compositor obscuro. Há 15 anos teria sido um milagre ele encontrar alguém com quem conversar sobre isso. Agora ele tem condições de conversar com pessoas que se sentem exatamente como ele, dia e noite. Não sei se isso é muito saudável.
Por que não?
Porque isso pode te fazer ainda mais introvertido. Há pessoas que gastam todo seu tempo baixando todas as 575 versões piratas de 1965 das músicas do Bob Dylan.
Você pensou em músicos específicos enquanto escrevia seu personagem?
Ele está no eixo Jackson Browne-Dylan-Elvis Costello. Imagino que os fãs dele sejam literatos e considerem muito do que ele diz e faz denso, propício a uma interpretação mais profunda.
Você tem alguma máxima para pretensos autores?
Qualquer um que diga que está escrevendo pra si mesmo está falando merda. É algo que se ouve dos escritores aos montes. Eu sempre me pergunto por que os rascunhos deles chegam a ter 90 mil palavras, porque é um tamanho muito estranho e disparatado pra um livro, mas acaba sendo o tamanho da maioria dos livros. Entende o que eu quero dizer? O ato de escrever um romance já pressupõe e demanda um grupo de leitores. Esquecer os seus leitores é um erro.