“Normalidade é uma doença como qualquer outra, é uma patologia grave”, crava o psicanalista Contardo Calligaris, resumindo a nova série da HBO Brasil, Psi, baseada nos livros dele. Partindo desse princípio, a produção original do canal criou uma primeira temporada com 13 episódios, previstos para estrear em 23 de março, que unem patologias e tramas de ação e investigação em uma mistura bem equilibrada da estrutura clássica das séries de “procedimento” (aquelas que desvendam um caso por episódio), conceitos psi (mas sem se tornar uma “série de consultório”) e histórias humanas interessantes. O protagonista, Carlo Antonini (Emilio Mello), é um psicanalista que trata de neuras e questões da sociedade moderna, passando por “cutting” (uma forma de automutilação) e pessoas que gostam de fazer sexo de risco e se expor à aids. “Esse último foi o que mais me chocou”, conta a atriz Cláudia Ohana, que interpreta uma médica, melhor amiga de Carlo. “É uma série com uma identidade muito própria.” “Sempre houve interesse pelo ser humano, por histórias que sejam diferentes da sua, mas com a qual se sinta alguma conexão”, reflete Emilio Mello. “Juntando a curiosidade das pessoas por histórias inusitadas com a psicanálise, temos a série. Poderia ser um dentista, um motorista de táxi. A questão é achar um viés interessante para contar boas histórias”. Calligaris acrescenta que “no fim dos quase seis meses de gravação, o Emilio tinha se transformado no próprio Carlo”. “A gente falava sobre o personagem como se fosse uma terceira pessoa, um amigo em comum”, diz.