Festival Way Out West, de Gotemburgo, mistura estrelas locais a grandes nomes do pop mundial
Com a recente exportação de talentos musicais suecos, o país agora se esforça para importar público e entrar na rota dos grandes eventos culturais do mundo. Nasceu, assim, em Gotemburgo, o festival Way Out West, que comemorou seu quinto aniversário em 2011. Neste ano, as apresentações principais foram no parque Slottsskogen, no centro da cidade. Depois da meia-noite os shows migraram para casas noturnas espalhadas pelas redondezas (e até uma igreja ativa, onde James Blake fez dezenas de fãs chorarem copiosamente) no Stay Out West, uma espécie de after-show mais animado.
No parque, no primeiro dia, Janelle Monae sofreu com a luz do dia, mas se animou tanto que saiu do palco montada nas costas de seu MC/dançarino. Pouco depois, no segundo palco principal (eram dois, Azalea e Flamingo, um em frente ao outro), o Hives fez um show levemente atrapalhado, mas intenso – com o vocalista Howlin’ Pelle contando longas piadas (na língua local) entre faixas como “Die, All Right!” e “Hate to Say I Told You So”. Só que a noite era mesmo de Prince: com uma quantidade impressionante de sucessos (“São tantos hits...”, ele mesmo fez questão de frisar, sem ironia), o cantor furão ainda encheu o local de papel picado púrpura (em “Purple Rain”, claro) e contou com um cenário natural de derrubar qualquer queixo, com direito a lua cheia e estrelas cadentes. Sem contar a aparição-surpresa de Kanye West, atração do dia seguinte, que fez uma rima rápida em “If I Was Your Girlfriend”.
No segundo dia, o recém-reformado Pulp se portou feito banda grande, garantido pela ótima performance do frontman Jarvis Cocker. Feliz em voltar a Gotemburgo depois de 15 anos, ele explicou seus motivos antes de “Acrilic Afternoon”. “A próxima música é sobre transar à tarde. Vocês devem fazer isso, não?”, provocou. “É um país liberal.”
Kanye West teve a maior estrutura do Way Out West, com plataformas elevadoras e mais de uma dezena de dançarinos. Mostrou versões longas para “Love Lockdown” e “Runaway” e explicou que se sentia à vontade naquele ambiente. “Em nosso primeiro encontro, Jay-Z disse que eu me vestia de forma engraçada, que eu era europeu demais”, contou. “Dez anos depois, sou o mais bem vestido do mundo.” Os suecos só puderam aplaudir aquele estranho elogio, que era tanto ao próprio Kanye quanto ao continente onde estavam.