Nem os integrantes tinham mais esperanças, mas o Blur acaba de lançar um disco de inéditas
Simon Vozick-Levinson | Tradução: Ana Ban Publicado em 12/05/2015, às 17h17 - Atualizado em 13/05/2015, às 17h17
Dois anos atrás, o Blur estava em Hong Kong, com bastante tempo livre. Os ícones do brit-pop excursionavam pela Ásia quando o compromisso seguinte na agenda, um festival em Tóquio, foi cancelado. “Dissemos: ‘Temos cinco dias, vamos compor um álbum’”, lembra o guitarrista Graham Coxon.
Desde a reunião da banda, em 2009, os integrantes tiveram pelo menos uma tentativa frustrada de gravar um novo disco. Desta vez, eles decidiram fazer as coisas de um jeito mais relaxado, trabalhando em esboços de canções armazenados no tablet do vocalista Damon Albarn. “Ensaiamos tudo até não podermos mais”, conta Coxon. Essas sessões serviram de base para o recém-lançado The Magic Whip, um álbum que resgata o som que definiu o estilo do Blur nos anos 1990.
Mas, por pouco, as faixas não caíram no esquecimento. Depois que voltaram para a Inglaterra, os integrantes quase deixaram de lado os instrumentais que tinham feito em Hong Kong. “Não tinha nada concluído e era tudo tão amplo”, diz Albarn, que, em 2014, focou as energias na carreira solo. “Eu não tinha paciência nem vontade de voltar para todas aquelas coisas.”
O projeto ficou suspenso até meados de 2014, quando Coxon se ofereceu para lapidar as demos brutas, em Londres, com o produtor Stephen Street, que já havia trabalhado em quatro álbuns do Blur. Albarn gostou tanto do resultado que voltou sozinho para Hong Kong para escrever as letras.
As músicas de The Magic Whip abrangem temas que vão de protestos políticos a sorvete. Outras ficam mais em torno dos sentimentos do quarteto: Albarn explica que muitas composições traduzem sua complicada relação com Coxon. “Há canções em que fica claro que estou cantando para ele”, completa, referindo-se à balada “My Terracota Heart”, cuja letra questiona se o cantor quer “estar em um relacionamento próximo com alguém que já havia deixado”.
Mesmo agora, Albarn parece um pouco ambivalente sobre sua permanência no Blur, mas ele se diz feliz por estar se dando melhor com os amigos. “Nenhum de nós está aqui para sempre”, afirma. “Com Graham, particularmente, existe uma continuidade, que sempre traz a lembrança da primeira vez em que tocamos juntos, quando tínhamos 11 anos. Existe uma alegria que somente isso [tocar com Coxon] pode me dar."