Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Tempos Sublimes

Com apelo emocional, Sublime with Rome evoca o cultuado legado de banda símbolo dos anos 90

Por Pablo Miyazawa Publicado em 15/12/2010, às 15h18

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Rome Ramirez, o novo frontman do Sublime - DIVULGAÇÃO
Rome Ramirez, o novo frontman do Sublime - DIVULGAÇÃO

"Eu sei que estão todos me olhando com uma lupa." Esparramado em um sofá no canto de seu camarim, Rome Ramirez parece à vontade na condição de homem de frente da nova formação do Sublime para as novas gerações. É uma noite de sexta-feira, e o Sublime with Rome está a poucas horas de realizar seu primeiro show em Londres, no confortável auditório Shepherd's Bush Empire, na zona oeste da capital inglesa. Poucas horas após o show, eles embarcariam para São Paulo, para uma apresentação única no festival SWU.

O nome da banda é uma alusão ao fato de esta banda não ser "oficialmente" o Sublime, e sim um grupo formado por dois integrantes originais - o baixista Eric Wilson e o baterista Bud Gaugh -, além do vocalista/guitarrista Ramirez. Não é coincidência o fato de o repertório do trio (que no palco é acompanhado por mais um músico, Todd Forman, que se divide entre saxofone e teclado) ser completamente baseado nos três álbuns oficiais da banda, 40 Oz. To Freedom, Robbin'the Hood e Sublime, lançados entre 1992 e 1996.

O Sublime talvez tivesse caído no limbo como tantas bandas que misturavam ritmos surgidas na década de 1990. A morte do vocalista e compositor Bradley Nowell, por overdose de heroína, em março de 1996, ocasionou o encerramento precoce da banda. Por outro lado, a tragédia se tornou também o motivo pelo qual o Sublime saiu do underground para se tornar, enfim, pop e acessível. O álbum póstumo, Sublime, lançado dois meses após a morte de Nowell, carregou hits suficientes para fazer o grupo se tornar referência para artistas vindouros e multiplicar sua base de fãs em questão de anos - fato notável em se tratando de uma banda extinta e cultuada por um nicho.

Rome Ramirez, 22 anos, tomou com afinco a tarefa de fazer justiça ao carisma de Nowell, frontman cheio de personalidade e compositor de quase a totalidade do material produzido pelo Sublime. No palco, a semelhança de sua performance com a do falecido músico é quase sobrenatural, seja na entonação da voz, seja na maneira com que desfere de modo quase vulgar os acordes de guitarra sincopados e os solos cheios de atitude. Fisicamente, ele não poderia ser mais diferente de Nowell: é moreno, gorducho e um tanto atarracado, com traços que denotam a origem latina. "Eu estava em um bar de hotel", ele diz, "e o cara da nossa equipe de som mencionou algo que eu nunca havia pensado: é uma loucura que somente 1% dos fãs atuais do Sublime já os viram tocar ao vivo. Todo mundo só tem como nos comparar com o que ouviram nos CDs".

Bud surge de um canto escuro do camarim e se junta à conversa. Com um chapéu amarelo na cabeça e esboçando um sorriso quase debochado, o baterista de 43 anos começa dizendo que a volta de sua antiga banda representa o fim de um estado quase letárgico em que se encontrava. "Eu sinto como se tivesse saído da cadeia. É como se eu estivesse preso nos últimos 15 anos."

Previsto para 2011, o primeiro disco de músicas inéditas da nova formação do "quase-Sublime" já está em produção - algumas das faixas, aliás, já são apresentadas ao vivo, como a frenética "Panic". "É a mesma receita de antes", diz Bud. "Vamos voltar ao estúdio em fevereiro ou março e aí deveremos ter umas 200 músicas novas", diz, rindo.

"É uma alegria que esteja tudo dando tão certo", completa Rome. "Porque é esquisito, cara. É esquisito. Porque tudo se encaixa. E isso é maravilhoso pra caralho."