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Terror Realista

Seriado Homeland brilha ao brincar com a era da pós-paranoia terrorista norte-americana

Brian Hiatt | Tradução: J.M. Trevisan Publicado em 13/12/2012, às 15h54 - Atualizado em 04/05/2014, às 14h22

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<b>CONFIANTE NO ROTEIRO</b> Claire Danes (ao centro) não acredita que a série tenha um posicionamento político - RONEN AKERMAN/SHOWTIME
<b>CONFIANTE NO ROTEIRO</b> Claire Danes (ao centro) não acredita que a série tenha um posicionamento político - RONEN AKERMAN/SHOWTIME

E tentador taxar Homeland, a instigante série de TV sobre terrorismo que está em sua segunda temporada no canal pago FX, como “um 24 Horas para pessoas inteligentes” – mas esta não é uma descrição que os profissionais do programa acham elogiosa. “Odeio”, diz o cocriador Howard Gordon, que passou oito anos como produtor executivo de 24 Horas. Melhor seria, talvez, chamar a série de “24 Horas da era Obama”, incluindo ataques de aviões não tripulados, mortes de civis e uma visão da humanidade e dos motivos para o terrorismo com mais nuances. Assim como Obama arquitetou sua política externa com a missão de limpar a bagunça deixada pela administração Bush, a protagonista de Homeland – a agente da CIA brilhante e bipolar, Carrie Mathison, interpretada por Claire Danes – nasceu como uma resposta. “Carrie foi mesmo criada como uma reação a Jack Bauer”, diz Gordon. “Ela é como um reflexo dele. Trabalha usando a cabeça. Ela é o cérebro; Jack era o músculo.” Só que Carrie também é um desastre – promíscua, descuidada, pouco respeitosa quanto às leis. “Ela é meio como o Chicken Little”, diz o produtor e cocriador Alex Gansa. “Se 24 nasceu da ideia de que todos temos medo, Homeland veio da ideia de que ninguém mais tem medo – ou que passamos por um tipo de amnésia pós-medo.”

Claire Danes ficou preocupada que a doença mental de Carrie fosse “só uma afetação bizarra”, e que tratar ameaças terroristas como entretenimento seria “apelativo”. Mas Gordon e Gansa a convenceram. “A série é surpreendentemente apolítica”, ela diz. “É um thriller psicológico de verdade.” Damian Lewis, que interpreta o oficial da marinha que virou terrorista, Nicholas Brody, também se preocupou. “Olha”, ele disse aos criadores da série, “se vocês estão me pedindo para fazer o papel de um oficial que se torna violento por causa do Islã, não estou interessado, porque seria irresponsável”. Em uma mudança audaciosa, o enredo apresenta o Islã como uma força positiva na vida de Brody, não a razão para o ódio dele.

Na segunda temporada, Carrie e Brody “acabarão tendo certa dinâmica de amantes trágicos”, diz a atriz. E com Brody se encaminhando para os altos patamares da política norte-americana – enquanto mantém a fidelidade aos terroristas – “as paredes se fecham bem mais rápido do que esperávamos”, diz Lewis. Mas, até pouco tempo atrás, nem os criadores da série sabiam como tudo terminaria ou se Brody sobreviveria. “Ainda é uma questão em aberto”, diz Gordon, sem mostrar nem uma ponta do pânico que é marca registrada da série. “Acho que podemos ir para qualquer um dos dois lados.”