Dois atores dividem o papel principal na cinebiografia do cantor mais importante da black music brasileira
Tim maia já foi tema de livro (vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta) e teve sua história contada em diversos especiais de TV. Fora isso, aconteceu há alguns anos o relançamento de parte da discografia dele – que incluiu a divulgação do inédito Tim Maia Racional Vol. 3. Portanto, a responsabilidade em se narrar a trajetória do tijucano fundador da black music no Brasil é grande. “Adaptações de biografias para o cinema são sempre complexas”, conta Mauro Lima, diretor do longa Tim Maia, baseado no livro de Motta, que estreia em outubro. “Você precisa lançar mão de uma série de recursos dramatúrgicos para conseguir um filme de duas horas que fique, digamos, com cara de filme.”
Lima também dirigiu Meu Nome Não É Johnny, outra cinebiografia em que o personagem central vive tudo até as últimas consequências. “São dois loucos, bravateiros e inconsequentes em relação a substâncias tóxicas, festas e fanfarronices. A diferença maior é o fato de que o Johnny era uma figura desconhecida do grande público, ou seja, dava para eu conceber o personagem ao meu gosto e dentro de uma gama maior de possibilidades”, explica o diretor. Com Tim Maia, o cenário é bem diferente. “Ele era um sujeito muito popular, e também ímpar.”
No longa, os 55 anos da vida do cantor são divididos em dois períodos: o primeiro compreende a adolescência e o começo da carreira artística e é protagonizado por Robson Nunes. O ponto de virada para a segunda fase é quando Roberto Carlos grava “Não Vou Ficar”, composição de Maia. A partir daí, Babu Santana assume a história até os últimos dias do artista. Nunes já tinha dado vida ao cantor em um especial da TV Globo. “Foi antes de sair o livro. Vendo por esse lado, aquele foi um trabalho mais difícil”, afirma o ator. “Mas no filme eu tinha um grande desafio, já que o Babu pegou a fase da vida que todo mundo tem como referência. O Tim mais jovem já tinha personalidade, mas era pura ralação.”
Carmelo Maia, filho do astro, foi responsável por dar diversas dicas aos atores sobre como era, na intimidade, o compositor. “Conheci o Carmelo enquanto fazia uma cena”, conta Nunes. “Foi emocionante e estranho ao mesmo tempo. Afinal, eu estava interpretando o pai daquele cara.” Já para Babu, as histórias contadas por Carmelo nos bastidores foram determinantes. “Me ajudou ainda mais a compor o personagem”, conta.