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Torre de Sucessos

Fundada na era do jazz e das big bands há 75 anos, a Capitol Records incorporou outros estilos ao longo das décadas e se tornou responsável por grandes momentos da história da música popular

Paulo Cavalcanti Publicado em 30/03/2017, às 11h30

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<b>Capitol Records</b> - Capitol Photo Archives
<b>Capitol Records</b> - Capitol Photo Archives

Entre março e abril de 1942, o cantor e compositor Johnny Mercer, o compositor e produtor Buddy DeSylva e o empresário Glenn Wallichs fundaram a Capitol Records. Eram tempos conturbados, já que os Estados Unidos entravam na Segunda Guerra Mundial. Mas, paralelamente, as big bands se encontravam no auge, e os três visionários assimilavam que os modelos de negócios na música mudavam rapidamente. A intenção deles era dar mais autonomia aos artistas e produtores, fortalecendo assim a identidade da própria gravadora.

A Capitol começou fincada no jazz e registrando o som das grandes orquestras. Naquele mesmo ano, a empresa ganhou o primeiro disco de ouro com o compacto “Cow-Cow Boogie”, canção registrada pela cantora Ella Mae Morse acompanhada da orquestra de Freddy Slack. No período do pós-guerra, a gravadora expandiu o leque, contratando também artistas pop e de country e western. Mas foi um nome do jazz que defi niu a sorte do selo: Nat King Cole. De pianista a crooner de canções românticas, ele emplacou hit atrás de hit, dando poder, dinheiro e visibilidade à empresa. Foi esse novo status que possibilitou que o selo contratasse, em 1953, Frank Sinatra (ele, na época, estava em baixa após ter saído da Columbia Records). Com a colaboração do maestro e arranjador Nelson Riddle, que também trabalhava com Cole, Sinatra reconstruiu a carreira e a imagem. Foi na Capitol que ele gravou seus mais cultuados e aclamados LPs, entre eles Songs for Swingin’ Lovers! (1956) e Frank Sinatra Sings for Only the Lonely (1958).

Em 1956, a gravadora, que já tinha uma identidade sonora impactante, também ganhou uma marca visual duradoura: um emblemático prédio em Los Angeles, construído no número 1750 da Vine Street. O edifício circular, popularmente chamado de The Tower (A Torre), foi uma solicitação de Alan Livingston, então presidente da empresa. Welton Becket, o arquiteto responsável, construiu o edifício com um design imitando um antigo toca-discos acomodando vários LPs. Além de ser o quartel-general administrativo da Capitol, o local também passou a abrigar os lendários estúdios da gravadora, cujo acabamento foi upervisionado pelo guitarrista Les Paul. O selo sempre primou pelos detalhes técnicos e os três estúdios no prédio ainda estão entre os melhores dos Estados Unidos.

Nos anos 1950, a companhia prosperou colocando no mercado jazz, pop adulto, easy listening e álbuns de trilhas sonoras. Também apostou no country e no folk; o cantor Tennessee Ernie Ford e o Kingston Trio foram campeões de vendagem naquele período. No começo da década seguinte, os rumos mudaram um pouco – a Capitol se rendeu ao cada vez mais popular rock and roll. Em junho de 1962, acertou em cheio quando contratou os Beach Boys. O quinteto californiano de surf music logo ganhou projeção nacional. Dois anos depois, a empresa assinou um acordo de distribuição dos discos dos Beatles nos Estados Unidos e foi fundamental na popularização do som e da imagem do Fab Four em território norte-americano.

Com o pop rock se tornando a música universal, a Capitol deixou de ser uma gravadora com raízes no jazz. Ao longo dos anos, também investiu em outros nichos, como rock pesado, som progressivo, black music e hip-hop. Ícones como Pink Floyd, Iron Maiden, Queen, Duran Duran, Tina Turner, Beastie Boys, Coldplay, Garth Brooks, Radiohead e muitos outros tiveram gravações lançadas pela Capitol.

Quando a Universal Music adquiriu a EMI em 2012, o grupo foi incorporado à UM. Mesmo com a mudança, a gravadora Capitol segue forte no Mercado – ainda que de um modo diferente daquele dos tempos áureos, por causa das mudanças no negócio da música como um todo provocadas pela internet. Além de trabalharem o vasto e precioso catálogo, os dirigentes investem em nomes contemporâneos, caso da cantora Katy Perry, uma das artistas que mais venderam discos nos anos 2000.

Décadas de Inovação

Livro mostra em detalhes a história da Capitol

As imagens apresentadas nestas páginas foram retiradas do livro 75 Years of Capitol, lançado em dezembro de 2016 pela editora Taschen (ainda não há edição brasileira, mas a publicação pode ser encontrada em lojas online). Com quase 500 páginas, a obra foi editada por Reuel Golden e Barney Hoskyns e tem um prefácio escrito por Beck Hansen. Jornalistas e pesquisadores detalham a música que foi criada sob o guarda-chuva da Capitol ao longo de mais de sete décadas.