Led Zeppelin fala sobre o filme que documenta possivelmente a reunião derradeira do grupo
Em certo momento de Celebration Day, o filme que mostra o show de reunião do Led Zeppelin realizado em Londres, em 2007, a câmera foca por um longo tempo as mãos de Jimmy Page enquanto ele executa a introdução de “Stairway to Heaven” no braço de seis cordas de sua guitarra Gibson de braço duplo. É um dos riffs mais icónicos do rock, tocado inteiro e em close por seu compositor. “Com o Led Zeppelin, há sempre a mística de como a música é feita – como funciona, por que funciona”, diz Page por telefone, falando de Londres algumas semanas antes da estreia mundial de Celebration Day, no fim de outubro. “Quanto mais perto você puder chegar e quanto mais duradouro for, melhor.”
Celebration Day, que será lançado comercialmente em vários formatos (CD, DVD, vinil e blu-rays de vídeo e áudio) neste mês, mostra as duas horas completas da apresentação realizada no dia 10 de dezembro de 2007, na O2 Arena, em Londres. O show, em tributo ao falecido chefão da Atlantic Records, Ahmet Ertegun, foi o primeiro do Zeppelin realizado por Page, pelo vocalista Robert Plant e pelo baixista John Paul Jones desde a morte do baterista John Bonham, em 1980. O filho de Bonham, Jason, tomou o lugar do pai naquela noite, que é mostrada sem imagens de bastidores e inclui poucas filmagens da plateia em êxtase. Em vez disso, o diretor Dick Carruthers – que filmou a apresentação usando mais de uma dúzia de câmeras – mostra longos closes dos integrantes da banda em ação: Plant gemendo em seu transe de blues durante “Since I’ve Been Loving You”; Jones costurando o galope folk-rock de “Ramble On” com contramelodias graves; todos se voltando para Bonham em admiração durante o solo vulcânico dele no fim de “Rock and Roll”.
Celebration Day é “quase como estar no palco com a gente”, diz Jones. “Sempre tivemos essa interação”, ele conta, referindo-se ao lendário talento do Led para shows nos anos 70. “Mas ninguém podia ver nada disso, porque não havia iluminação boa o suficiente.” O preciosismo na captação de imagens valeu a pena. “Lembro de Dick dizendo em uma das primeiras reuniões: ‘Vou precisar de 14 câmeras’. E todo mundo: ‘O quê?’ Mas valeu a pena.”
Page se lembra de deixar o palco depois do show sentindo-se “realmente eufórico. É a verdade. Foi um teste sério, e passamos, todos nós. E tivemos uma comunhão extraordinária no palco. É algo que está bem vivo, e você vai poder ver”. Mas demorou um bom tempo – Page não sabe dizer o quanto – até que eles vissem um corte bruto da filmagem feita por Carruther (“Preferimos não apressar a edição para lançar às pressas no Natal”). Na verdade, Plant e Jones viram o trabalho antes. “Saímos empolgados”, diz Jones. “Ficou muito adequado à experiência. Chamamos Jimmy e dissemos: ‘Você tem de ver isso’.”
“O lance é que o Led Zeppelin sempre foi uma banda de quatro músicos em seu auge, mas que conseguiam tocar como grupo”, diz o guitarrista. “Mesmo nos primeiros ensaios, já na O2, estávamos tocando muito bem. Mas queríamos brilhar como banda.” Ele cita a sequência de abertura do set list – do começo surpreendente com “Good Times Bad Times”, de Led Zeppelin (1969), até “Ramble On” e a força de “Black Dog”. “Queria que as pessoas sentissem que estávamos levando aquilo a sério.”
“E vou te dizer, os ensaios foram todos bem diferentes”, diz Page, “dentro do espírito e personalidade do Zeppelin.” Para provar, uma edição de luxo do DVD incluirá filmagens do único ensaio completo feito antes do show de 2007. “Você vê não só a urgência daquela noite mas também a determinação do ensaio.”
Inevitavelmente, Celebration Day deu início a boatos de uma nova reunião. Em uma coletiva de imprensa sobre o filme na Inglaterra, Plant exaltou a performance de 2007. “Estar ali no meio de toda aquela música foi uma experiência espetacular.” Mas ele e Page se esquivaram de perguntas sobre mais shows. Quando questionado se o filme marca o fim do Led Zeppelin de uma vez por todas, Jones – ocupado compondo uma ópera em colaboração com Robyn Hitchcock e o grupo norueguês Supersilent – respondeu: “Quando mudo de casa, nunca olho para a que estou deixando e penso ‘Oh, é meu último momento aqui’. Sempre sigo em frente”. “É uma boa resposta”, disse Jimmy Page, rindo. Mas ele foi mais direto. “Acho que se houvesse mais shows a serem feitos, já teríamos dito algo a respeito. Então, não acho que vá acontecer.” Celebration Day, ele complementa, “é o legado do