Ricardo Soares desculpa-se: "Com o perdão da metáfora surrada, Obama é como uma esfinge que se ergue sobre a águia norte-americana desafiando-nos a decifrá-lo - pois do contrário seremos devorados"
Se depender do gosto musical declarado a Jann S. Wenner nesta entrevista à RS EUA, Barack Obama já pode ser considerado o melhor presidente dos Estados Unidos se eleito for. Lógico que ainda falta combinar com John McCain, mas isso é apenas um detalhe quando os futurólogos de plantão se arriscam aos palpites de como será o período do primeiro negro a comandar a nação mais poderosa da Terra.
Depois das trombetas do Apocalipse tocadas em todo o Oriente Médio, dos mares e marés negras, infestados de petróleo e porta-aviões, dos caixões com os jovens mortos no Iraque e com a guerra ali perpetuada pelos assassinos da iniciativa privada da Blackwater; depois de tanta arrogância e sanha guerreira, depois de tanta intolerância, intransigência e boçalidade, QUALQUER COISA parece melhor que George W. Bush. E, convenhamos, Obama não parece ser QUALQUER COISA - título, aliás, de uma canção de Caetano Veloso, que teve chiliques no palco recentemente comemorando a vitória do candidato democrata sobre a cadeiruda Hillary Clinton.
Mas o herói de Obama não é Caetano Veloso, e, sim, Stevie Wonder, o que mais uma vez conta pontos a favor do ainda jovem senhor que almeja governar os destinos planetários com um olho nas pesquisas eleitorais e outro no marketing de campanha que o aponta como um novo Kennedy, um novo Luther King e outros rótulos. Aqui entre nós brasileiros, muitos o vêem, isso sim, como um novo Collor, muito mais por seus arroubos - mesmo que cirurgicamente contidos - e voluntarismo e por parecer ser um bem cuidado produto engendrado pelos marqueteiros mais bem pagos do mundo.
Você lê este artigo na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008