Alunos do Instituto Rolling Stone têm a chance de subir ao palco, tocar guitarra e celebrar o rock em um show de verdade
Falam muito de mãe de miss, mas mãe de roqueiro mirim é tão babona quanto. Isso ficou claro durante o evento que reuniu no palco os alunos formados pelo Instituto Rolling Stone e a banda Warriors, na casa noturna The Orleans, em São Paulo. Silvia Helena Muniz, mãe de Maurício, 10 anos, aluno do Instituto desde agosto, não segurou o choro ao ver o filho subir ao palco, pegar a guitarra e improvisar os três acordes do clássico “Twist and Shout”. Sem ensaio e sem a costumeira timidez, Maurício dominou o palco e emocionou a família, que nunca tinha visto as habilidades do menino com o instrumento – ele não tem guitarra ou violão em casa ainda.
A versão de Maurício para a canção eternizada pelos Beatles não foi o único momento tocante da noite. Além dele, passaram pelo palco mais quatro crianças que aprenderam seus primeiros acordes no projeto: as irmãs Maria Antônia e Júlia, Vinícius (que aprendeu a tocar guitarra mesmo sendo surdo-mudo) e Lucca, 14 anos, que se juntou ao Warriors e fez uma execução impecável de “Sweet Child o’ Mine”, de seu grupo preferido, o Guns N’ Roses. Além da empolgação de ter a chance de tocar uma das músicas de que mais gosta, Lucca, já formado no Instituto, estava satisfeito com o fato de que serviria de exemplo para as crianças menores que ele, ainda em formação, que ficariam incentivadas ao vê-lo no palco. “Eu acho que é uma sensação boa, é uma inspiração”, diz. “Eles vão ficar mais confiantes de seguir no mundo da música.”
É esse espírito de dar continuidade à corrente que alegra Fernando Poles, professor de guitarra no Instituto Rolling Stone. “O mais legal é que o projeto já está começando a multiplicar. Temos alunos trazendo outros alunos, disseminando a ideia do ensino de música”, revela. “Não digo que vão virar músicos profissionais, mas já estão fazendo o que a gente também se propõe a fazer, que é espalhar o gênero.” As crianças se divertiram bastante. Vinícius ficou o tempo inteiro vidrado no palco e aproveitando ao máximo o primeiro show a que assistiu, e que só teve clássicos do rock: “Suspicious Minds” (Elvis Presley), “Aluga-Se” (Raul Seixas), “Born to Be Wild” (Steppenwolf), “Proud Mary” (Creedence Clearwater Revival), “Because the Night” (Patti Smith), “In the City” (Joe Walsh), entre outros.
“Vejo hoje uma noite de glória, uma noite de alegria. Estou muito feliz e emocionado de ver o sucesso do nosso empreendimento”, comenta José Roberto Maluf, publisher da Rolling Stone Brasil. Estiveram ainda no evento, para prestigiar os pequenos guitarristas, os integrantes da banda Cine e o automobilista Tarso Marques. “A gente conseguiu se ver naquela molecadinha, começando, ganhando o primeiro instrumento”, diz Dave Casali, baterista do Cine. “A gente viu a emoção das crianças, e a dificuldade, o nervosismo de subir ao palco”, completa Marques.
Para Leo Belling, gerente de marketing da Rolling Stone Brasil, o valor de todo o esforço investido no projeto foi sintetizado na noite do evento, quando viu “a carinha dos alunos olhando para a gente na frente do palco”. Para Belling, isso demonstra que “nosso trabalho está sendo muito bem feito. É plantar uma semente, regar todo dia, até que ela vire uma árvore grandona”.
“As pessoas compareceram aqui hoje porque queriam ajudar o Instituto Rolling Stone”, conclui Maluf. “Elas queriam ajudar a criar mais turmas, para que a gente possa dar a ainda mais crianças essa formação cultural de que elas tanto necessitam.”