Vida de Águia

Morreu o cantor Glenn Frey, fundador do Eagles, banda que ajudou a definir o som da década de 1970

Paulo Cavalcanti

Publicado em 22/02/2016, às 14h20 - Atualizado às 15h09
Frey no palco em 2009. - MPI04/MEDIAPUNCH/IPX/AP IMAGES
Frey no palco em 2009. - MPI04/MEDIAPUNCH/IPX/AP IMAGES

Em um mês cheio de perdas, o mundo ainda se despediu de Glenn Frey, vocalista e guitarrista do Eagles. Nascido em Detroit, Michigan, no dia 6 de novembro de 1948, Frey tinha 67 anos e morreu em 18 de janeiro, em Nova York. Ele sofria de artrite reumatoide, colite e pneumonia.

Frey era uma daquelas figuras que pareciam indestrutíveis na juventude. Nos anos 1970, quando estava à frente do Eagles, tinha uma presença leonina no palco, com cabelos esvoaçantes e ostentando um bigode cafajeste que dava a ele um ar de galã de filme pornô. No estúdio, se mostrava um multi-instrumentista de talento, produzindo e coescrevendo quase todas as canções e aperfeiçoando as harmonias vocais do grupo.

Naquela década, bandas inglesas como Led Zeppelin e Rolling Stones quebravam recordes. Mas os números apontam que o Eagles foi o verdadeiro gigante no território norte-americano, com mais de 150 milhões de discos vendidos.

Glenn Frey e o cantor e baterista Don Henley foram recrutados em 1971 para fazer parte da banda de apoio da cantora Linda Ronstadt. Depois, entraram na formação Bernie Leadon (ex-Flying Burrito Brothers) e Randy Meisner, que fazia parte da Stone Canyon Band, do pioneiro Rick Nelson. Linda os liberou sem traumas e o recém-batizado Eagles assinou com a gravadora Asylum. Logo o quarteto notou o enorme potencial comercial do country rock. Eagles, o LP de estreia, saiu em 1972 e continha os hits “Take It Easy” e “Witchy Woman”. Daí em diante, a banda de profissionalismo inquestionável foi presença constante no Top 40, emplacando sucessos como “Desperado”, “Tequila Sunrise”, “New Kid in Town” e “Best of My Love”. Todos os discos do Eagles venderam mais de 1 milhão de cópias poucos dias após terem sido lançados.

Em 1976, quando gravou o milionário Hotel California, o Eagles estava no auge. A faixa-título, até hoje um dos maiores hinos do classic rock, representava a filosofia do Eagles. Ela mostrava que por trás do hedonismo cuca–fresca da vida californiana existiam perigos, tentações e portas fechadas. Frey recordou que a fama deles de farristas era merecida: “Foi o período em que a indústria da música estava no auge da decadência”, disse certa vez. “O vinho era o melhor. As drogas eram excelentes e as mulheres, lindas. E nossa energia era inesgotável.”

O Eagles anunciou a separação depois de lançar The Long Run (1979). Frey explicou, à época: “A banda se tornou cada vez maior e impossível de ser gerenciada. Depois de Hotel California, perdemos o gás. Tínhamos falado sobre tudo naquele disco”. Ele se lançou solo e teve um grande sucesso com “The Heat Is on” (tema do filme Um Tira da Pesada, de 1984). Em 1994, o músico se juntou aos companheiros para reviver o Eagles. As guerras de ego e as animosidades eram épicas e públicas. O álbum ao vivo que marcou o retorno se chamou Hell Freezes Over, uma referência ao fato de que eles diziam que só voltariam quando o inferno congelasse. A partir daí, o Eagles se manteve novamente na estrada. Com a morte de Frey, o futuro da banda é incerto.

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