Quando as celebridades são hipócritas demais, burras demais ou sem graça demais para nos entreter, quem poderá nos salvar? Eu não faço essa pergunta pensando apenas no lamentável episódio do Twitter que revelou todo o "jeitinho" desajeitado da Xuxa e, de quebra, ainda expôs a escolha de educação da filha dela, alfabetizada em inglês para escrever em português.
Eu pergunto quem poderá nos salvar, porque eu descobri a resposta - os fakes. O microblog escancarou e o fato é que as verdadeiras celebridades são muito menos interessantes que os falsificados, só não lê quem não quer. Enquanto a Xuxa tuitava "fui, vcs não merecem falar comigo nem com meu anjo", uma das dezenas de rainhas falsas dos baixinhos se divertia assim: "Não xora, xaxa, a xuxa vai comprar um twitter só pra vc e com corretor ortográfico incluso".
O verdadeiro Vitor Fasano, por exemplo, passou meses interpretando uma coluna de templo indiano na televisão, enquanto seu "fake" se tornava uma das personalidades mais sagazes da internet, com milhares de seguidores no Twitter e uma coleção de posts que mostra toda a perspicácia que o original nunca vai ter. No dia 7 de setembro, ele comemorou a nossa independência assim: "DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO, AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO... Faz todo sentido em MIAMI. Estou no lugar certo. ABS VF". O verdadeiro Vitor Fasano devia contratar seu fake. O cargo? Personal brain.
Por falar em céu profundo, límpido e risonho, não necessariamente nessa ordem, temos as Vanusas. A verdadeira tentando transformar o escárnio alheio em compaixão, atribuindo a sua interpretação vexaminosa do hino aos remédios para labirintite. O que até pode ser a verdade, mas quem se importa quando a solução para o caso da fake @vanusavanusa é personalizar um Twitter verde e amarelo e mandar bala: "Ninguém no mundo EXECUTA o Hino Nacional Brasileiro tão bem quanto eu".
Os fakes vieram para ficar e talvez até substituir os entediantes originais, tanto que já estão saindo da blogosfera para ganhar mais espaço (virtual, por enquanto). O Kurt Cobain fake do Guitar Hero 5 , também conhecido como "avatar", toca Dire Straits, canta Bon Jovi (dançando em volta do microfone)..., enfim, um sujeito tão de bem com a vida que, tenho certeza, jamais morreria nas circunstâncias em que morreu o verdadeiro - e muito menos se casaria com a Courtney Love, que, aliás, é tão semianalfabeta no Twitter que conta com uma anônima que se dedica exclusivamente a traduzir o que ela escreve.
Pois é, sem nós fakes, os originais não são ninguém. Sim, nós. Ou você ainda não notou que eu não sou o Miguel Sokol, aquele cão sarnento. Eu sou o fake Migué Sokó, muito mais bonito, cheiroso e joiado.