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VIDAPOP - Haja Jamaica!

Miguel Sokol Publicado em 17/09/2012, às 15h44 - Atualizado às 15h46

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<b>VIVA O REGGAE</b> Snoop não quer mais ser Dogg - ROBKIM/WIREIMAGE/GETTY IMAGES
<b>VIVA O REGGAE</b> Snoop não quer mais ser Dogg - ROBKIM/WIREIMAGE/GETTY IMAGES

Geograficamente, a Jamaica é uma ilha, mas, musicalmente, é a cabine telefônica do Super-Homem: todo músico que decide se transformar vai para lá vestir uma cueca por cima da calça, digo, uma touca rastafári. E o Snoop Dogg concordaria comigo no seu inglês doggstyle, dizendo “fo shizzle, ma nizzle”, uma corruptela de “for sure, my nigger”, que por sua vez é uma corruptela de “I concur with you, my african american friend”, que em português politicamente correto quer dizer “Eu concordo, meu amigo afro-americano”.

O rapper, que já lançou até um dicionário do seu dialeto gangsta, agora é ex-rapper, ex-gangsta e, pasme, ex-Dogg. Ele mudou oficialmente seu nome para Snoop Lion após uma viagem para a Jamaica, onde gravou um disco de reggae e um documentário. Snoop é o novo nome na lista de Clark Kents musicais, algo que começou em 1972, com os Rolling Stones distribuindo dinheiro e presentinhos ilícitos para conseguir gravar o disco Goat’s Head Soup na Jamaica.

Seis anos depois, sabendo do pioneirismo dos Stones, os punks pé-rapados do Clash chegaram à ilha com uma mão na frente e outra atrás. Azar! Dizem que a banda foi expulsa a balas do estúdio, da cidade, do país, do continente. Resultado: a primeira música do disco que seria jamaicano se chama “Safe European Home” – algo como “Lar Doce Lar Europeu”. No mesmo ano do fracasso do Clash, Serge Gainsbourg teve êxito. O cantor francês não tinha mais do que um punhado de cigarros Gitanes para conquistar os jamaicanos, mas, ao contrário dos então novatos do Clash, era respeitado como o corajoso – e tarado – autor de “Je t’Aime… Moi Non Plus”. O nosso Gilberto Gil passou pela Jamaica também, só que já embarcou com o jogo ganho: foi a convite da viúva de Bob Marley e gravou um disco só de versões do rei do reggae, Kaya N’Gan Daya, no estúdio real, o Tuff Gong.

Gil, Clash, Stones, Gainsbourg e agora Snoop (o Lion). Talvez o disco rastafári do ex-rapper seja uma farsa, mas nesse mundo cada vez mais indie, de bandas cuja expectativa de vida é a mesma dos mosquitos, é bom saber que ele está entre aqueles que são capazes de se reinventar para continuar no topo da cadeia alimentar da selva pop. Fo shizzle.