Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

VIDAPOP - Oi, oi, oi? Tchau!

Miguel Sokol Publicado em 11/08/2012, às 11h30 - Atualizado às 11h30

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>GUGU, DÁDÁ</b> Lucas & Marcelo querem tchu – e tchá - MARCEL BIANCHI/ DIVULGAÇÃO
<b>GUGU, DÁDÁ</b> Lucas & Marcelo querem tchu – e tchá - MARCEL BIANCHI/ DIVULGAÇÃO

Sabe quais foram as últimas palavras do grande sábio antes de morrer afogado? “Glub, glub, glub.” Seguindo a mesma lógica: sabe quais são os últimos e igualmente significativos dizeres do pop brasileiro antes de passar desta para uma melhor? “Tchu, tcha, tcha.”

E olha que tal morte nem foi por afogamento. O pop do nosso país morreu vítima de regressão. Sim, curiosamente – como Benjamin Button – ele regrediu até morrer. Você consegue imaginar bebês brigando na Justiça? Eu também não, mas o funkeiro Mr. Catra garantiu que processaria a dupla João Lucas & Marcelo por plágio e, convenhamos, o reivindicado “tchu-tchu, tcha-tcha” não está muito longe do infantil “gugu, dadá”. O pop morreu balbuciando e a prova do óbito está aí na sua casa, todos os dias, precisamente às 21h, horário em que começa a novela das 20h.

A teoria é a seguinte: quando a novela queria ser chique, a música de abertura era sempre a boçal releitura de algum encardido clássico da bossa nova; quando queria ser popularesca, a solução era tocar o hit do último verão da Bahia. Todas as releituras sempre se pareceram entre elas e o hit do último verão baiano não era lá muito diferente do sucesso do ano anterior.

Nós estávamos acostumados: uma bossa boçal, um hit baiano, uma bossa, um hit. Até que... oi! oi! oi! Esta música, “Vem Dançar com Tudo”, de Avenida Brasil, é algo sem precedentes na nossa teledramaturgia. Ouvi-la pela primeira vez é como experimentar o suco de uma fruta desconhecida e ter de descrever seu gosto, mas no lugar do suco, bem... chorume! Eu sei que a questão do lixo está presente na trama, que tem até um aterro sanitário como uma das locações principais, mas o assunto não precisava chegar à música-tema, né?

De onde diabos saiu aquele chiclete sem métrica nem concordância? Afinal “seja morena ou loira, mexe e remexe, vem ao meu lado, fica parado” é esquisito, para dizer o mínimo. Era o Tchan, virou “tcha” e morreu. Tanto que agora nós importamos porcarias do estrangeiro para o seu lugar. O que aconteceu? Não há mais verões na Bahia?

Nunca pensei que diria isso, mas tenho saudade dos hits do verão baiano. Se eles não morreram, apenas foram infernizar no além-mar, voltem, eu imploro; e nós diremos tchau-tchau-tchau para o oi-oi-oi antes que seja tarde demais. Me dá calafrios imaginar o que invadirá os nossos lares depois do kuduro. Aliás, kuduro?!? Pode isso, Arnaldo?