Meu colonizado amigo Bubba sempre diz que se é para o mundo ser dominado por um país, melhor que seja pelos Estados Unidos, porque de lá ele pelo menos já sabe o que vem: caubóis, cafés aguados, hambúrgueres cada vez maiores e computadores cada vez menores. Pobre Bubba, em breve terá de substituir o bang-bang pelo tae kwon do, porque aconteceu: o pop cruzou sua última fronteira. A internet fez do planeta uma aldeia global e o resultado musical da globalização agora tem um nome: , . Mas pode chamá-lo de Park Jae-sang. Ou PSY. Ou Michel Teló da Coreia.
Quem sentiu calafrios com o sucesso mundial de “Ai, Se Eu Te Pego” deve agradecer por não ter nascido sul-coreano. Em apenas três meses, o clipe de “Gangnan Style” tornou-se o vídeo com mais “likes” da história da humanidade.
Acontece que o tal PSY não é só mais um Nissim que a internet cozinha em três minutos, como o desaventurado Ourfali. Ele é o primeiro coreano nas paradas inglesas, o primeiro a participar do Video Music Awards, da MTV, e assinou contrato com Scooter Braun, o dono do Justin Bieber.
E o cara é bizarro até para os padrões coreanos – foi na Coreia que ele ganhou o apelido de “bizarre rapper”, chegou ao primeiro lugar em 33 países e a pergunta que não quer calar é uma só: como?!
Oras, exatamente como a Britney quando ficou doidona, raspou a cabeça, começou a chamar urubu de meu louro e atraiu a atenção de todo mundo. Ela saiu do padrão, contrariou as expectativas. O PSY é a mesma coisa, ele é a prova de que ninguém aguenta mais o mesmo produto em outra embalagem: afinal o Justin Bieber é a versão de cueca da Miley Cyrus, que é a versão mais jovem da Katy Perry, que é a versão branquinha da Rihanna, que é a versão descontrolada da Beyoncé, que é a versão feminina do Justin Timberlake, que é a versão mais velha do Justin Bieber e assim nós voltamos para o começo.
PSY está fora desse círculo vicioso, tem o fator surpresa ao seu lado, o tipo de coisa que reality show nenhum consegue descobrir. Outra voz bonita, qualquer um encontra, até a Claudia Leitte, que é a versão brasileira da Christina Aguilera, ou o Lulu Santos, que é o nosso Adam Levine.
Se o tio Sam continuar empurrando mais do mesmo para o resto do mundo copiar, é bom o Jay-Z e o Kanye West botarem em prática o nome do disco deles, Watch the Throne, e vigiarem o trono deles – de verdade.