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Vontade Titânica

Titãs se redescobrem com músicas inéditas, celebrações e projetos saindo da gaveta

José Julio do Espirito Santo Publicado em 18/10/2011, às 17h30 - Atualizado em 25/11/2011, às 12h29

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<b>SEM REPETIÇÃO</b> (A partir da esq.) Miklos, Belotto, Brito e Mello: eles não abrem mão de novas músicas - Raquel Espirito Santo
<b>SEM REPETIÇÃO</b> (A partir da esq.) Miklos, Belotto, Brito e Mello: eles não abrem mão de novas músicas - Raquel Espirito Santo

O amplo estúdio de ensaios está repleto. São poucos os instrumentos usados e os cinco músicos têm espaço para circular. O que toma toda a sala, além do som alto, é um misto de entusiasmo e concentração. Branco Mello canta algo sobre zumbis e estados de espírito. De quando em quando ele para e faz as vezes de maestro, indicando o arranjo e ouvindo frases musicais criadas pelos companheiros de banda, surgidas no exato instante. É o nascimento de “Morto Vivo”, novíssima música dos Titãs. “Estamos fazendo um novo trabalho, mas, em vez de esperar até lançar um disco, vamos apresentá-lo em shows”, conta Sérgio Britto. “Provavelmente, quando o álbum sair, o show vai ser diferente do que é agora, que transita pela feitura das faixas.”

No meio da música, Paulo Miklos toca um riff que lembra ska. “É parecido”, Tony Bellotto explica, e os dois revelam vir da guitarrada – uma versão titânica do novo gênero paraense. “A gente está usando [gêneros da música brasileira] como referência até para dar um refresco e um caminho diferente do que a gente já percorreu”, Britto comenta. “Estabelecemos essa baliza estética de tudo ser entre aspas.” Em “Fala Renata”, em que ele canta a respeito de uma personagem verborrágica, há um solo reminiscente do som regional. “É como uma banda de pífanos, mas feito na guitarra”, Miklos revela e refaz o solo cantando. Referências a Õ Blésq Blom (1989), que também filtrava elementos regionalistas, são dissipadas. “ [Aquele] era um disco mais pop, cheio de sequenciador, teclado, samples e muita programação”, Britto fala, deixando subentendido que o rock será o forte do novo trabalho.

O primeiro show com pelo menos cinco músicas inéditas acontece neste mês. Para a banda, também é um momento de redescobrimento como quarteto. “Essa coisa de trocar de instrumentos nas gravações e no palco sempre esteve no DNA dos Titãs”, Miklos comenta. “Sempre fizemos isso de um jeito meio anárquico, mas desde A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana [2001] contamos com o auxílio de ótimos músicos. Tinha Lee Marcucci, tinha Emerson Villani… aí, de repente, meio que voltamos à raiz da coisa. Isso é muito legal, porque a nossa resposta tem que ser criativa, porque a gente não está sobrando tecnicamente. Nem é nossa intenção.” Desde a turnê do último álbum, Sacos Plásticos (2009) , os quatro contam apenas com a ajuda de Mário Fabre, contratado para empunhar as baquetas desde que Charles Gavin deixou os Titãs. “Apesar de ele ser um pouco mais jovem do que a gente, as referências dele são muito parecidas. Então ele entende o que a gente fala”, diz Bellotto. “Numa banda de rock como os Titãs, a bateria é um negócio importante e a gente está sentindo o Mário como um cara do grupo hoje em dia”, Mello revela. “Mesmo ele tendo um ano e meio com a banda, enquanto a gente tem 30”.

Em 2012, os Titãs comemoram 30 anos desde seu primeiro show, quando ainda levavam o Iê-Iê-Iê como sobrenome. Apresentações para celebrar a data estão na agenda de projetos. “Uma coisa é um reencontro [de Titãs e ex-Titãs]. Tocar aquele repertório que temos juntos. Fazer uma reunião é bacana”, Miklos conta, sem querer entrar em detalhes sobre um possível encontro de todos os integrantes originais (à exceção do guitarrista Marcelo Fromer, morto em 2001). “Uma outra coisa é preparar um show, receber convidados e curtir esse patrimônio que a banda tem, que são as canções. Que é um pouco a coisa que a gente fez no Acústico” , ele completa. No entanto, eles não escondem a vontade de concretizar o projeto principal: um novo álbum com as músicas testadas nos shows e outros por vir. “O grande desafio de fazer 30 anos em uma banda é justamente esse: celebrar seu patrimônio e também conseguir fazer coisas novas”, acredita Bellotto. “Quando a banda está produtiva, é diferente o jeito que ela respira, mesmo que esteja tocando um sucesso antigo. Isso é muito importante para a gente.”