Elas querem conquistar o universo
Leandra Lambert já é veterana na cena carioca: desde 1992, nos Inhumanoids, ela já fazia electro-punk quando nem se falava no assunto. A banda terminou por volta de 2000 e, pouco depois, nascia seu projeto solo, Voz del Fuego. "Tudo surgiu desse meu retorno à música, experimentando com uns softwares e gostando da brincadeira solitária", explica. "A liberdade era total: podia sair um rock eletrônico com melodia melancólica, um pancadão bizarro e debochado, um experimental viajandão... predominou uma pilha electro-punk-funk, que nunca se restringiu a isso. Mas brincar sozinha cansa rápido e senti falta de gente brincando junto." Do diálogo surgido ao tocar com outras pessoas e da necessidade de um som mais orgânico e roqueiro surgiu o Lingerie Underground, que conta também com a vocalista Marcelle Morgan, a guitarrista Flávia Goo, Flávia Couri no baixo e André Mobi na bateria.
A incorporação do Lingerie Underground ao Voz del Fuego deu o tom que faltava: as apresentações, agora, podem ser voz e bases, voz e banda, voz, bases e guitarra ou o que mais der na telha. A constante é Leandra, que pontua suas performances com doses maciças de cinismo e não deixa ninguém parado. Ninguém mesmo: Voz del Fuego & Lingerie Underground já conquistaram até leitoras de revista adolescente.
"Participamos de um festival organizado pela revista, o No Capricho, com a música 'Pra Ficar Bonita'. Achei que fossem escolher bandas emo que se clonam e parecem possuir um 'gerador automático de letras de corno', mas a proposta do festival era educativa!", diz Leandra. "Para minha surpresa, fomos uma das seis bandas selecionadas entre 300 inscritas", comemora.
Pencas de mp3s da banda estão espalhadas pelo MySpace, no site TramaVirtual e no FiberOnline, portal especializado em música eletrônica. O próximo passo é sair do suporte online - não com um, mas com três CDs que estão em processo de gravação - e, a partir daí, conquistar o universo. Leandra decreta: "Parir e lançar CDs, ficar com a agenda de shows cheia, viajar muito, ter um público legal que realmente goste do que você está fazendo e ganhar uma grana que dê pra viver bem disso: enquanto não estabelecerem a propriedade privada no território da imaginação, há esperança neste mundo".