Disco tem participação de Caetano Veloso e Vanessa da Mata
Luciana Rabassallo Publicado em 04/08/2015, às 11h15
Por Luciana Rabassallo
A espera finalmente acabou. Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, o segundo disco de estúdio do rapper Emicida, ganhou uma data de estreia. O álbum, que chega às lojas digitais e plataformas de streaming no dia 7 de agosto, está em pré-venda no site da produtora Laboratório Fantasma.
Emicida expõe a luta de classes e o preconceito racial no impactante clipe de “Boa Esperança”.
Nesta terça-feira, 4, o blog Cultura de Rua, espaço dedicado ao hip-hop nacional no site da Rolling Stone Brasil, divulga com exclusividade o encarte de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, desenvolvido pelo artista plástico Adriel Nunes no Black Madre Atelier.
Veja a capa de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
A imagem é uma tentativa de condensar em desenhos o conteúdo do disco, que é fruto de uma viagem de Emicida a Cabo Verde e Angola no mês de março. Além de debater temas delicados como a escravidão e o racismo, o rapper exalta a cultura negra e as religiões afro-brasileiras nas 14 canções que compõem o registro.
A turnê de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa terá início nos dias 21, 22 e 23 de agosto, com shows no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Informações sobre participações especiais, preços e vendas de ingressos serão divulgadas em breve.
Até agora, foram reveladas as canções "Passarinho", uma balada que tem participação de Vanessa da Mata, a dançante “Mufete”, que exalta as periferias do Angola ao Jardim Fontalis - no qual Emicida cresceu, e a poderosa "Boa Esperança", divulgada ao lado de um impactante clipe.
"Eu sou de esquerda na política e no candomblé", afirma o rapper Thaíde.
O sucessor de O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui terá participações de Caetano Veloso – que divide os microfones com Emicida na faixa “Baiana”. Sobre a colaboração com Caetano Veloso, o rapper comentou recentemente: “A música descreve a Bahia como se ela fosse uma mulher. Um parceiro meu disse que Caetano cantou ‘Sampa’ sendo baiano, e agora a gente devolve com ‘Baiana’ sendo paulistano. Acho que é isso.”
O registro é patrocinado pela Natura Musical e deve render um documentário.
Sobre "Boa Esperança"
“Cês diz que nosso pau é grande/ Espera até ver nosso ódio”, canta Emicida em “Boa Esperança”, música revelada em 24 de junho. O single traz citações a personagens famosos como Osama Bin Laden, o apresentador Datena e jogador de futebol africano Eto'o. “O tempero do mar foi lágrima de preto/ Papo reto, como esqueletos, de outro dialeto/ Só desafeto, vida de inseto, imundo/ Indenização? Fama de vagabundo”, canta.
Veja o clipe de "Boa Esperança" abaixo:
O clipe retrata o preconceito racial velado e cruel, típico do Brasil. João Wainer (Junho) e Kátia Lund (Cidade de Deus) assinam a direção, enquanto a produção é uma parceria entre o Laboratório Fantasma e a bigBonsai. A trama gira em torno de um grupo de empregados de uma mansão - em sua maioria negros -, que se rebelam após anos de abuso dos empregadores.
O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui foi o Melhor Álbum de 2013.
O elenco conta com o próprio rapper, além de Domenica e Jorge Dias, filhos de Mano Brown, e a modelo Michelli Provensi. Ainda participam Divina Cunha e Raquel Guimarães Dutra, moradoras da ocupação Mauá, no centro de São Paulo, e Dona Jacira, mãe do músico. As três última já exerceram a profissão na vida real.
Segundo um comunicado enviado à imprensa, o roteiro nasceu de um processo coletivo após conversas entre o rapper, os diretores e empregadas domésticas que vivem na ocupação. Completam o elenco Ingrid Bolonhesi, Sandra Sousa, Carlos Meceni, Vitor Campos, Cecília Audi, Adib Tabbach, Arthur de Wolf, Cristiano Silveira e Gabriel do Nascimento.
Emicida lança minidocumentário que mostra os bastidores do impactante clipe “Boa Esperança”.
O vídeo aborda diversos tipos de violência: abuso sexual sofrido pelas empregadas domésticas, preconceito por conta de tranças e penteados afros e intolerância com as religiões afro-brasileiras. Desde o clipe de "Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)", lançado pelo Rappa em 2000, que um vídeo brasileiro não denunciava de forma tão contundente os problemas da nossa sociedade. O conteúdo de "Boa Esperança" é uma ótima maneira de repensar os caminhos que o país está tomando através da onda conservadora que domina a política nacional.
