O disco conta com participações de Edgard Scandurra, Juliana Perdigão e Guilherme Kastrup
Por Gabriel Nunes
Segundo o Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, a figura da abelha pode carregar significados completamente diferentes, variando de uma cultura para outra. No entanto, existem alguns padrões recorrentes na maneira com que o pequeno artrópode é interpretado. Para alguns povos de origem siberiana e também para os gregos – segundo certo mito, uma abelha enviada pelos deuses teria pousado na boca de Platão quando ele ainda era uma criança, dando ao filósofo o dom da eloquência e da poesia – o inseto costuma ser associado à “alma humana”. Este e os diversos significados que o símbolo da abelha agregam em si serviram de combustível criativo para que Laura Wrona gravasse o primeiro disco da carreira.
Motivada pela ideia de que somos – metaforicamente falando – “abelhas dentro de uma grande colmeia de pessoas”, Laura lançou, no ano passado, o disco Cosmocolmeia. O nome é uma justaposição de “colmeia” e “cosmo”, que pode tanto se referir ao universo como um todo quanto a um gênero botânico. “Fiz um curso com abelhas nativas, sem ferrão, e no livro tinha uma referência a uma planta chamada Cosmos. Fiquei espantada com o nome. É como se fosse um universo pra abelha. Esse ‘cosmo da flor’ me fez pensar no cosmo da galáxia, da criação do mundo.” Produzido por Thiago Nassif e coproduzido pela própria cantora, o trabalho pode ser adquirido em CD convencional ou no formato álbum-livro, que ela define como um “diário de processo”.
“Faz mais ou menos dez anos que comecei a me interessar pela vida das abelhas”, explica a intérprete sobre a temática lírica do trabalho, que deu sequência ao EP R.H. Volcano, primeira empreitada musical solo dela. Anteriormente, Laura trabalhou em diversos projetos e bandas, como o Apple Sound, no qual ela tocava ao lado de Júpiter Maçã. “Cheguei a fazer um ano de biologia, mas larguei porque queria me dedicar mais às artes. Mas as abelhas nunca saíram de mim.”
Diferentemente do EP, Cosmocolmeia dilata a veia sintética e experimental da cantora, algo que, segundo ela, foi feito de maneira espontânea e inconsciente. “No primeiro [trabalho], como eu não tinha tanta consciência do processo criativo, eu me baseei muito no violão. Era meu apoio para compor”, diz Laura, que cita a cantora canadense Grimes como referência para a construção de uma identidade sonora para o disco. “Já no segundo, eu tinha comprado um sampleador e estava começando a experimentar outros tipos de sons. Não tenho tanta familiaridade com a música eletrônica, mas queria fazer experiências. Cheguei no resultado meio que por acidente.”
Laura Wrona lança Cosmocolmeia neste sábado, 18, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Na ocasião, a cantora será acompanhada sobre o palco pelos músicos Rita Oliva (Cabana Café, Papisa), nos synths e vocais; Elga Bottini, nos synths adicionais; Matheus Souza (Serapicos), na bateria; Estevan Sinkovitz, na guitarra; e Erica Beatriz Navarro, no violoncelo. Além disso, a noite conta com as participações especiais de Tatá Aeroplano e Silvia Tape, parceira musical de Edgard Scandurra (que colaborou, assim como Juliana Perdigão e Guilherme Kastrup, nas gravações do disco) no projeto EST.
Laura Wrona lança Cosmocolmeia no Sesc Belenzinho
18 de março, às 21h
Sesc Belenzinho - Rua Padre Adelino, 1000 - Belém, São Paulo
Ingressos: R$ 20 (inteira)/R$ 10 (meia-entrada)/R$ 6 (comerciário)