“Livramo-nos de uma tensão que não queríamos”, diz o vocalista Teago Oliveira sobre o terceiro álbum da banda
por Lucas Brêda
De um encontro com o produtor Rafael Ramos, para a gravação da música “Mantra”, o Maglore saiu com um contrato de disco com a gravadora Deck. “Ele perguntou o que tínhamos de material novo e, depois de ouvir, nos chamou para uma reunião, dizendo que queria assinar com o Maglore”, conta Teago Oliveira, líder do trio, que lança o clipe da primeira faixa do novo disco com exclusividade no Sobe o Som.
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“Mantra” – viabilizada pela rádio 89FM, no programa “Temos Vagas” – chegou à internet no segundo semestre de 2014. Para o vocalista, entretanto, a faixa não teve muito “o dedo” de Ramos. “Ele não chegou a mexer estruturalmente em nenhum arranjo”, diz. “O trabalho dele foi o de um grande orientador – dizendo: ‘respira mais aqui, está faltando muito aqui’ –, dando abordagens técnicas que se somam ao que artista quer fazer.”
Indie sóbrio, “Mantra” acena com naturalidade – e sem receio – para o pop na sonoridade, mas não abre da profundidade no discurso. “Vinte anos de esmola espiritual/ Todo plano que se quebra em corpo é todo amor”, canta Oliveira, sem suavizar o sotaque, promovendo um choque entre os arranjos agradáveis e os versos misteriosos.
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No clipe, os integrantes Rodrigo Damati (baixo) e Felipe Dieder (bateria) carregam Oliveira pela areia da orla de uma paria cinzenta e chuvosa. Deitado, o vocalista interpreta a letra de “Mantra” com uma expressão serena até entrar no mar com os companheiros de banda na parte final do vídeo.
Assista ao clipe de “Mantra”
Pop natural e existencialista
“Quando sentamos e ouvimos algumas músicas na fase de pré-produção, pensamos: ‘Que loucura, estamos indo para um caminho de canções densas’”, confessa Oliveira. “Mas depois as músicas ficaram mais leves e a gente começou a gostar dessa ideia. Livramo-nos de uma tensão que não queríamos’.”
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Para o vocalista, o terceiro disco da carreira do Maglore, que deve chegar às lojas em maio, é mais “pop” que o anterior, Vamos Pra Rua, de 2013. Oliveira, contudo, explica: “São estilos de pop diferentes. O primeiro [álbum] tem um som muito honesto e ingênuo, no segundo, fomos para um outro lado – uma necessidade artística –, com uma mixagem meio lo-fi, setentista. Este disco foi ficando leve, fomos gostando disso.”
Apesar de “leve”, como repete Oliveira, o novo álbum do Maglore traz “pitadas de existencialismo”, elementos presentes em “Mantra” – uma canção “de transição de disco”, para o músico. “Tem algumas coisas que trouxemos de Vamos Pra Rua, coisas temáticas”, adianta. “E acho importante que ‘Mantra’ esteja no terceiro disco, mas ela não necessariamente traduz tudo. Ela é o pontapé inicial de uma nova fase.”
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Lembrando da mudança de formação – desde Vamos Pra Rua, Rodrigo Damati entrou no grupo, que passou a ser um trio –, do tempo morando em São Paulo e do novo contrato com a gravadora, Oliveira valoriza esta “nova fase” do Maglore e minimiza uma possível inclinação mercadológica oportunista: “Nossa música é feita de maneira muito natural.”
“Sentamos, fazemos a música e aquilo ali. Se queremos comprar algum conceito estético, a gente vai atrás daquilo sem pensar em ‘vender’ como se fosse um produto para um ‘consumidor final’. Não aprendemos a fazer isso ainda e nem sei vale a pena aprender, porque é algo que pode tirar nosso tesão de fazer música.”
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